Crítica: Aftershock (2013)


Aftershock ainda não tem previsão de estreia no Brasil, mas já conferi esta nova produção de terror. Com produção de Eli Roth (o diretor de Cabana do Inferno e O Albergue e O Albergue 2) e com o chileno Nicolas Lopez na direção, ela vem com um tema polêmico. A estória se passa durante o terrível fato verídico que assolou o Chile em 2010, um terremoto de gigantesca magnitude 8,8 na escala Richter. Prédios caíram e a localidade de Santiago sofreu muito. O tremor causou um tsunami de 2,6 metros na região de Valparaíso e foram confirmadas 723 mortes. Porém, o governo chileno trabalha com um grande número de desaparecidos. É nesse ambiente que o “pior” se cria. Acontece que com tamanha catástrofe, o povo se amontoou nas ruas de maneira desesperada. Alguns assaltos, assassinatos e saqueamento em lojas foram registrados, mostrando a maldade e a fúria de alguns que se dizem humanos. E é concentrado nesta maldade em massa que o filme cria seu terror.



Um dos problemas logo no início é a demora da trama ficar boa, porque a princípio vemos um trio de amigos curtindo em festas com outros turistas e belas chilenas. Então eles conhecem um trio de amigas americanas. Um dos caras é o próprio Eli Roth, que está ali para dar uma melhorada no elenco que não tem muitos famosos. Acontece que em um filme com tempo de duração padrão de 1 hora e meia, mais de meia hora inicial é somente festas, piadas pesadas dos amigos e muita bebida. Há alguns momentos que se mostra algum lugar histórico ou algum costume do Chile. Há poucos diálogos inspirados. Um em particular que gostei foi a piada com o racismo que turistas tem com países menos desenvolvidos (no caso o Chile). Nesta cena é comentada como países simples são sim capazes de receber com hospitalidade os estrangeiros, sem apresentar risco à saúde e higiene dos “gringos” (expressão mais usada no filme).


Eli Roth

Lá pelas tantas, quando já estamos irritados com a personagem de Pollo (que lembra muito o Alan em Se Beber Não Case! Parte 2), finalmente temos o temido terremoto. A cena em questão não me impressionou muito. Há um jeito amador na cena, como a câmera tremendo e alguns objetos caindo, tentando assim passar a sensação de terremoto. Não foi muito bem sucedido. Outra coisa estranha é a mão de um dos caras que é  arrancada. Ele tenta pegar ela, mas a mão é chutada para um lado e para o outro. Juro que não contive a gargalhada, porque a cena em questão ficou bem trash. Mas aí acontecem algumas mortes bem loucas. O mal começa a tomar conta no empurra-empurra e pessoas se pisoteando. Logo após há uma cena em um tipo de bondinho, onde a grana fala mais alto. Mas nada será pior que o que está por vir: os prisioneiros em fuga da cadeia.


Cena com Selena Gomez

Antes de entrar nos acertos da obra ainda vou detonar mais um pouco. O jeito amador do filme está sempre presente. As cenas são estranhas, as piadas mal colocadas e constantemente algo me irrita: o elenco todo fica parado diante a câmera vendo algo acontecer em alguns momentos. Isto quebra um pouco o ritmo e a seriedade da obra. Ainda bem que estes erros ficam ali durante seus 40/45 minutos iniciais. Outra coisa interessante é a aparição da ícone pop (não sou fã dela) Selena Gomez. Me pergunto: o porque dela aparecer? Apenas uma participação, para dar algum público ao filme? Digo isso porque Selena aparece uma cena apenas, onde Eli Roth conversa com ela (numa tentativa de trová-la). Ela parece interpretar alguém “famoso” dos Estados Unidos que está ali passeando. Seria ela mesma? Não sei, mas sua aparição em nada enriquece a trama.



Voltando aos penitenciários soltos, é aí que o filme toma jeito. Se já não bastasse todo o horror da catástrofe e o alerta de Tsunami (a sirene tocando é a coisa mais assustadora do filme), estes presos fugitivos começam um massacre e show de torturas. O filme realmente é para maiores de idade. O gore presente no filme é forte e nojento. Há cenas de tiro, machadada, estupro e muito sangue jorrando. Como o próprio Eli Roth escreveu o roteiro, o sangue e a violência chega perto do nível dos ótimos O Albergue 1 e 2. Quem viu estes 2 filmes sabem o quanto são chocantes. Então, aqui as coisas são similares. Há uma sequência desesperadora de cenas chocantes, traições e pessoas sendo desumanas. A ética, o bom senso e o amor ao próximo são totalmente esquecidos.


A intenção da obra é unicamente chocar. Consegue? Em parte não, já que há as irregularidades que eu já comentei. Mas em outra parte sim, pois este lado grotesco e visceral da raça humana é explorado. Não chega a explorar ao máximo o tema e ser um O Abrigo ou Ensaio Sobre a Cegueira; mas vai no rumo certo. Infelizmente a falta de prática do diretor e a falta de recursos atrapalham o desempenho final (afinal estamos falando de um filme de catástrofe e horror chileno). Mas o filme irá agradar os amantes de filmes de tortura e matança. Não recomendo para pessoas mais sensíveis, pois tem estupro, várias formas de maldade e cenas de crianças mortas nos escombros. Não será um dos melhores filmes de terror do ano, mas é um dos mais violentos. E a tal cena da Tsunami é bem feitinha, apesar de ser classe B. 


Encerrando esta crítica, digo que para quem perdeu alguém na tragédia ou passou por ela, Aftershock poderá ser uma ofensa, que tenta fazer sucesso na tragédia, fazendo uso inclusive de celebridades mais conhecidas como Eli Roth e Selena Gomez. Mas por outro lado fica o alerta de que diante uma tragédia descomunal, é nesse momento em que as pessoas se revelam, trazendo à tona os seus instintos básicos de selvageria. É desalentador, mas é “verídico”. Pelo menos é mais realista que aqueles heróis de filmes catástrofe como 2012 e O Dia Depois de Amanhã. De qualquer modo, se você gosta de muito sangue e horror explorativo, poderá curtir esta obra assumidamente B, feita para chocar e nada mais. 


NOTA: 7

Era para ser apenas uma boa viagem.





Direção: Nicolas Lopez



Elenco: Álvaro López, Andrea Osvárt, Ariel Levy, Cristina Sánchez Pascual, Dayana Amigo, Edgardo Bruna, Eli Roth, Gabriela Hernández, Ignacia Allamand, Lorenza Izzo, Marcial Tagle, Matías López 

  • Natasha Yarovenko, Nicolas Martinez, Patricio Strahovsky, Paz Bascuñan, Ramón Llao, Selena Gomez.



Sinopse: No Chile, as férias de um turista americano ficam ainda melhores quando ele conhece belas viajantes. Mas, quando um terremoto destrói a casa noturna subterrânea em que eles estão, uma noite divertida se transforma em terror. Escapar para a superfície é só o começo, pois o caos já está instalado.


Trailer:






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