Crítica: A Morte do Demônio (remake 2013) – Um espetáculo de sangue e demonismo.



Direção: Federico Alvarez


Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Jessica Lucas, Elizabeth Blackmore, Lou Taylor Pucci.


Sinopse: Mia (Jane Levy), uma jovem marcada pelas perdas que sofreu e pelo vício em drogas, pede ao irmão, David (Shiloh Fernandez), à namorada dele, Natalie (Elizabeth Blackmore), e aos seus amigos de infância, Olivia (Jessica Lucas) e Eric (Lou Taylor Pucci), que a acompanhem até a cabana rústica da família para ajudá-la a superar os seus demônios. Chegando lá, numa cerimônia solene na presença dos amigos, ela se desfaz das últimas drogas que ainda lhe restam e jura se manter longe das drogas de uma vez por todas. Ao entrarem na casa, eles ficam chocados ao descobri
rem que a cabana abandonada havia sido invadida. O porão foi transformado num altar grotesco rodeado por uma dúzia de animais mumificados. Eric fica fascinado por um livro antigo que ele descobre no local. Atraído pelo seu conteúdo misterioso, ele o lê em voz alta, sem jamais suspeitar das consequências terríveis que este gesto está prestes a desencadear. Quando a abstinência de Mia se agrava, ela perde o controle e tenta fugir, mas acaba retornando, apavorada com uma visão aterradora. Na cabana, seu comportamento se torna tão violento que seus amigos se veem forçados a acorrentá-la. Presos dentro da cabana por conta de uma perigosa tempestade que assola a região, eles começam a se voltar uns contra os outros. À medida que brutalidade dos seus ataques se intensifica, David terá que encarar uma escolha inimaginável.


Trailer:



Começo a crítica falando de algo bastante negativo. O descaso do cinema em minha cidade. O filme já estreou mundialmente faz algumas semanas e nada de passar por aqui. Ao comprar o ingresso de Homem de Ferro 3, perguntei se iria passar A Morte do Demônio. A moça da recepção me disse que não tinham data ainda e que possivelmente nem iria passar. Com total frustração (aliás era o único filme de terror que eu tinha interesse de ver no cinema), decidi recorrer ao download para poder finalmente assistir ao filme. Lamentável o cinema fazer isto com o público, isto que minha cidade não é pequena, mas só temos este cinema, que está cada vez pior. Bem vamos ao filme.

A trilogia A Morte do Demônio, também conhecida como Uma Noite Alucinante, aqui no Brasil; é uma das mais amadas e conceituadas sagas de terror da história. O ótimo diretor Sam Raimi e o seu amigo de faculdade e produtor, que também é o herói da franquia, Bruce Campbell; criaram uma obra prima que foi copiada e reverenciada pelo mundo todo. Com quase nada de recursos, fizeram de Evil Dead um clássico absoluto e um dos melhores shows de horror trash de todos os tempos. Com a equipe do original e o próprio Raimi na produção, o novato e corajoso Federico Alvarez na direção e a promessa de um filme à moda antiga, A Morte do Demônio era o terror mais esperado dos últimos anos, e talvez para alguns, o filme mais esperado do ano. Teve uma excelente campanha de marketing, com fotos grotescas e um cartaz prometendo “o filme mais apavorante que você veria em sua vida”.

Começo falando dos pontos negativos. Bem, devo alertar que houve bastante sensacionalismo em volta daquele trailer para maiores de 18 anos (trailer Red Band) e o tal cartaz apelativo. Tudo foi cunho comercial, para realmente causar curiosidade. Notamos que a equipe e o estúdio (Sony) se levaram muito a sério em torno do filme. Sério até demais. Realmente, o filme não é o mais assustador que você verá na vida. Há sustos bons, mas são poucos e nada que você já não tenha visto. Muitos tem reclamado da falta de humor negro, uma característica da trilogia antiga. Realmente é estranho não ter aquele humor, as cenas trash, a risada maléfica e outros elementos. O filme é sóbrio e se leva a sério o tempo todo. Isto irá afastar os fãs mais ávidos e fanáticos do original. Mas para mim não foi um problema tão grande. Hoje em dia as novas gerações não conhecem muito bem e não curtem o humor negro trash. Uma pena. Então foi necessário adotar este ar de sério.

O roteiro não é ruim, apenas é básico. A excelente Diablo Cody entrega um roteiro básico, que você já viu em outros filmes. Este é um fator que também pode afastar alguns. O elenco não é ruim, apenas faz sua parte de maneira básica. Claro que tanto o roteiro quanto o elenco são fatores secundários, porque afinal o que estamos prestes a ver é o que importa. Quando a coisa fica feia é que o filme ganha pontos, muitos pontos. A começar pela interessante protagonista. Lógico que ela não tem o fôlego de Ash da trilogia inicial. Mas se sai bem diante de tanta menina sem sal em filmes de terror. Ela não é perfeita e ingênua, na verdade é uma drogada que já teve várias overdoses e seus amigos e seu irmão tentam ajudá-la. Há uma parte que envolve família no roteiro, e os laços dela com seu irmão ajudam a criar carisma pela história. A abertura tensa e triste já mostra isto. Mas a coisa toda melhora quando o livro dos mortos é lido. Aí o horror começa.

