Crítica: A Primeira Transa de Jonathan (1985)


Ando revendo alguns bons clássicos e divertidos filmes de comédia adolescentes, que de alguma forma marcaram época ou tiveram seus momentos de sucesso. Este é um filme que fazia tempos que queria escrever sobre. Quem já acompanha o blog sabe que não morro de amores por comédia, mas tem algumas poucas exceções que eu idolatro. Este é um exemplar. Um clássico dos anos 80 (década adorada por mim), uma de minhas comédias favoritas e um filme extremamente simples, porém delicioso. Este seria um dos “pais” de American Pie, trazendo um roteiro que aborda a sexualidade juvenil. Mas o acerto aqui são maiores. Um é por ser um filme oitentista. Mas outro é o fato da história se passar na década de 50, com todo aquele charme típico e saudoso. Ambientado em Nelsonville, Ohio, em 1956, a sua trilha sonora apresenta muitas canções populares da época.



Era um tempo em que a sociedade ainda era bastante conservadora, católica e cheia de tabus. Mas foi a época em que o Rock’n Roll começou a revolucionar. Começaram a aparecer os rapazes com gel e topete no cabelo, usando calça jeans apertada e jaqueta de couro; andando em seus carrões tunados e motos selvagens. Foi o tempo em que as mocinhas começaram a revolucionar, usando seus penteados volumosos, usando aquelas saias e vestidos rodadinhos e frisados, além de ter certa liberdade sexual. Foram anos em que a expressividade musical de Elvis Presley e Chuck Berry endoideceram legiões pelo mundo, pondo em risco as tradições de cidadezinhas, principalmente nos Estados Unidos e Europa. E é neste contexto todo que a trama envolvendo o atrapalhado Jonathan se cria. O rapaz está louco para perder a virgindade com a linda da escola, Marilyn. Quando um jovem rebelde chega na cidade, tudo muda. Jonathan e o rebelde Gene ficam amigos, e Gene decide ajudar na missão de Jonathan. Claro que Marilyn irá se interessar pelo extrovertido Gene, e claro que Gene irá gostar da quietinha Bunny. Muita confusão está aguardando estes jovens, principalmente por causa do valentão e idiota Kenny, que deseja Bunny a todo custo.

A trama parece batida e simples não é? E é, mas a vantagem aqui é a maneira como tudo acontece. Tudo ocorre de maneira ingênua e muito simples, quase como ocorria na vida real naquela época. É um filme em que momento algum tenta ser grande. É pequeno, simples e direto ao ponto. Uma história bacana e eficaz. A reconstrução da época é incrível. Tudo lembra e “respira” os anos 50. Os diálogos, as gírias, os penteados, os figurinos (que sinceramente amo em filmes de época), as casas e ambientes, as ruazinhas organizadas e limpas, as propagandas, o comportamento das pessoas e a música. Tudo está impecável. Aliás, o ponto alto do filme vem a ser a trilha sonora impecável! Todas as canções são tão nostálgicas e deliciosas. Vai desde Don’t Be Cruel de Elvis Presley até The Great Pretender de The Platters. Simplesmente tudo funciona, ainda mais com esta excelente e nostálgica coleção de canções inspiradoras e charmosas.

Charme é o que não falta na produção. Principalmente no ótimo elenco. Jonathan é o não muito conhecido Doug McKeon, que fez alguns filmes na época como o emocionante Num Lago Dourado. Ele entrega uma boa atuação, bastante sincera e humilde. Já Chris Nash é o avançado Gene. O cara fez o trash e divertido A Aparição (de 1986 e com Charlie Sheen). Sua atuação também é boa. Mas são as duas mocinhas que roubam a cena. A sexy Marilyn é Kelly Preston, que foi uma das musas dos anos 80, fazendo filmes de sucesso entre os adolescentes, como Admiradora Secreta, Christine – O Carro Assassino, Irmãos Gêmeos e o hilário As Amazonas na Lua (uma sátira aos programas de TV noturnos, pode-se dizer que este é um dos “pais” de Todo Mundo em Pânico).  Mas Catherine Mary Stewart, que faz Bunny também teve destaque, em obras como Um Morto Muito Louco, A Noite do Cometa e O Último Guerreiro das Estrelas. As duas que foram muito amadas e conhecidas na década de 80 roubam o filme quando aparecem. Há outros de destaque, como o veterano  Terry O’Quinn (o eterno Locke do seriado Lost). Aqui ele já apresentava ficar careca (risos).

