Crítica: Valente




A Pixar surgiu nos anos 90 e por muito tempo trouxe alguns dos melhores filmes da atualidade. Suas computações gráficas costumam ser impecáveis e cativantes. Por anos permaneceu imbatível com os seguintes filmes: Toy Story, Vida de Insetos, Toy Story 2, Monstros S.A., Procurando Nemo e Os Incríveis. Simplesmente irrepreensível! Até que em 2006 surge Carros, um filme bom porém mais infantil que os anteriores.A Pixar então faz os meus preferidos: Ratatouille e Wall-E (para mim os melhores e mais originais). Na sequência são lançados os também ótimos UP – Altas Aventuras e Toy Story 3. Mas de repente num escorregão a Pixar lança Carros 2, que apesar de divertido foi o mais bobo e de menos sucesso de todos. Audaciosamente a Pixar lança em 2012 seu primeiro filme com atores reais: John Carter – Entre Dois Mundos; um dos filmes mais caros de todos os tempos. Inexplicavelmente é o maior fracasso de bilheteria do ano (uma pena pois defendo este filme como uma grandiosa ficção científica). Em meio a esta turbulência (põe turbulência pois causou a demissão do presidente da Pixar), é lançado Valente. O que dizer do filme?


Falando do principal que é a animação, a qualidade sempre é 10. Pixar é Pixar e acabou. Não é ato-a que Steve Jobs foi um dos CEOs da Pixar (há uma homenagem a ele nos créditos finais). Paisagens lindas e um visual deslumbrante dão um tom especial à essa mágica aventura. Na “fotografia” é que o filme chama atenção. Espetacular! E as cenas de aventura, embora poucas, são satisfatórias.Quanto ao fato da protagonista, foi bom o trabalho de desenvolvimento da personagem. Uma princesa Viking que quer fugir da responsabilidade de casar e cumprir tradições nórdicas. O visual ruivo e o fato dela ser uma excepcional arqueira também é bem desenvolvido e atraente. E a trilha sonora é absolutamente impecável.


Mas devo dizer que o roteiro apresenta alguns problemas. Primeiramente o excesso de piadas infantis me incomodou um pouco. Eu até gosto de filmes infantis, mas a Pixar tem a tendência de ser séria. Parece que ela está mudando para concorrer com a DreamWorks e a Fox. O título também me incomodou, pois apesar da personagem ser valente, o título indica ação, o que quase não tem no filme. Outro problema é que o roteiro não é tão original assim. Em alguns momentos me lembrou filmes como Irmão Urso e Como Treinar o Seu Dragão. A presença de personagens típicos como a bruxa ou uma fera selvagem também já foram vistos em diversos filmes. Mas o que eu mais reclamo nos filmes da Disney é a insistência em dublar as músicas. Poxa vida as músicas devem ser tocadas no idioma original. Fazem uma dublagem onde sempre sai desafinado. Os desenhos da Disney são ótimos mas as musiquinhas tiram a seriedade da trama. Se ao menos tocassem em inglês seria melhor de perceber a melodia. Mas dublar músicas só para as crianças entenderem é inútil, já que a criançada domina a internet e jogos; e algumas coisas são totalmente em inglês. Fora isso nada mais a reclamar.


Mas calma, o filme é ótimo sim. Muito melhor e superior que Carros 2. O roteiro acerta em algumas coisas. Um exemplo é não usar excesso de mágica. Sabe as transformações de humanos em feras que acontecem em Sherek e A Bela e a Fera, emocionantes e cheio de brilho? Aqui acontece de maneira rápida e simples. Bem humilde a maneira como acontece. Eu gostei pois pareceu original e não imitou os demais filmes. Outro fator importante é que em Valente não há um par romântico. A protagonista não quer casar e toda trama se desenvolve a partir disto. Não há um final feliz com o príncipe encantado. Eu gosto quando um filme tem originalidade em tal aspecto. Amo filmes épicos, amo arco e flecha e curto muito tramas com menos ação e mais emoção. Valente proporciona isso, fazendo com que eu tenha gostado muito do filme. Talvez só se tivesse sido uns 20 minutos mais longo e com mais seriedade fosse um filme 10. Não chegou lá mas não vou tirar o mérito de que é um filme de excelente qualidade. A garotada vai curtir e os adultos vão se lembrar de clássicos como Robin Hood e Coração Valente.

Mesmo com pontos negativos, Valente agrada e deve ser visto. Um dos melhores do ano e forte candidato (e possível vencedor) do Oscar 2013 para melhor animação e talvez outras categorias. Este conto épico escocês mostra o porque de a Pixar ser o melhor estúdio de animações que existe. Mesmo que para criançada, o filme traz uma moral atual e interessante, além de mostrar que para sermos felizes nem sempre precisamos seguir os costumes. Não é necessário um marido ou esposa para sermos felizes, desde que demos valor a quem já está do nosso lado hoje. Me lembrou uma frase do filme Click: família em primeiro lugar! Nada como uma dose de realidade num ótimo exemplar da sétima arte. Para escrever sua própria história e lutar por aquilo que se tem valor realmente é preciso ser … Valente.

Valente encerra dizendo:

“Alguns dizem que o destino está além do nosso controle; que não escolhemos nossa sina. Mas eu sei a verdade; nosso destino vive dentro de nós. Você só precisa ser valente o bastante para vê-lo.”


Sinopse: Merida é uma habilidosa e impetuosa arqueira, filha do
rei Fergus (voz de Billy Connolly) e da rainha Elinor (voz de Emma
Thompson). Determinada a trilhar seu próprio caminho, ela desafia um
antigo costume considerado sagrado pelos ruidosos senhores da terra: o
imponente lorde MacGuffin (voz de Kevin McKidd), o carrancudo lorde
Macintosh (voz de Craig Ferguson) e o perverso lorde Dingwall (voz de
Robbie Coltrane). Involuntariamente, os atos de Merida desencadeiam o
caos e a fúria no reino e, quando ela se volta para uma velha feiticeira
(voz de Julie Walters), em busca de ajuda, Merida tem um desejo
mal-aventurado concedido. Os perigos resultantes a forçam a descobrir o
significado da verdadeira valentia para poder desfazer o brutal curso
dos acontecimentos antes que seja tarde demais.

Dublagem
brasileira:
Rodrigo Lombardi e Murilo Rosa. Dublagem original: Kelly
Macdonald, Emma Thompson, Kevin McKidd, Julie Walters, Billy Connolly.

Trailer:

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