Crítica: Suspiria (1977, de Dario Argento)

São muitos os filmes bons existentes. Muitos alcançam uma categoria alta, recebendo uma posição de prestígio e quem sabe uma almejada nota 10. Mas são raríssimos os filmes que alcançam a perfeição. Suspiria consegue ser praticamente perfeito de todas as maneiras possíveis e imagináveis, dentro do limite nos parâmetros do terror. É tido como um dos filmes mais assustadores de todos os tempos. Eleito também o melhor terror italiano e um dos melhores filmes italianos já feitos. E com certeza ele possui todo esse brilho atribuído. Suspiria é simplesmente de tirar o fôlego. E sua marca registrada é seu visual impressionante.
Vamos falar primeiro do diretor. Dario Argento é tido como um dos mais conceituados pais do terror, além da fama de visionário, louco e polêmico. Tem uma longa filmografia de suspense e terror, sendo a maioria muito bons. Esse diretor tem um status incrível, com vários filmes que misturam elementos gore e trash de terror, com cenas bem fortes; e elementos clássicos e cult, transformando seus filmes em pérolas que beiram  a perfeição. Embora nos anos 2000 seus filmes tenham perdido o charme de antigamente, Dario Argento continua sendo um mestre. Sua carreira com filmes estilo giallo tem clássicos como Demons 1 e 2 (produtor), e na direção:  Dois Olhos Satânicos, Um Vulto na Escuridão, Síndrome Mortal, Terror na Ópera, os excelentes Phenomena e Tenebre (ambos recomendo também) e esse Suspiria, que é sua obra máxima.

Agora um pouco sobre o contexto: Suspira foi o início do que ficou conhecida como a trilogia das Três Mães, formada também por Mansão do inferno, de 1980, e O Retorno da Maldição: Mãe das Lágrimas, título brasileiro bem estranho para o nome original La Terza Madre, de 2007. A história dos filmes não tem qualquer ligação entre si, exceto pelo fato de todos falarem de bruxaria. As três “mães” são três bruxas poderosas que habitam diferentes partes do mundo. Suspiria é o mais impactante de todos.

Com atuações boas e um roteiro original e forte para a época (em 1977 a censura incomodava), Suspiria te prende do início ao fim. Tem um enredo forte mas com glamour ao mesmo tempo. A trilha sonora é impecável, misturando elementos exóticos como uma musiquinha de caixinha de música e balé, porém com tons sombrios e perversos, às vezes tendo sussurros, ecos e coisas perturbadoras. A música combina muito com o visual assustador do filme, deixando tudo parecido com um terrível pesadelo. A trilha sonora foi feita com maestria pela banda de rock progressivo Goblins, que colaborou em outros trabalhos de Argento e outros filmes de horror.
Tecnicamente falando, Suspiria foi um filme trabalhoso e inovador na época. Extremamente bem filmado, tem jogos e ângulos de câmera espetaculares. Os ambientes são bem explorados. Tudo na escola de balé é grande, com longos corredores; e a câmera acompanha tudo com eficiência. Tem cenas onde o ponto de vista é através de uma lâmpada. Genial. O filme é sim pesado, com sangue, gore e cenas assustadoras e grotescas. Mas tudo feito na medida certa. O maior ponto do longa são suas cores. O tempo todo temos cenas obscuras contrastando com roxo, vermelho e outras cores fortes do tipo. São um delírio visual. Simplesmente todas as cenas do filme entram em contraste entre o escuro e o chamativo. Nunca vi nada assim. E isso ajuda muito para o clima do filme. Realmente nos sentimos num pesadelo horripilante. As sombras em contraste com as cores fortes deixam o filme inteiro muito mais assustador do que é. Realmente este é um filme psicodélico, onde toda atmosfera contribui para Suspiria ser um dos mais impressionantes espetáculos já feito.

Cenários belos da escola de balé muito bem construída se contrastam com o horrendo envolvendo bruxaria. No decorrer do filme ficamos cada vez mais impressionados com esta obra-prima, que em décadas vem sendo respeitada. Fica o aviso que esse filme é diferente, é bastante artístico e belo. Está mais para cult do que para um filme de terror. Quem não está acostumado com clássicos, filmes antigos, sem computação gráfica e que tenham uma apresentação original, poderá estranhar muito, até não gostar. Mas se querem uma dica, eu darei: dê uma chance a este, pois é uma das maiores obras de terror de todos os tempos. Assista de mente aberta e se impressione com algo novo. Mesmo que horrendo, será uma das mais belas obras que você vai ver. Extremamente recomendado. Cultura pura. Este é um dos filmes que você deve assistir antes de morrer!
Aqui as coisas mais tenebrosas dão lugar ao belo e visualmente impactante, mas continua a ser perturbador e assustador. Suas continuações, apesar de interessantes, não chegam aos pés desse filme maravilhoso. Dario Argento é mestre. Cinema italiano (cinema Europeu em geral) é ótimo. Filme de terror com fundamento e algo a mais é raro e Suspiria te proporciona tudo isso.
Suspiria é clássico, é cult e é tenebroso. Sua trilha sonora é inquietante. O jogo de câmera, luz, sombras e cores fortes são únicos e impressionantes. O terror é de gelar a espinha, o roteiro é cativante. Esse filme é belo, artisticamente lindo. Uma obra psicodélica ao extremo. Existem poucos filmes perfeitos, e creio que esse é um deles. Um show visual e sonoro, um pesadelo terrivelmente bem construído. Suspiria é uma das maiores obras do terror em todos os tempos.

Título Original: Suspiria

Direção: Dario Argento

Duração: 98 minutos

Elenco: Alida Valli, Jessica Harper, Sefania Casini, Flavio Bucci, Miguel Bosé, Susanna Javicoli, Barbara Magnolfi, Joan Bennet, Eva Axén, Fulvio Mingozzi, Rudolf Schundler, Udo Kier e mais.

Sinopse: Susan (Jessica Harper) é uma jovem americana que viaja para a Europa para estudar numa prestigiada escola de Balé. Desde o primeiro dia, porém, ela começa a se assustar com estranhas situações que ocorrem no local que a fazem desconfiar do corpo docente da instituição.

Trailer:


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