Crítica: Talvez Uma História de Amor (2018, de Rodrigo Bernardo)

É cotidiano indagarmos o “jargão” talvez. Sempre estamos vivenciando as oscilações da vida, ponderando a dúvida. O receio do medo, de se jogar e se arriscar é onipresente, tangenciando o fracasso e o sucesso. Em um relacionamento amoroso não é diferente: talvez eu poderia ir por esse caminho…, talvez se eu me arriscasse mais…, talvez se criasse a coragem de dizer aquilo que aflige o coração… Em Talvez Uma História de Amor, embarcamos em uma jornada rodeada desses contestamentos, saindo do eixo confortável e impondo as insaciáveis respostas para sua resolução. O que podemos esperar deste filme nacional? Talvez você tenha que ler a crítica para ter a certeza se vale ou não a pena assistir essa comédia romântica, baseada no livro homônimo do escritor francês Martin Page.

Virgílio (Mateus Solano) é um cara extremamente organizado. Levando uma vida praticamente solitária, o seu TOC (transtorno obsessivo compulsivo) dita todo o seu estilo metódico e retrô, mesmo trabalhando em uma agência de publicidade, na qual é uma das cabeças mais pensantes de toda a operação. Após uma mensagem enigmática em sua secretária eletrônica, nosso protagonista se vê diante de um mistério amoroso que acaba abalando todas as suas estruturas tirando do seu eixo de vida. Clara é o pivô das coisas ficarem de cabeça pra baixo. O esquecimento sobre as coisas que aconteceram é algo que o perturba, mas com a ajuda dos seus amigos e vizinha, Virgílio embarca para encontrar aquela pessoa que talvez, seria a pessoa mais importante da sua vida.


Mas será que o filme consegue impôr a sua visão sem cair nos clichês, tendo já o sabido final? Acredito que o roteiro tenha seus desiquilíbrios dentro da trama e esquece de dar alguns aprofundamentos necessários para envolver o público. À medida que os fatos são desenrolados, torcemos para que tudo se resolva para o simpático Virgílio, interpretado brilhantemente por Mateus Solano. O ator consegue criar toda essa sintonia com o seu personagem, saindo da zona de conforto e criando o aspecto necessário para uma virada em sua vida. Os fatos que o cercam foram muito bem dirigidos por Rodrigo Bernardo, conseguindo trazer essa mesclagem com sua fotografia exuberante. O tom de isolamento, muito bem harmonizado com a paleta de cores, em suas divisões e as quebras de contexto, conseguem prender o público, mas sempre tem algo que podia ser melhorado. Algo que realmente funciona bem é a trilha sonora, que é muito bem executada nos nuances da história, passando por Frank Sinatra e Earth, Wind e Fire (confesso que quase dancei na cadeira nessa parte, sem falar na cantoria).


O elenco consegue dar essa estabilidade e cria a história que está sendo vivenciada por Solano. Os pilares disso são Marco Luque e Totia Meireles, que estão críveis em seus papéis dando a sustentabilidade necessária ao protagonista. Sem falar em Bianca Comparato, a vizinha totalmente adversa; ela é a cereja do bolo para dar ritmo ao enredo do filme. A amizade dos dois é muito bem elaborada e cai no gosto de quem assiste.


Mesmo assim, o filme cai no marasmo de outras tramas já vistas até aqui e não consegue criar nada muito impactante, algo que pontuou demais ao decorrer da trama, e mesmo que haja essa necessidade de termos os apoios pontuais para o protagonista, é cansativo ficarmos nesse joguinho de parar em cada estação para chegarmos no fim. Muitas das pessoas que aparecem são fúteis para a história, nem mesmo a presença da atriz americana Cynthia Nixon (Sex And the City) consegue dar esse charme a mais para a película.
Com toda essa junção de locações entre Brasil e Estados Unidos, conseguem criar uma boa atmosfera, e é um fator irredutível para dar aquele ar de mudanças; nova jornada de vida. Quando somos apresentados a Clara, logo nos vemos envolvidos pela sutileza e doçura que transcendem a nossa misteriosa mulher, torcendo para aquele final feliz, que talvez, seja concretizado.


Talvez Uma História de Amor apresenta seu fatos, sua narrativa de elaborar algo maior, embora haja dificuldade de enaltecer as histórias de amor já existentes. Se por um lado a obra consegue “abobar” nosso lado mais fofo, o filme não dá o ar para imergimos ainda mais na história, uma necessidade que ficou faltando para uma maior evolução, uma metamorfose que esperávamos. Faltou uma lapidação melhor para essa joia. 




Título Original: Talvez Uma História de Amor

Direção: Roger Bernardo

Elenco: Mateus Solano, Thaila Ayala, Totia Meireles, Marco Luque, Bianca Comparato, Dani Calabresa, Juliana Didone, Nathalia Dill, Jacqueline Sato, Gera Camilo, Elisa Lucinda, Flavia Garrafa, Cláudia Alencar, Paulo Vilhena e Cynthia Nixon.

Sinopse: Quando chega em casa, depois de mais um dia corriqueiro no trabalho, Virgílio (Mateus Solano) liga a secretária eletrônica e ouve um recado perturbador. É uma mensagem de Clara (Thaila Ayala), comunicando o término do relacionamento dos dois. Virgílio, contudo, não faz a menor ideia de quem é Clara.  Perturbado devido ao seu jeito metódico e controlador, ele não se lembra de ter se relacionado com ninguém, mas todos ao seu redor pareciam saber do relacionamento dos dois, perguntando como ele está se sentindo com o término. Agora, ele precisa encontrar essa mulher misteriosa.

TRAILER:



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