Crítica: Gladiador (2000, de Ridley Scott)




Uma das maiores obras épicas de todos os tempos. Neste fim de semana reservei um tempo para rever este que é um de meus filmes favoritos. ‘Gladiador’ é uma obra poderosa em cada quadro, ângulo e detalhe, fazendo as 3 horas de duração passarem voando. Gigantesco sucesso de público e crítica, é daqueles filmes queridinhos de muitos. Uma das melhores obras do mestre Ridley Scott, responsável por clássicos como ‘Alien – O Oitavo Passageiro’, ‘Blade Runner – O Caçador de Androides’, ‘A Lenda’ e o recente ‘Prometheus’. Ele sempre soube filmar obras sóbrias, frias e maduras. Aqui ele se supera e nos transporta para a época com perfeição e maestria. A trama todos já conhecem, só as palavras de efeito do filme já diz tudo:  O general que se tornou escravo. O escravo que se tornou gladiador. O gladiador que desafiou um império.’


Olhando melhor para o roteiro depois de tanto tempo, parece já não ser tão brilhante. Na verdade ele é bem básico e funcional. Engraçado que tecendo certos paralelos, extraí algumas referências: o filme de certa forma lembra vários bons épicos antigos: ‘El Cid’, ‘Ben-Hur’, ‘Demétrio e os Gladiadores’. A trilha sonora inspirada e a carga emocional lembra às vezes o ótimo ‘Coração Valente’. Do ponto de vista posterior, ele foi responsável por um estouro em filmes épicos: ‘Troia’, ‘Cruzada’, ‘Alexandre’, ‘Rei Arthur’, ‘300’, etc. Então Gladiador tem esta importância neste gênero tão amado e impactante. Filmes épicos costumam ser estonteantes, cheios de batalhas, amores, vilões sanguinários, honra, dever e emoção. Gladiador te dá tudo isso e mais um pouco.


Vencedor de 5 Oscar, há quem diga que não merecia tanto. O prêmio mais duvidoso foi o de Melhor Ator para Russell Crowe. Mesmo que a concorrência fosse melhor, é aceitável, já que o melhor papel do cara até hoje foi neste filme. Mas foi Joaquin Phoenix o grande mistério. Uma grandiosa atuação, concorreu a Melhor Ator Coadjuvante, mas perdeu. Este merecia, tamanha categoria de sua performance. Talentoso ao extremo, ele dá vida ao impiedoso vilão. Um dos melhores vilões do cinema moderno, sem dúvidas! Traiçoeiro, um tanto louco e cruel, Cómodo traz de volta as proibidas e sangrentas lutas de gladiadores, onde o povo ficava alienado assistindo tais brutalidades. Diante isso, o escravo e agora gladiador Maximus tem sua oportunidade de vingança, derrubando o “Imperador” e mudando o curso não apenas do povo, mas da ordem mundial.


Os efeitos especiais e a criação de época são impecáveis. Figurino, fotografia e efeitos de CG magníficos. Tudo é em grande escala, mostrando planícies, praças, grandes salas e quartos. A iluminação ou a falta dela são importantes para dar clima em certas cenas. As lutas são excelentemente coreografadas e executadas, dignas dos grandes filmes de ação. As batalhas no Coliseu são fortes, com direito à tigres, carroças com lanças e muito o mais; deixando o povo em alvoroço. Mas o mais impressionante é isto não ser o foco do filme, algo que facilmente o tornaria superficial. Além de toda tramoia política e social, o filme explora o lado dos revolucionários, mostra com clareza quem é beneficiado e quem é prejudicado com tal entretenimento. Tudo é massivo, levando questões morais à discussão.


Faço agora um paralelo com nossos dias, o quanto o povo assiste massivamente aos programas da TV. A mídia e o governo te apresentam jogos de futebol e outros esportes, com finais arranjados. Te apresentam telejornais cheios de sensacionalismo, te fazem “lavagem cerebral” com o maldito horário político. Te enfiam propagandas ou ideias religiosas à força nos olhos e na mente. E talvez o pior: te divertem com os chamados ‘reality shows’, programas que simplesmente decaem com a moral e te agridem o cérebro. E você está aí, sentado e assistindo a todo este lixo comparável à uma luta de gladiadores, enquanto políticos cada vez mais corruptos armam, conspiram e te roubam. Roubam seu tempo com tal programação, enquanto também roubam tudo que você “pensa” ter construído ou ganho. Perdoem meu discurso moral, é que sou apaixonado por cinema, livros, séries e algumas outras formas de arte. Mas certas coisas banais camufladas eu não perdoo. Sou um tanto anarquista, mas a verdade é esta: hoje há diversas formas de gladiadores, distraindo a massa em nome de um “César” impiedoso. 


