Crítica: O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua (2013)



Direção: John Luessenhop


Elenco: Alexandra Daddario, Bill Moseley, Gunnar Hansen, Tania Raymonde, Scott Eastwood, Shaun Sipos, Keram Malicki-Sánchez, James MacDonald, Thom Barry, Paul Rae.


Sinopse:  Em 1974, uma tragédia atingiu um grupo de cinco jovens, numa pequena cidade do Texas. Eles nunca imaginaram vivenciar algo tão macabro e doentio. Apenas uma garota conseguiu escapar para contar a história, e os acontecimentos que se seguiram pareciam ter colocado um fim naquele horror. O que poucas pessoas sabiam é que uma criança foi escondida daquela loucura e cresceu sem saber sobre sua verdadeira família. Anos depois, já adulta, Heather Mills recebe a herança de uma avó que ela nunca soube existir e decide viajar para o Texas junto com os amigos Nikki, Ryan e Kenny. Quando chegam no local, Heather fica encantada com a mansão que aca
bou de herdar, mas precisa seguir duas regras: não pode vender a casa e tem que seguir as instruções deixadas numa carta escrita pela avó. Mas antes que ela possa abrir a carta, ela e seus amigos são confrontados por um outro parente que também sobreviveu ao terror de anos atrás. E ele não parece se importar se suas vítimas são parentes ou não. Ele está apenas em busca de sangue…




Trailer: 



O Massacre da Serra Elétrica, o clássico de 1974; é um dos meus filmes favoritos. Visceralmente intenso, o filme perturba muito os poucos que tiveram a oportunidade de assistir. Devido a ser bem antigo, a falta de recursos do filme não atrapalha. Pelo contrário, ajuda a dar medo e tensão. A imagem escura e às vezes precária apavora mais que os assassinos em si. O segundo filme foi lançado em 1986, e na época foi um desastre. Porém, vários fatores fazem dele um ótimo filme também. Além do retorno do diretor do primeiro e da família sádica, o segundo filme foi bem ágil e lotado de humor negro e sadismo. O terceiro filme de 1990 e o quarto de 1994 foram legais, embora tenham sido mais juvenis, no estilo de Sexta-Feira 13. Em 2003 saiu o primeiro remake, com a Jessica Biel no elenco. É um dos melhores remakes já feito; é um filme brutal e bem obscuro. Em 2006 teve o segundo remake, contando as origens. Mas achei este de 2006,  O Massacre da Serra Elétrica – O Início; um tanto desmiolado e sem sentido, embora tenha sido bem violento. Agora no início de 2013 é lançado o novo filme da saga. O que dizer deste novo O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua?

Para começar, o filme deveria ter estreado no feriado de Halloween ano passado, isto é; fim de Outubro. Com um atraso, chegou aos cinemas americanos e alguns outros países em Janeiro. No seu fim de semana de estreia, surpreendeu e arrecadou uma boa grana, mas foi só na estreia mesmo. No final de semana seguinte já não arrecadou tanto. Mesmo assim não é o que se pode chamar de fracasso total. Mas e aqui no Brasil? Lembra quando falo que filme de terror é tratado com descaso no Brasil? Até agora nada do filme nos cinemas nacionais. A princípio está marcado para 17 de Maio, mas tenho minhas dúvidas se realmente vai passar. Mas só estes 5 meses de atraso já demonstra falta de respeito com o público dos filmes de terror. 

Na direção, temos o desconhecido John Luessenhop, que não traz nada de novo. Realmente não há tomadas ou ângulos novos. A câmera é eficiente em algumas mortes, e aqui pessoas são cerradas ao meio sem cortes. Isso sem dúvidas foi um acerto. Mas parece que o diretor ficou com medo de inovar. Teve uma cena de capotagem, em que ela é mostrada de longe. Várias cenas de correria também mostram um ambiente grande, focando pouco na ação e personagens. Parece que foi um tipo de fuga para possíveis furos. Enfim, a direção é fraca; acertando somente nas cenas de morte. 