Diferente do antigo, aqui o demônio aparece, em forma feminina. Achei interessante, e o demônio se movimenta como os fantasmas orientais. O visual dos cenários, da floresta, da cabana, tudo é velho, sujo e assustador. O próprio livro é sinistro, cheio de símbolos macabros e demonismo. Há cenas onde lama, água, folhas, tudo escorre, passando a impressão de caos. Uma cena onde uma fraca lâmpada é acesa, e uma goteira escorre água por ela. Tudo é imperfeito e danificado. Uma direção de arte minimista e bem feita. Aliás, notei que tentaram ser o mais simples e minimista o possível, para passar realidade; e logo depois, entregar todo o potencial. O demônio, que a princípio possui a protagonista Mia, na reconstrução da famosa cena em que a floresta estupra ela; começa a matar e repossuir um por um deles. Sim, com uma estória extremamente simples, o grande trunfo é o show de horror.

O sangue, o gore, a carnificina, tudo é digno de mestre. O uso de maquiagens e sangue falso deixa tudo com um gosto a mais. Nada de CGI e efeitos computadorizados. Apesar de ser mais demorado, a ótima maquiagem é surreal. Carnes em decomposição e pútridas são de enojar. A violência é extrema, para os dias de hoje, claro. Não é atoa que o filme é para maiores de idade. É muito, mas muito violento. Chega perto do extremismo dos polêmicos e proibidos Centopeia Humana. O diretor não nos poupa de mostrar quase em detalhes cabeças esmagadas, cortes na pele, línguas mutiladas, braços decepados, etc. O sangue jorra longe, tapando tudo de vermelho. É nojento, é brutal e é macabro. Os elementos malignos e sobrenaturais aqui vem acompanhados de uma violência carnal forte. O final é insano, o que muitos vem chamando de épico. Eletrizante e um raro exemplar de “banho de sangue”.

As cenas extremamente obscuras e chocantes vem acompanhadas de um linguajar chulo e apelativo. É tudo muito pesado. Um clima forte que dá angústia. O confronto final entre Mia e o demônio é de arrepiar. Um verdadeiro massacre, um banho de sangue sem dó. O diretor não teve piedade e trouxe o filme de terror que todos esperavam. Devido ao imenso sucesso de bilheteria (isso que tem censura de 18 anos), o segundo filme está vindo aí. Torço para algo maior ainda. Com este filme, fica a prova que não há limites para o terror comercial, quando colocado nas mãos corretas. Estarei no aguardo…

Sim, se o filme está passando no cinema de sua cidade, você tem mais de 18 anos; pague o preço do ingresso e assista na grande sala de cinema. O filme vale a pena e conseguirá agradar a muitos. Se você é sensível e comprar pipoca e guloseimas, coma no início do filme. Depois disto não conseguirá. Vou ser justo e franco: não é melhor que a trilogia. Não bate o original de 1981. então respeito a opinião dos fãs da saga original. Mas me irrito com este público moderno que está reclamando do filme pelas suas cenas nojentas, mas estas mesmas pessoas consideram Atividade Paranormal terror de verdade. Eu até gostei dos dois primeiros, mas Atividade Paranormal deixa a desejar e se tornou chato com tantas sequências. Mesmo que com poucos sustos, A Morte do Demônio é um dos melhores remakes já feitos, entregando um espetáculo de violência e gore. Claro que se filmes deste tipo já fossem feitos nos anos 2000, este seria fraco, devido ao roteiro raso. Mas na falta de filmes de terror modernos bons, A Morte do Demônio é excelente por justamente apostar na simplicidade e violência. Então, pare de comparar com os clássicos e compare somente com os filmes de terror moderno. Aí sim você verá que tem uma pérola nas mãos.

Finalizando, pode não ser o filme nota 10 prometido, mas tem alta qualidade e deu para perceber que eu adorei. E o mais importante de A Morte do Demônio é que ele dará um impulso no gênero horror, apela de maneira gráfica e ‘desmistifica’ os survivors do gênero. Realmente torço para que de agora em diante, novos filmes nesta linha sigam o padrão, principalmente as sequências de Evil Dead. Está na hora de quebrar algumas barreiras e derrubar algumas censuras. Os estúdios cortam cenas extremas de violência, mas permitem que um filme adolescente tenha cena de um vampiro e uma humana fazendo sexo até uma cama quebrar. Vai entender não é? Sempre achei a censura hipócrita! Confira este filme que é perverso, macabro, demoníaco e que traz uma orquestra de sangue e membros mutilados. O terror TOP de 2013!

“Nós vamos te pegar…. na hora de dormir… hora de ir para cama”

NOTA: 9

  

   


  

  

  

   

  

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