Crítica: Mindhunter – 1ª Temporada (2017, David Fincher, Andrew Douglas, Asif Kapadia, Tobias Lindholm)



Serial-killers são um prato cheio para filmes, séries, programas de TV, entre outros. Sempre fui fascinada com o tema e confesso já ter assistido muitos materiais sobre o assunto. Entretanto, Mindhunter vem com um olhar diferenciado para o tema. Você consegue pensar o porquê do uso deste termo? Quem pensou nisso? Quem buscou entender a mente dos psicopatas para montar todo o conhecimento que se tem sobre eles? É com essas perguntas, que te convido a conferir essa crítica sobre essa série que vale a pena de ser assistida. E o melhor: tem na Netflix!


Ao adentrarmos o universo da série, somos apresentados
primeiramente ao detetive Holden Ford (Jonathan Groff) que, no início, cumpria o papel de negociador na polícia em casos de sequestro.
Inicialmente, Ford se mostra como sendo um policial com alto nível de
inteligência, entretanto sua timidez e falta de tato se mostram como grandes
barreiras para que ele desenvolva seu trabalho de forma mais eficiente e consiga
alcançar seus objetivos. 

Contudo, Ford é obstinado e certo de que tem um
trabalho totalmente inovador e pioneiro para desenvolver na polícia comportamental, e começa a cavar fundo no departamento de forma a conseguir trabalhar o lado
psicológico de assassinos de crimes bárbaros, a fim de entender suas mentes e
traçar perfis para os mesmos. Nessa busca, ele passa a atuar juntamente com o
detetive Bill Tench (Holt McCallany), também da polícia comportamental. Tench, com uma
bagagem de experiência bem maior que a da Ford e ainda com melhores habilidades
de comunicação e interação social, começa a perseguir, de forma exaustiva, os
objetivos da ideia inicial de Ford.

Nossos detetives são baseados na dupla John Douglas e Mark
Olshaker (respectivamente Holden Ford e Bill Tench), co-autores do livro Mindhunter:
O primeiro caçador de serial killers americano

Em detalhes assustadores, Mindhunter mostra os bastidores de alguns dos casos mais terríveis, fascinantes e desafiadores do FBI. Durante as mais de duas décadas em que atuou no FBI, o agente especial John Douglas tornou-se uma figura lendária. Em uma época em que a expressão serial killer, assassino em série, nem existia, Douglas foi um oficial exemplar na aplicação da lei e na perseguição aos mais conhecidos e sádicos homicidas de nosso tempo. Como Jack Crawford em O Silêncio dos Inocentes, Douglas confrontou, entrevistou e estudou dezenas de serial killers e assassinos. Com uma habilidade fantástica de se colocar no lugar tanto da vítima quando no do criminoso, Douglas analisa cada cena de crime, revivendo as ações de um e de outro, definindo seus perfis, descrevendo seus hábitos e, sobretudo, prevendo seus próximos passos. Com a força de um thriller, ainda que terrivelmente verdadeiro, Mindhunter: o primeiro caçador de serial killers americano é um fascinante relato da vida de um agente especial do FBI e da mente dos mais perturbados assassinos em série que ele perseguiu.

Fonte: Sinopse do livro Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano. Editora: Intrínseca

Com as pesquisas já mais avançadas, a dupla passa a contar com as orientações de Wendy (Anna Torv), uma psiquiatra que, mais tarde, formará equipe com os dois detetives para então fundar um departamento dentro do FBI responsável por mapear perfis de assassinos em série. Uma personagem com personalidade forte, muito bem trabalhada por Torv, que entrega uma das pontas soltas de grande mistério para nós, espectadores.


No entanto, o grande trunfo da série, a meu ver, não são as
histórias de nossos detetives, 
da psiquiatra e os relacionamentos pessoais destes. Na verdade, eles são
apenas um bom pano de fundo para a real atração aqui: os serial killers. O termo só seria desenvolvido algum tempo depois, mas aqui vemos,
fielmente retratados, vários serial killers da vida real, no início de pesquisas
sobre este assunto.


E fugindo daquele clichê de várias séries sobre serial killers, o objetivo aqui não é desenvolver uma trama com vários suspeitos para que no final se descubra quem de fato cometeu o crime, e sim, apresentar, já de antemão, quem é o assassino, para então desenvolver seus motivos.