Esta incrível obra ainda traz questões sérias, como amizade verdadeira e drama com problemas em casa. Gene e seu pai se odeiam e os problemas deles são sérios. Em certo momento passamos a ter pena do revoltado rapaz. São mil e um motivos que eu recomendo o filme. É nostálgico, leve, divertido e deu um impulso nos filmes adolescentes com temática sexual (que mais tarde chegaria ao ápice com American Pie). O filme traz glamour e charme dos anos 50. A trilha sonora encanta e embala (dá vontade de sair dançando). Relembra bons momentos da juventude, não importa a época. Lembro-me de ver este filme 4 vezes nas sessões do Inter Cine e Corujão. Clássico das madrugadas brasileiras. Clássico da era de ouro do cinema. Ah; os anos 80 e tudo que veio de lá, morro de amores! No fim do filme, ficam nas memórias de Jonathan todos os acontecimentos e aventuras. Experiências que ficarão guardados para sempre em seu coração. E acima de tudo A Primeira Transa de Jonathan nos faz recordar que não importa a época, sempre vivemos confusões, primeiras experiências, amores acabados, amizades verdadeiras, valentões que enfrentamos, questões familiares resolvidas e muito mais. Qual jovem, ao som de uma música que marcou sua época (seja qual for), nunca sentiu vontade de pegar o seu amor, embarcar em sua moto e fugir? Estas são as sensações ao se ver esta pérola não muito reconhecida, um filme tão simples e tão direto; que acaba indo certo ao ponto em ser irresistivelmente delicioso de se assistir.

NOTA: 9,5



Direção:  Mel Damski

Elenco: Doug McKeonChris NashCatherine Mary Stewart, Terry O’Quinn e Kelly Preston

Sinopse: Em 1956, em uma pequena cidade, o introvertido e desajeitado Jonathan (Doug McKeon) é amigo do extrovertido e inconformado Gene (Chris Nash), que já morou em Chicago. O principal objetivo de Jonathan é conquistar a sexy Marilyn (Kelly Preston), apesar da timidez dele, enquanto Gene pretende manter sua vida sentimental com Bunny (Catherine Mary Stewart), sua namorada. Gene aconselha Jonathan em como atrair as mulheres, e Marilyn em especial, sendo que também tem que se defender de Kenny (D.W. Brown), um valentão da classe, enquanto tenta criar uma linha divisória de relacionamento com seu pai viúvo, que tem tolerância zero para suas armações. Gene é adorado por várias garotas e ensina para Jonathan alguns lições, mas o próprio Gene enfrenta um problema, pois em virtude de seu pai ser pobre os pais de Bunny não o aceitam.



Filme completo e legendado no youtube:



Trailer:




Achei este vídeo com uma amostra da trilha sonora do filme:



Bônus: conheça as canção clássicas o filme!

“Blueberry Hill” 
Escrita por Al Lewis, Vincent Rose, Larry Stock 
Interpretada por Fats Domino

“Young Love” 
Escrita por Ricky Cartey, Carol Joyner 
Interpretada por Tab Hunter

“Sweet Little Sixteen” 
Escrita por Chuck Berry 
Interpretada por Chuck Berry

“Maybe Baby” 
Escrita por Buddy Holly, Norman Petty 
Interpretada por Buddy Holly e the Crickets

“School Days” 
Escrita por Chuck Berry 
Interpretada por Chuck Berry

“I’m in Love Again” 
Escrita por David Bartholomew, Fats Domino 
Interpretada por Fats Domino

“Love Is Strange” 
Escrita por Mickey Baker, Sylvia Robinson 
Interpretada por Mickey e Silvia

“Be-Bop-a-Lula” 
Escrita por Gene Vincent e Tex Davis 
Interpretada por Gene Vincent

“One Summer Night” 
Escrita por Danny Webb 
Interpretada por The Danleers

“Ain’t That a Shame” 
Escrita por David Bartholomew, Fats Domino 
Interpretada por Fats Domino

“Since I Met You Baby” 
Escrita por Ivory Joe Hunter 
Interpretada por Ivory Joe Hunter

“It Only Hurts for a Little While” 
Escrita por Mack David, Fred Spielman 
Interpretada por The Ames Brothers

“Everyday” 
Escrita por Buddy Holly, Norman Petty 
Interpretada por Buddy Holly e the Crickets

“My Prayer” 
Escrita por George Boulanger, Jimmy Kennedy 
Interpretada por The Platters

“A Lover’s Question” 
Escrita por Brook Benton e Jimmy T. Williams 
Interpretada por Clyde McPhatter

“The Great Pretender” 
Escrita por Buck Ram 
Interpretada por The Platters

“Since You Later Alligator” 
Escrita por Robert Charles Guidry 
Interpretada por Bill Haley

“Peggy Sue” 
Escrita por Jerry Allison, Buddy Holly, Norman Petty 
Interpretada por Buddy Holly e the Crickets

“At the Hop” 
Escrita por John Madara, Arthur Singer, David White Tricker 
Interpretada por Danny e the Juniors

“Since I Don’t Have You” 
Escrita por James Beaumont, Joseph Rock, The Skyliners 
Interpretada por The Skyliners

“Don’t Be Cruel” 
Escrita por Otis Blackwell, Elvis Presley 
Interpretada por Elvis Presley

“It’s All in the Game” 
Escrita por Carl Sigman, Charles Dawes 
Interpretada por Tommy Edwards

“Heart e Soul” 
Escrita por Hoagy Carmichael, Frank Loesser 
Interpretada por The Cleftones

“Rip It Up” 
Escrita por Robert “Bumps” Blackwell, John Marascalco 
Interpretada por Little Richard

“That’ll Be the Day” 
Escrita por Jerry Allison, Buddy Holly, Norman Petty 
Interpretada por Buddy Holly e the Crickets 

 

  

  



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