ESPECIAL OSCAR 2013 – Crítica: Argo (vencedor de 3 Oscar, incluindo Melhor Filme)



Direção: Ben Affleck


Elenco: Ben Affleck, John Goodman, Bryan Cranston, Michael Parks, Victor Garber, Kyle Chandler, Clea DuVall, Tom Lenk, Alan Arkin, Rory Cochrane.


Sinopse: A história de Argo se passa em novembro de 1979, quando a revolução iraniana atinge seu ápice e militantes surpreendem a embaixada dos EUA em Teerã, fazendo 52 reféns americanos. Mas, no meio do caos, seis americanos conseguem escapar e encontrar refúgio na casa do embaixador canadense. Sabendo que é apenas uma questão de tempo até os seis serem encontrados e provavelmente mortos, Tony Mendez (Ben Affleck), um especialista em fugas da CIA, sugere um plano arriscado para retirá-los do país em segurança. Um plano tão incrível que só poderia acontecer nos filmes.


Curiosidade:


* George Clooney é um dos produtores do filme. Ben Affleck dirige o filme a partir do roteiro de Chris Terrio, com base em uma seleção de capítulos de Master in Disguise, livro de Antonio Mendez, o verdadeiro oficial da CIA interpretado por Affleck no longa.



Oscar: recebeu 7 indicações, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante com Alan Arkin, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora, Melhor Edição, Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som. Venceu 3 categorias: Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Melhor Edição.


Trailer:






Embora Ben Affleck tenha sido um dos queridinhos da América entre os anos 90 e 2000, nunca foi muito bem visto pela crítica (pessoalmente nunca tive nada contra). Altamente massacrado por suas atuações em filmes de ação como Demolidor, o moço sempre se dedicou ao cinema. Começou como produtor de alguns filmes como Triângulo Amoroso e roteirista do ótimo Gênio Indomável. Mas o cara não queria parar. Eis que em 2007 ele lança seu primeiro filme como diretor, o bom Medo da Verdade; um suspense dramático intenso e polêmico. Em 2010 lança seu longa mais agitado: Atração Perigosa, onde a moça que sua gangue de assaltantes sequestra, acaba se apaixonando por ele. Um ótimo filme, com ação, romance e uma atuação coadjuvante de respeito por parte de Jeremy Renner. Mas o clímax de sua sólida carreira chegou agora no final de 2012.

É verdade que eu apostava em Lincoln para vencer nas principais categorias, afinal é um filme político, do jeito que a academia gosta. Por favoritismo, torcia para As Aventuras de Pi e/ou Os Miseráveis e/ou Django Livre. Mas entre um e outro havia esta agradável surpresa intitulada Argo. Baseado em um resgate real, o filme brinca com o fator “fazer filmes”. Um grupo de americanos fica preso no Irã, e a única chance de resgate é o agente da CIA fingir ser produtor de cinema e entrar no país com roteiro e propaganda, tudo para enganar e resgatar seus compatriotas. Achei uma pena Ben Affleck não ser indicado a Melhor Diretor, parece que a academia ainda está punindo ele. Mas não devemos deixar de “tirar o chapéu” para o cara, que além de atuar, produzir e roteirizar (em parte); dirige o filme. O filme em si é Ben Affleck, por assim dizer. Ele filma tudo de maneira corretíssima, segura e muito séria. Extrai do elenco seu melhor, ao mesmo tempo que coloca tensão, ação e piadas no exato momento. Isso facilita a ser um filme ágil.


As atuações são boas em todo elenco, ganhando destaque para 2 coadjuvantes: os veteranos Alan Arkin e John Goodman. Além de hilários, suas interpretações são inteligentes. Suas personagens realmente existiram e foram grandes figuras em Hollywood. Alan interpreta Lester Siegel, famoso produtor de cinema das décadas passadas. John Goodman interpreta John Chambers, um dos mais famosos maquiadores de flmes de fantasia e monstros. Ele ganhou Oscar de Melhor Maquiagem pelo seu excelente trabalho no clássico Planeta dos Macacos, em 1968. Aliás, a ideia de um falso filme surge quando o filho de Tony (Ben Affleck) está assistindo justamente o clássico Planeta dos Macacos. Outros clássicos são citados constantemente na obra, como Star Wars, Jornada nas Estrelas, etc. As ficções científicas estavam em alta na época, e é um filme destes que Tony decide “fazer”.


Era 1979/1980. O cinema vivia uma grande fase, com obras de ficções já citadas acima, além de Duna, Blade Runner, Guerreiros de Fogo, Krull, entre outros. Filmes espaciais e futurísticos eram constantemente gravados em terras áridas (o próprio Star Wars). Então uma ficção era a melhor opção para enganar o governo e colocar Tony no local para resgatar os americanos. Nesse quesito o roteiro surpreende a cada minuto, fazendo referências tanto aos clássicos, como à elementos e modismos da época. A série Steve Austin, O Homem de Seis Milhões de Dólares também é elogiada. Quando toda a produção do filme começa (roteiro, elenco, criação de cartazes, propaganda, coletiva de imprensa, etc); vários diálogos inteligentíssimos surgem, agradando quem conhece e gosta de saber sobre os bastidores de Hollywood. 


A criação de época,  as cenas de tensão, cada diálogo, a impactante trilha sonora de Alexandre Desplat; tudo é bem colocado. Falando em trilha sonora, temos ótimas músicas de bandas como Sultans of Swing do Dire StraitsDream On do Aerosmith, Rolling Stones, Van Halen, Led Zeppelin, etc. Até nisso o filme causa nostalgia. E tudo com classe, colocado no momento certo. O filme em si é certeiro, te capturando por uma história real que aconteceu graças à uma estória de ficção.

Mesmo com minhas preferências, Argo ganhou o cobiçado prêmio de Melhor Filme. Gostei, foi uma agradável surpresa. O filme tem um pouquinho de tensão política, suspense de alto nível, um resgate inusitado, além de fazer muita referência aos bastidores da fábrica dos sonhos que é Hollywood. O filme por trás do filme. Amo esta metalinguagem, que inteligentemente nos transporta para dentro de uma história madura e inteligente. Obrigatório para cinéfilos, Argo traz uma nostalgia impecável. Cinema que salva vidas, nunca imaginei isto! Agora devo confessar que deu vontade de fazer meu próprio filme…

NOTA: 9,5

Bônus: o verdadeiro Tony Mendez



Mais imagens e cartazes do filme:

  

   

  


  





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