Crítica: Byzantium (2013, de Neil Jordan)





O gênero do terror anda mal representado ultimamente. Quando o assunto é vampiro, aí o que mais tem é polêmica envolvendo ‘Crepúsculo’ e companhia. Mas nos últimos anos tivemos duas obras de destaque: O filme sueco ‘Deixe Ela Entrar’ e sua versão americana ‘Deixe-me Entrar’. Filmes de terror extremamente eficientes, onde arcos dramáticos como o ‘bullying’ e dramas familiares foram postos em pauta juntamente com a própria imortalidade e sanguinolência. Eis que agora em 2013 surge o melhor filme de vampiros após estes dois exemplos dados. Dirigido pelo competente Neil Jordan, que nos anos 90 nos presenteou com o espetacular ‘Entrevista com o Vampiro’ (está entre os dois melhores filmes vampíricos de todos os tempos); agora entrega uma obra que tenta reviver estas lendárias criaturas do submundo pop.



Acompanhamos a trama de mãe e filha tentando sobreviver através dos séculos (algo similar com ‘Entrevista com o Vampiro’). Justamente tal similaridade tira um pouco do impacto do projeto. Mesmo assim é uma obra ambiciosa, mesmo que seja independente e de pouca divulgação. Aqui os fatos são narrados de maneira não linear. Você conhece o que acontece aos poucos, enquanto paralelamente acompanha o dia-dia delas atualmente. A mãe é a linda Gemma Arterton (em um TOP 10 mais lindas do cinema na atualidade, ela estaria presente). A vampira se prostitui para criar a filha, que já não é tão nova (aparência jovem, velha por dentro). A “jovem” se pergunta do porquê valer à pena viver eternamente e rodeada de morte. Saoirse Ronan e sua presença em cena estão ótimas e de qualidade. A jovem tem talento para papéis dramáticos e de peso. Nesta luta pela sobrevivência, a jovem se apaixona por um rapaz que luta contra a leucemia. Surreal esta originalidade entre uma vampira se interessar por alguém com uma doença sanguínea.



Através de desabafos ou flashbacks, aos poucos conhecemos como mãe e filha se tornaram tal seres e passamos a ter pena de ambas. De início Gemma Arterton parece ser a vilã, mas logo percebemos que assim como na vida real, na ficção nem tudo é tão simples. Ela comete barbáries para proteger a filha. A filha não entende, mas logo tudo se complica, afinal a ordem dos vampiros não aceita mulheres (contexto totalmente original quando se conhece este universo). Mesmo que tendo ações duvidosas, a mãe prova ser preocupada com a filha. E a filha não nega sua natureza, fazendo o que deve ser feito. O jovem e talentoso Sam Riley está aqui presente positivamente, embora pudesse ser melhor utilizado.


Entre os pontos negativos, além da trama parecer muito com o já citado filme de Jordan, o final decepciona um pouco. É bom, mas é clichê e pouco aproveitado. Fora isso o filme está acima da média. O terror e o sangue dão a tensão necessária para o filme causar algum pavor no telespectador. Mas aqui o caso é que o drama familiar e algumas cenas originais acabam dando um tom sóbrio e conciso ao filme. Byzantium (que é o nome do hotel onde a mãe transforma em um prostíbulo) cria uma linha paralela entre fantasia e realidade. O filme acerta em cheio quando começa a relacionar a vida vampírica à uma família conturbada. A relação entre a vampira filha e o jovem doente é pura e bonita. As cenas épicas são um filme a parte, com bela fotografia e direção de arte. Figurinos caprichados e a tal ilha onde o “indivíduo” se torna imortal é algo bem inovador. Destaque para as cenas de cachoeira de sangue.




Byzantium teria um resultado bem melhor se o seu final ousasse mais. Mesmo assim fazia muito tempo que não se via um bom épico que inovasse os vampiros, mas que respeite toda sua mitologia. Vale a olhada e certamente é mais um bom terror. Parece que comparado à anos anteriores, 2013 está se saindo bem. Ainda não está como deveria, afinal os dourados anos 80 foram uns dos melhores e mais populares para o gênero do horror. Mas quem sabe de agora em diante começamos a receber produções com menos sangue e exposição; ganhando assim mais conteúdo, mensagens paralelas, boas atuações e seriedade. Talvez Neil Jordan nunca consiga superar sua grande obra, mas certamente este aqui é um belo exemplar do bom e velho terror.


NOTA: 8




Direção: Neil Jordan


Elenco: Saoirse Ronan, Gemma Arterton, Sam Riley, Caleb Landry Jones, Jonny Lee Miller, Christine Marzano, Daniel Mays, Edyta Budnik, Gabriela Marcinkova, Glenn Doherty, Jeff Mash, Thure Lindhardt.


Sinopse: uma vampira (Arterton) transforma sua própria filha (Ronan). Por décadas, elas levam uma vida letal como chupadoras de sangue, sempre fingindo ser irmãs. Porém, quando a garota conhece um adolescente com leucemia terminal (Landry Jones), ela se apaixona e começa a questionar a imortalidade.


Trailer:





















Deixe seu comentário:

Deixe uma resposta