São tantas questões que se tira de um filme desse porte que é impossível escrever tudo. No mais, Gladiador é absurdamente imperdível, toda parte técnica é impecável, a trilha sonora é uma das mais lindas de todo o sempre e tem uma atuação assustadoramente brilhante de Joaquin Phoenix, o vilão desta obra. O final é metafórico, melancólico e cheio de redenção, por mais crua que seja. E de todo o filme, sou apaixonado pelas cenas em que o velho César aparece. Primeiramente com seu ótimo diálogo com Maximus, no qual há uma relação comparável de pai para filho. Logo em seguida temos a poderosa cena de Cómodos (legítimo herdeiro de César), no qual percebemos ódio e amargura. Atuações fortes, diálogo imponentes e emoção pura, deixando o queixo cair. Logo nestas cenas já percebemos a mensagem triunfante, de que nada adianta ser um general, um escravo, um gladiador ou um César, se este mesmo não tiver honra, um lar, uma esposa e um filho para criar. 


NOTA: 10 







Direção:  Ridley Scott


Elenco:  Russell CroweJoaquin PhoenixConnie Nielsen, Ralf Möller, Oliver ReedDjimon HounsouDerek Jacobi, John Shrapnel e Richard Harris.


Sinopse: O ano é de 180 d.C. e o general romano Maximus, servindo ao seu imperador Marco Aurélio, prepara seu exército para impedir a invasão dos bárbaros Germânicos. Após o combate, Maximus fica sabendo que Marco Aurélio, já velho e ciente de sua morte, quer lhe passar o comando do Império Romano. A trama onde Cómodo, filho do imperador, mata o pai, assumindo o comando do império, não é historicamente verídica. Na verdade, Cómodo assumiu quando seu pai morreu afetado por uma peste, adquirida durante uma nova campanha no Danúbio. Enquanto Cómodo assume o trono, Maximus que escapa da morte, torna-se escravo e gladiador, travando batalhas sangrentas no Coliseu, a nova forma de divertimento dos romanos. Maximus, disposto a vingar o assassinato de sua mulher e de seu filho, sabe que é preciso triunfar para ganhar a confiança da platéia. Acumulando cadáveres nas arenas, o gladiador luta por uma causa pessoal, de forma quase que solitária e leva benefícios ao povo, submetido pela política do “pão e circo“. “Nesta vida ou na próxima eu terei minha vingança”. Maximus sabe que o controle da multidão será vital para que possa arquitetar sua vingança, que culmina em um combate com o próprio Cómodo. De general à escravo, de escravo à gladiador.


Trailer:



Bônus- Trilha sonora:




Premiações:


Oscar 2001 (EUA):


5 vitórias de 12 indicações:

Oscar para Filme

Oscar para Ator Principal – Russell Crowe
Oscar para Figurino
Oscar para Efeitos Especiais
Oscar para Som

Indicações:


Melhor Ator Coadjuvante (Joaquin Phoenix)
Melhor Direção de Arte
Melhor Fotografia
Melhor Diretor (Ridley Scott)
Melhor Edição
Melhor Trilha Sonora
Melhor Roteiro Original


Academia Japonesa de Cinema 2001 (Japão):


Indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.


BAFTA 2001 (Reino Unido):


Venceu nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Filme, Melhor Edição (Montagem) e Melhor Desenho de Produção.
Indicado nas categorias de Melhores Efeitos Visuais, Melhor Figurino, “Melhor Maquiagem, Melhor Ator (Russell Crowe), Melhor Ator Coadjuvante (Oliver Reed e Joaquin Phoenix), Melhor Roteiro Original e Melhor Som.


Globo de Ouro 2001 (EUA):


2 vitórias de 5 indicações:

Golden Globe icon.svg Globo de Ouro para Filme – Drama

Golden Globe icon.svg Globo de Ouro para Trilha Sonora
Indicações:


Melhor Diretor
Melhor Ator – Drama (Russell Crowe)
Melhor Ator Coadjuvante (Joaquin Phoenix)


MTV Movie Awards 2001 (EUA):


Venceu na categoria de Melhor Filme.
Indicado nas categorias de Melhor sequência de Ação, Melhor Luta, Melhor Frase em Cinema, Melhor Atuação Masculina (Russell Crowe) e Melhor Vilão (Joaquin Phoenix).


Satellite Awards 2001 (EUA):


Venceu nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhores Efeitos Visuais.
Indicado nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Diretor, Melhor Figurino, Melhor Edição, Melhor Filme – Drama, Melhor Atuação de Ator em Cinema (Russell Crowe), Melhor Atuação de Ator Coadjuvante (Joaquin Phoenix).

















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