Crítica: Alguém Como Eu (2018, de Leonel Vieira)

Já estamos acostumados a ver filmes semelhantes a Alguém Como Eu, onde há o romance de sempre, com chuva de piadas em um roteiro básico e calculado para dar certo com o público. É como aqueles filmes que já vem mastigados e você só precisa engolir; e não há nenhuma menção honrosa a destacar como fotografia, enquadramentos, som e etc. É basicamente aquelas coisas que estudantes de cinema aprendem nos primeiros períodos, mas filmados com recursos de última geração.

Helena (Paolla Oliveira) é publicitária, solteira, rica, mora numa mansão, mas recebe uma proposta pra trabalhar em Lisboa, e, após levar um bolo de um possível pretendente, aceita mudar de país. 

Lá ela conhece Alexandre (Ricardo Pereira), um homem bonito, de bom emprego, educado, carinhoso. Tudo vai bem até que em alguns meses de união ela começa a se esgotar da previsibilidade do relacionamento e com os problemas que começam a surgir dentro dessa rotina. Ela então faz uma prece para que Deus possa transformar Alexandre em alguém como ela, ou seja, a metade perfeita da laranja que faça tudo o que ela quer, do jeito dela. Nisso ela passa a ver Alexandre como uma mulher, interpretada por Sara Prata.

A partir daí, já é possível perceber que se o objetivo do personagem é raso e egoísta assim, dado o gênero comédia-romântica, nada seria mais previsível do que um final com a típica jornada do herói, em que ela consegue concluir que, na realidade, o que precisa para a sua felicidade é apenas de si mesma, e não de uma idealização masculina. Sem dúvida, não haveria outra forma de concluir isso, até pela alta que as discussões sobre o poder feminino vêm tomando no país. 

A conclusão que tomamos sobre a personificação do Alexandre como mulher, é a reprodução de algumas situações já vistas em outros filmes Brasileiros. Um exemplo está no filme Se eu fosse você (2006), em que as almas dos personagens trocam de corpo devido aos conflitos ideológicos da relação. Reflexão essa que consta: “eu só entenderia o outro se estivesse no lugar dele”. 

A parte cômica do roteiro não funciona, porque não são criadas situações realmente constrangedoras. Helena começa a ver o namorado como mulher, e o público também, porque o ator é substituído por uma atriz, dando a entender que a personagem é esquizofrênica. É o tipo de artifício que daria certo se o filme fosse um drama, mas por ser comédia o público precisaria ver diferente. 

A única parte de texto que ainda dá um pouco de graça ao filme são as falas da personagem Julia (Julia Rabello), amiga de Helena. 

Dirigido por Leonel Vieira, o filme se vende como comédia-romântica, mas quase não tem humor propriamente dito.

Se a equipe criativa tivesse desenvolvido um roteiro focado mais no romance dos protagonistas do que na troca de sexo, teriam um filme mais profundo e realmente marcante. O que não acontece.
Título Original: Alguém Como Eu


Direção: Leonel Vieira

Elenco: Paolla Oliveira, Ricardo Pereira, Júlia Rabello, Luis Miranda, Arlindo Lopes, Sara Prata

Sinopse: Helena (Paolla Oliveira) e Alex (Ricardo Pereira) são um casal que, como todos os outros, vivem diferentes fases em seu relacionamento. Depois de alguns meses de dúvidas sobre o seu namoro, Helena passa a imaginar como seria se Alex fosse uma mulher, mas sua obsessão pelo assunto vai transformar seus devaneios em algo que a atrapalha.

Trailer:
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