Falar do roteiro é complicado: cheio de acertos e cheio de erros. Enquanto que o diretor foi preguiçoso, os roteiristas de esforçaram ao máximo para surpreender. Isto deve ser ressaltado. Logo no início temos as imagens do que aconteceu no primeiro filme de 1974. Remasterizado, foi bacana ver as cenas com mais clareza. Logo em seguida vem os resultados, mostrando as autoridades da cidade massacrando a família de Leatherface. Um bebê sobrevive, e é criado são e salvo. Este bebê é a protagonista Heather (Alexandra Daddario). Logo, ela receberá uma herança: uma fazenda de sua verdadeira família, e lá está o seu primo querido: Leatherface. Uma coisa bacana desta saga é a ligação familiar. Mas antes todos membros da família eram sádicos. Aqui há Heather como a mocinha, enquanto seu primo a persegue. Uma coisa no estilo Michael Myers perseguindo sua irmã na saga Halloween. Há uma linha tênue entre o horror e o amor. E aqui isto está presente.


Mas há um gigantesco furo no roteiro, gritante mesmo. O primeiro filme se passa em 1974, certo? Alguns anos depois,o bebê é uma jovem adulta, com seus 20 anos, certo? Então o filme se passaria em 1994, certo? Acontece que em 1994 não havia aquelas roupas, aqueles estilos, as músicas e muito menos aqueles celulares modernos. Inclusive em uma cena o policial vai filmando com o celular e transmitindo diretamente para a delegacia. Celulares assim existem a uns 5 anos no máximo. Então a história teria de se passar hoje, e Heather teria seus 40 anos, não é?

Sim, grande falha no roteiro. Há outras, mas menores. O pouco uso das personagens por exemplo. Na divulgação do filme, disseram que a Nikki era uma garota de personalidade. Mas a jovem só serve para mostrar os peitos e as coxas com seu micro-short, além de dar em cima do namorado da amiga. É óbvio que ela só serve como colírio para os olhos. Mas todo filme de terror slasher deve ter, então ok. Não me passou despercebido que o shortinho de Nikki é bem parecido com o short de uma das meninas do filme original, é um tipo de referência. Há inúmeras outras referências, que na maioria funcionam.

Leatherface aqui está mais sentimental. Ele continua louco e sádico, mas há momentos em que sentimos pena dele. Até porque ele é a alma da saga, amamos ele assim como amamos Jason ou Chucky. A atuação da protagonista é ótima. Não foi atoa que ela concorreu ao  MTV Movie Awards 2013. Caso você não lembre, Alexandra Daddario fez Percy Jackson e o Ladrão de Raios. Ela é uma das mais belas jovens de Hollywood. Olhos lindos, rosto impecável. Tania Raymonde faz a Nikki. Embora a personagem seja vazia, sua função de colírio funciona bem. Ela está gatona, diferente da época em que fazia a série Lost, quando era bem esquisita. Há as participações especiais de Bill Moseley, que foi Chop Top no segundo filme em 1986; e há Gunnar Hansen, que respectivamente foi o Leatherface original. 

Na sua metade final, o roteiro aposta nas reviravoltas. Há um fato que realmente surpreende e leva a saga em uma nova direção. Parece que há intenção de fazer uma longa franquia de 7 filmes. Não sei se tem fôlego para tantos filmes. Mas confesso que gostei das reviravoltas finais. Foi algo bem diferente e que fará muitos torcerem o nariz. O filme acaba valendo uma olhada, principalmente por ter a bela presença e atuação de Alexandra Daddario, ter nosso amado Leatherface, ter algumas mortes bem radicais e ousar em levar a saga para um novo nível. Infelizmente há um grave erro no roteiro e acaba ficando a impressão de que faltou algo para o filme ser melhor. Mas se você for ver o filme já sabendo das falhas, poderá gostar. Tem seus momentos eletrizantes e o som da serra (que é a diesel e não elétrica) é angustiante. A sinistra trilha sonora também está de volta. Quem conferiu o 3D nos Estados Unidos diz que não vale o ingresso mais caro. Se passar nos cinemas no Brasil, veja em projeção normal e não espere muito. Não chega a fazer jus ao clássico. Mas terá seus momentos bacanas.

NOTA: 7,5

Alexandra Daddario




Tania Raymonde




Mais fotos e cartazes do filme:



  



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