Crítica: Raio Negro (2018, de Salim Akil)

A DC Comics, mais uma vez, aposta no seu certame de sucesso e em mais uma da CW, em parceria com a Netflix, continua apresentando bons resultados em seus projetos. Com Raio Negro não foi diferente, muito pelo contrário, a série foi rodeada de altas expectativas por toda sua representatividade (e outras bandeiras pautadas) em sua temporada inicial, e a trama conseguiu se destacar nesse ambiente, com o conceito de reerguer a camada social afro e o empoderamento feminino, embora em seu final algumas questões podem ter sido pouco exploradas, e que possivelmente terão um arco maior no seu segundo ano, já confirmado pela emissora CW.

Diferente das outras temáticas já apresentadas, o nosso herói está aposentado pelo seu alter ego, Jefferson Pierce, diretor da Garfield High School. O injusto ato de preconceito volta a reacender a energia de Raio Negro, que logo volta ao despertar. Fato que se consolida pela crescente criminalidade na “comunidade” de Garfield e o aumento de relevância da gangue “The 100”. Nessa briga de gato e rato, suas filhas, Anissa Pierce/Tormenta (Nafessa Williams) e Jennifer Pierce/Rajada (China Anne McClain), se rebelam com o passar do tempo, tornando-se boas aliadas do pai nessa jornada, tendo o auxílio de Peter Gambi (James Remar), uma espécie de “Alfred”. Em contraponto, Tobias Whale (Marvin “Krondon” Jones III) tenta passar por cima de todas as barreiras que o impedem de reinar o lado obscuro de Garfield, além de derrotar novamente Raio Negro.

Com toda a trilha sonora recheada de soul e hip hop (muito boa, diga-se de passagem) ditando o ritmo dos acontecimentos, Raio Negro coloca sua representatividade social nas bandeiras levantadas atualmente, do racismo ao movimento LGBT, e isso é passado através de Tormenta, a personagem mais complexa da trama. Nela, vemos todo o teor em que a série se consolida, lutando por diversas diretrizes, a personificação de tudo que ocorre, canalizando toda a sua angústia através de justiça, mas isso é apenas o começo de algo muito maior que ainda está por vir. Raio Negro não fica atrás, como diz o título de um dos episódios da temporada, “Black Jesus”, ele é a redenção de um povo fadado a essas injustiças que os assombram e em paralelo, tem a sua luta contra Tobias, mesmo relutando contra as ações impostas a ele.


Falando no vilão, Marvin entrega um Tobias amedrontador, vide sua fisionomia contribuir grotescamente para tal, o qual age por impulso, sempre querendo passar por cima dos outros equilibrando seus pensamentos de como reinar o lado negro, mas com determinadas limitações. Afinal de contas, ele faz parte de um sistema corrupto, mais um lado que a série explora. Cress Williams é ótimo como Raio Negro, mesmo que ainda não nos convença de sua agilidade nas cenas de ação, consiste em ser a mesma pessoa durante os turnos, tentando salvar o “seu pessoal” do crime, tentando impor limites, cuja regra é severamente quebrada com o passar dos episódios, trazendo um ritmo mais alucinante pra sua vida, que não só envolve as filhas, como também sua ex-mulher, Lynn (Christine Adams). Nafessa é a que mais se destaca dentro da série, o seu papel é algo inovador, sendo a primeira heroína negra lésbica nas telinhas. Sempre questionando os porquês da vida, sua entrega como Anissa é exuberante, batendo de frente com o seu pai sempre que pode, alimentada pela justiça. China Anne é a que tem o papel mais cansativo da trama, claro que pela sua idade e rebeldia, o roteiro cria exaustivamente um perfil para sua personagem; de fato, sua relutância em aceitar os poderes não é uma das coisas mais cativantes, porém, nos episódios finais, consegue até ter um ponto interessante, até mesmo sendo incisiva na trama. James Remar também consegue entregar um bom Peter Gambi, sendo uma das peças triviais para a junção dos fatos recorrentes, até mesmo pela lealdade do personagem.

O que podemos notar nesta temporada, é que não há um determinado vilão com a iminência de querer resolver tudo de uma hora pra outra, mesmo que o fato possa ser recorrente na série. Tobias insiste em criar um subterfúgio para incitar a população cair em suas graças. A maior ameaça aqui é simplesmente o racismo impregnado, vide que a real fase que ameaça é algo que não tem uma derrota significativa, uma conspiração de um sistema corrupto que seduz pessoas a terem um futuro melhor. As vítimas mais destacadas disso são Lala (William Catlett), futuro vilão a ter um arco de maior interesse para a segunda temporada, e Khalil Payne/Painkiller. Raio Negro pode não encabeçar os maiores heróis, mas é fator importante para o pensamento da sociedade, que ainda segue com o receio de atribuir suas ideologias.



Título Original: Black Lightning

Direção: Salim Akil

Elenco: Cress Williams, Nafessa Williams, China Anne McClain, James Remar, Christine Adams, Damon Gupton e Marvin “Krondon” Jones III

Sinopse: Jefferson Pierce é um pai de família que precisa voltar a atuar como o justiceiro Raio Negro quando a violência de gangues ameaça o futuro de sua comunidade e sua filha se torna obcecada com a execução da justiça. Ele precisa agir com cuidado, entretanto, pois a polícia está á sua procura.

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