Somos apresentados primeiramente a Ed Kemper (Big Ed), o assassino de colegiais, acusado de 10 assassinatos, incluindo o de sua mãe. Na série, interpretado magistralmente por Cameron Britton, talvez, dos assassinos apresentados, Kemper é aquele que mais rouba atenção, seja pelo seu tom totalmente frio em recontar como foram seus atos, seja pelo desenvolvimento da personagem, que vem a ser um grande “gatilho” (como se costuma dizer na série) para o próprio Ford.
Para aqueles, que já conferiram o Kemper da série, convido a verem como foram as entrevistas do Kemper da vida real aqui (em inglês). É incrível como o que vemos na série e o que vemos na realidade se aproximam de forma assustadora! Palmas para Cameron Britton.

Vemos, ainda, Jerome ‘Jerry’ Brudos, interpretado por Happy Anderson. Brudos, tinha em seu histórico a estranha mania de guardar partes dos corpos de suas vítimas e ainda possuía uma coleção de sapatos e roupas íntimas femininas que usava para se masturbar! Bizarro!



Richard Speck é interpretado pelo talentoso Jack Erdie. Desbocado e com perfil agressivo, é um dos grandes destaques da trama quando é entrevistado por Ford, e é incrível a semelhança física do ator com o assassino real. Foi responsável pela tortura de oito estudantes, tendo matado sete, sendo que uma conseguiu escapar e acionar a polícia.



Vemos também Monte Ralph Rissell, um jovem estuprador e assassino, interpretado por Sam Strike. Um personagem frio e com uma história que choca;  ele foi responsável por estuprar doze mulheres, tendo matado cinco delas, sendo preso aos 19 anos. Seus crimes começaram quando tinha apenas 14 anos.

Darrel Gene Devier é um dos personagens que mais causa asco. Apesar de não ser considerado um serial killer, foi responsável por um crime brutal: o sequestro, tortura, estupro e assassinato de uma menina de 12 anos. A cena em que ele é interrogado e genialmente (e até mesmo, perigosamente) Ford trabalha seu psicológico para que ele admita o que fez, é de longe um dos pontos mais altos da série. 


Outros serial killers são citados no decorrer da trama, porém no início de todos os episódios, um em particular sempre é mostrado. Especula-se que seja Dennis Rader, o Assassino BTK (Bind, Torture, Kill – Amarrar, Torturar, Matar). Rader foi responsável por assassinar oito mulheres e dois homens. Aqui é interpretado por Sonny Valicenti, que mesmo com quase nenhuma fala, transmite uma sensação nada agradável para que o assiste. 



Acredita-se que tanto ele, quanto o famoso serial killer Charles Manson (líder de uma seita responsável pela morte de 35 pessoas, dentre elas a atriz Sharon Tate), terão seus atos melhor abordados na 2ª temporada da série, assim como outros serial killers.

Com direções bem trabalhadas, roteiro primorosamente escrito e a ideia bem desenvolvida pelo nosso brilhante David Fincher, principal responsável pelo projeto (juntamente com Charlize Theron), Mindhunter vem para trazer questionamentos, para fazer pensar, para ser um incômodo por dias. Vale ressaltar que a ambientação da época, bem como a escolha do casting e ainda a fotografia são pontos de destaque da série.

Um maior destaque vai para a atuação de Groff, que apesar de não ser tão crível quanto eu gostaria que fosse, entrega um excelente personagem, que tem um evolução bem trabalhada. Um dos pontos altos é quando ele sofre uma catarse; que ao nosso ver pode funcionar até como seu próprio gatilho (sim!, você vai ouvir MUITO esse termo!), por que não?! Uma cena e tanto!



Quer um conselho? Gostando ou não da temática, convido você a conferir a 1ª temporada desta série. Tenho certeza que ela vai fazer você, assim como eu, se pegar pensando em todas as barbaridades que o ser humano é capaz e ainda questionar sobre a mente humana e todas as suas nuances, até aquelas mais sombrias. A segunda temporada tem previsão de estreia para 2019 e David Fincher planeja fazer, incluindo ela, mais quatro temporadas.

Título original: Mindhunter

Direção: David Fincher, Andrew Douglas, Asif Kapadia, Tobias Lindholm

Elenco: Jonathan Groff, Holt McCallany, Hannah Gross, Anna Torv, Sonny Valicenti, Cameron Britton, Happy Anderson, Jack Erdie, Joe Tuttle, Alex Morf, Joseph Cross, Marc Kudisch, Michael Park, George R. Sheffey, Duke Lafoon, Peter Murnik, Stacey Roca e outros.

Sinopse: Dois agentes do FBI acham que é possível aprender mais sobre um novo e estranho tipo de assassino com uma tática controversa: indo direto à fonte.

Trailer:
E você, gosta de produções que abordam o tema serial killers? Conte pra gente nos comentários e não deixe de nos seguir em nossas redes sociais!

Deixe uma resposta