Crítica: The Rain – 1ª Temporada (2018, de Kenneth Kainz)

The Rain é uma série dinamarquesa que foi uma grata surpresa para o universo das séries de ficção científica. Temos aqui um ótimo trabalho em conjunto do diretor (Kenneth Kainz), produtores (Christian Potalivo, Peter Bose) e roteiristas (Christian Potalivo, Esben Toft Jacobsen, Jannik Tai Mosholt); todos sem grandes portfólios, mostrando que nem sempre é a experiência que faz alguém entregar um bom trabalho. Então, gravem esses nomes, pois ainda veremos muita coisa boa dessas pessoas, bem como uma segunda temporada, ainda mais eletrizante e envolvente, que a primeira – é o que se espera, pelo menos -. 

Até que enfim o apocalipse causado por zumbis foi substituído, porém, nada mais nada menos, que pela chuva. Isso mesmo! Quem diria que uma chuvinha teria o poder de matar?! Mas quem é atingido por ela não tem nem a chance de voltar ao mundo em forma de morto-vivo, aqui a morte é certeira; e é por isso que o Dr. Frederick resolve proteger sua família – e muito bem protegida – colocando-a dentro de um búnquer, qual tinha o acesso por conta de ser um dos cientistas da Apollon. Os pontos de interrogação já começam a pairar sobre nossas cabeças quando ele não fica junto com a família e sai em busca de uma cura. Isso faz com que fiquemos nos perguntando o porquê de exatamente ele sair em busca de uma cura. Teria uma cura? Então a chuva não seria uma catástrofe natural, e sim, mais uma desgraça criada pelo homem? Sem respostas para essas perguntas, nos resta torcer para que o povo da Escandinávia não seja dizimado pela chuva, especialmente os filhos do cientista, Simone e Rasmus, que são os principais personagens que vemos nessa batalha de sobrevivência. 


Passados 6 anos de confinamento e depois de ter esgotado o estoque de comida, os irmãos tomam a iniciativa de sair do búnquer para verificar o que está se passando do lado de fora depois de tanto tempo. E por não ter tido contato do pai esse tempo todo, imaginam que não verão coisas boas. Na pura coragem de saírem da sua bolha de segurança, eles acabam encontrando outras pessoas. É aquela coisa meio The Walking Dead, cada ser, vivo ou não, que aparece, é um inimigo em potencial até que se prove o contrário. 


A série não foge daqueles clichês em que os personagens principais formam um grupinho para salvar o mundo, onde existem aquelas personalidades de sempre: a mocinha ingênua porém, nem tanto; o menino poderoso que ainda não se descobriu; o garanhão metido a líder do grupo; a garota assanhada e também a tapada; o nerd e o bad boy. Mas não é que aqui em The Rain esse grupinho estereotipado funcionou? O jeito que a história foi conduzida e a forma como os personagens foram sendo introduzidos fez toda a diferença, além de termos atuações maravilhosas de todos os protagonistas. Será a eficiência um dom das pessoas dinamarquesas? Não sei, mas então que prestemos mais atenção nos trabalhos das pessoas que habitam esse lugarzinho do mundo.

Vamos descobrindo o que está acontecendo com o mundo junto com os personagens, o que aumenta ainda mais a nossa tensão e ansiedade para saber qual será a próxima descoberta. A série trata exatamente disso, de descobertas, pois o grupo está indo em busca de respostas, não exatamente de salvação, até porque, eles nem acreditam que exista alguma, devido ao mundo que eles têm visto encontrar-se num estado tão devastado que acaba sendo impossível até de imaginar tudo como era antes. Não existem heróis, existem sobreviventes, e eles farão de tudo para se protegerem, porque o mundo… bom… já está destruído. 



Somos adultos e sabemos que nem tudo é perfeito, por isso precisamos falar sobre os pontos negativos, embora sejam apenas meros detalhes… como por exemplo, estar chovendo e no minuto seguinte não ter absolutamente nada molhado, ou então, as árvores ao balançar não respingam a chuva das folhas nas pessoas. Como eu disse, meros detalhes, e estes nem de longe estragam a série ou são motivos para não assisti-la, até porque, pontos positivos temos aos montes! 

The Rain se diferencia de outras séries e filmes pós-apocalíticos por não dedicar 100% de sua premissa num grupinho indo em busca da salvação 24 horas por dia. Temos um enredo que se preocupou em não entregar apenas pessoas fugindo da chuva e achar que ficaríamos satisfeitos com isso por ser… sobre a chuva. Pelo contrário, temos uma história que parece ter sido cuidadosamente criada, onde vemos um desenvolvimento constante, segredos sendo revelados, objetivos alcançados e descobertas intrigantes. 


Um dos pontos mais positivos da série, é que ela não precisou de uma introdução muito longa, parada e cansativa para nos imergir na trama, pois desde o início já somos fisgados pela tensão, mais especificamente, desde o primeiro episódio. Ah! E não pense que a série se mantém estagnada em uma tensão uniforme, pois a cada episódio, a história vai ficando mais instigante até chegar em seu clímax. Ou seja, a série não dá a opção de você desistir de assistir, porque a cada fim de episódio você se sente obrigado a dar play no próximo, ou, como no meu caso, deixei a reprodução automática da Netflix fazer esse trabalho por mim, o dia inteiro. The Rain é digna de maratona! 


Jannik Tai Mosholt, roteirista chefe da série, disse: “Somos muito gratos pelo sucesso da série e da resposta incrivelmente positiva da audiência. Estamos muito entusiasmados em poder realizar a segunda temporada de The Rain. Ainda há muitas histórias para contar sobre nossos personagens e muito mais a explorar em nosso universo; mal posso esperar para que todos possam assistir”. E nós mal podemos esperar para assistir à 2ª temporada! Que venha 2019!


Título Original: The Rain

Direção: Kenneth Kainz

Elenco: Alba August, Mikkel Folsgaard, Lucas Lynggaard, Jessica Dinnage, Iben Hjejle, Sonny Lindberg, Angela Bundalovic, Lucas Lokken, Johannes Bah Kuhnke, Lars Simonsen.

Sinopse: Seis anos após um vírus brutal ter massacrado quase que toda a população da Escandinávia, dois irmãos dinamarqueses decidem sair da segurança de seu búnquer para verificar o que se passa do lado de fora de sua fortaleza. Em meio aos escombros, eles encontram um grupo de jovens sobreviventes e juntos irão até o fim para encontrar uma única esperança de uma vida melhor.

Trailer:


Espero que você tenha gostado da crítica e que ela tenha lhe deixado com vontade de assistir à série! E caso assista, não deixe de voltar aqui e nos contar o que achou!

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