Crítica: Riverdale – 2ª Temporada (2017-2018, de Lee Toland Krieger, Rob Seidenglanz)

Séries adolescentes são sempre um chamariz para nós, pobres mortais. De tempos em tempos muita coisa boa aparece. O.C – Um Estranho no Paraíso, continua sendo a minha preferida juntamente com Gossip Girl. E quem nunca quis fazer o acampamento da vingança com Emily Thorne, em Revenge? E existem tantos outras que eu poderia continuar citando…. Porém, a série da vez é Riverdale, que chegou como quem não queria nada e já virou febre. Com uma história que mescla muita ação e suspense, a trama é bem escrita e cheia de nuances que deixam a narrativa ainda mais interessante. Quer saber mais? Continue lendo a crítica, mas cuidado, pode conter alguns spoilers!

Para quem não sabe, Riverdale é baseada nas histórias em quadrinhos chamada Archie, que corresponde a Turma da Mônica americana. Os quadrinhos passaram por várias mudanças ao longo dos 70 anos de lançamento, sendo a primeira em 1939. A mais recente mudança foi em 2015, onde a Archie Comics lançou uma série nova de histórias, onde os personagens eram mais modernos e, possivelmente, foi essa a grande inspiração para Riverdale. Algumas mudanças foram feitas para os personagens se encaixar na TV, e apesar dos leitores mais assíduos terem reclamado, a série tem tido uma resposta positiva da crítica e dos fãs.




Mas você deve estar se perguntando o que essa série tem de tão especial. Eu diria que é a origem dos personagens e seus problemas. Não é lá tão difícil se por no lugar deles ou de entender seus problemas. Quem não tem um amigo igual o Archie, metido a atleta e que acha que pode resolver todos os problemas do mundo com sua dedicação e boa vontade? Ou uma Betty Copper, que apesar de parecer a boa moça, guarda segredos de arrepiar qualquer um. Ou até mesmo uma Cheryl Blosson, a moça rica e bonita que pertence a uma família totalmente disfuncional e infeliz? Eu diria que a base é muito bem construída. Os atores estão confortáveis em seus papeis e percebemos isso com uma grande naturalidade.

É incrível ver como o roteiro amadureceu desde a primeira temporada, que basicamente envolvia um segredo sobre a morte de Jason Blossom (Trevor Stines) que, mais tarde, revelou ser apenas a ponta do imenso iceberg que é Riverdale. Servindo principalmente para introduzir e apresentar vários personagens chaves para a trama, mostrando a personalidade de cada e assim, podemos fazer uma comparação na segunda temporada, que de certa forma, surpreendeu.

Interessante dizer que não existe essa de mocinho ou vilão aqui, todos apresentam peculiaridades que, em determinados momentos, vão para um lado ou para outro, então não se sabe o que realmente esperar da atitude de cada. E a maior mudança de atitude foi de Archie Andrews (K.J. Apa), que após um atentado a vida do pai, resolveu tomar uma atitude e “proteger” a cidade do psicopata que todos conheciam como Black Hood. Mesmo após a morte do assassino pelas mãos da polícia, algo ainda continuava errado.


E tudo sai de perspectiva para Archie quando o mesmo precisa provar para Hiram Lodge (Mark Consuelos) que é digno de namorar Veronica (Camila Mendes), e após algumas tentativas mal sucedidas, ele entra para a família a para os negócios. Archie e Veronica tem um papel importante na conflituosa máfia que cerca Hiram e seus planos para a cidade, que não são exatamente claros a princípio. Aos poucos, mesmo sem perceber, a teia de conflitos e armações está tão bem amarrada, que é difícil saber em quem confiar. Archie se vê no meio dos conflitos e só percebe tarde de mais que está sendo manipulado, assim como Veronica.


E no meio disso tudo, muita coisa acontece ao redor dos protagonistas. Betty (Lili Heinhart) precisa lidar com o irmão, Chuck (Jordan Calloway), que não é nada fácil ou confiável, um papel interessante também, pois o ator variava muito entre suas duas caras, apesar de sabermos que tinha algo acontecendo, só sabemos o que é quando Betty se dá conta do perigo. A série deixa muita coisa implícita que só descobrimos com certeza quando os personagens também caem na real. Temos também mais uma amostra da Dark Betty, que agora parece se entender melhor do que nunca. E suas idas e vindas com Jug (Cole Sprouse), que é de longe, meu personagem preferido.


Jug sempre entendeu Riverdale melhor do que ninguém, talvez o fato de ser mais pobre e vir de um lugar onde as pessoas são o que são e não fingem algo, tenha deixado ele mais aberto a realidade. A grande evolução no seu personagem talvez tenha sido em relação ao pai, que após ser preso e deixar Jug sozinho, caiu em si e tornou-se uma pessoa melhor. Não que ele não fosse mal, mas era como se ele já tivesse desistido da vida e aceitado as consequências. Esse ano, ambos se tornaram pessoas e lideres melhores na maioria de suas escolhas, lembrando que não existe 100% mocinhos aqui.


Cheryl Blossom (Madelaine Petsch) teve que lidar com muita coisa essa temporada. Ainda de luto pelo irmão e tendo que aguentar uma mãe que, na grande parte do tempo só servia de infortúnio em sua vida, ela amadureceu e criou grandes laços de amizades que antes acharíamos, no mínimo, difíceis de acontecer. Ela se mostra mais segura e mais forte para lidar com os problemas que foi forçada a enfrentar, aceitou sua sexualidade e soube lidar com todos os viés impostos por pessoas próximas. Agora, ela é dona de si mesma e uma personagem muito interessante de se ver em cena por ser completamente imprevisível.



A minha grande tristeza foi não poder ver completo a peça de teatro baseado em Carry – A Estranha, por motivos que não vou poder dizer, para evitar um big spoiler, a peça nunca foi mostrada, apesar que pelos ensaios dava para notar que ia ser um ótimo episódio. Esse e muitos outros arcos foram inseridos no seriado para apresentar uma grande gama de personagens que entraram esse ano ou para fechar desfechos passados. 


Riverdale nos presenteia com uma história mais madura e inteligente, fechando todos os arcos e iniciando outro para a terceira temporada, que foi confirmada. Os personagens cada vez mais carismáticos e confortáveis em seus papéis são um caso a parte, a interação dentro e fora das cenas é nítido, o que talvez contribua, e muito, para o desenrolar dos personagens e o sucesso da série. A direção trabalha bem, dando closes, focando em personagens ou fazendo cenas ao ar livre em meio a uma multidão. A fotografia também ajuda nos momentos de suspense, dando um ar de insegurança nas ruas ou um toque de filme de terror, já que ninguém está realmente salvo de perigos. Ao todo, a série é muito bem feita. Então, meus amigos, assistam e me contem depois o que acharam!


  
Título Original: Riverdale

Direção: Lee Toland Krieger, Rob Seidenglanz

Elenco: Camila Mendes, Lili Reinhart, K.J. Apa, Cole Sprouse, Casey Cott, Madelaine Petsch, Lochlyn Munro, Luke Perry, Madchen Amick, Marisol Nichols, Mark Consuelos, Skeet Ulrich 

Sinopse: Descrita como “mais sombria” que a anterior, a segunda temporada de Riverdale traz Archie e seus amigos lidando com mais mistérios na cidade-título. Com 22 episódios no total, o novo ano do show irá explorar os passados dos personagens, principalmente o do pai de Jughead e as Serpentes.

Trailer:

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