Crítica: Perseguição (2016, de Branden Kramer)

Perseguição, presente no catálogo da Netflix, é mais que um filme, é um alerta pelo cinema. Nessa era tecnológica em que estamos vivendo, que ficamos colados em eletrônicos o tempo todo e onde a privacidade já é algo que não se tem muito, e por escolha própria, imagine alguém que criou uma obsessão por você, a ponto de hackear todos os seus dispositivos e lhe stalkear 24 horas por dia. Creepy, não?!

Diante dessa premissa, temos 80 minutos agonizantes acompanhando a vida de Emma Taylor (Ashley Benson), ou a falta dela, tendo em vista que depois que percebeu estar sendo perseguida por algum maníaco online, só o que fazia era existir, sofrer e tentar se sentir o mais segura possível. O filme tem a mesma pegada de Amizade Desfeita (crítica aqui), exceto pelo fato de que aqui, em Perseguição, não existe nada paranormal, é tudo bem real, o que nos deixa com mais medo e ainda mais paranoicos. Garanto que sua webcam não vai lá ficar muito feliz em ter um adesivo ou post-it lhe cobrindo e ofuscando sua bela função – lhe observar -, mas, tudo pela nossa privacidade, né??? Deus nos livre de ser alvo de algum psicopata. 

O filme foi filmado de duas formas, em primeira pessoa e pelas câmeras dos próprios aparelhos em que Emma estava sendo vigiada; por conta disso, não se sabe ao certo se o filme teve um orçamento precário ou se foi proposital para criar certo impacto. Se foi a segunda opção, pelas críticas e comentários da internet já podemos perceber que não foi do agrado de muitos. Claro, estamos acostumados a filmes que embora tenham uma história horrível, são belos, possuem boa fotografia, boa trilha sonora, bom figurino e por aí vai, mas esse aqui vai te exigir o mínimo de reflexão. Já aviso de antemão – para uma melhor experiência ao ver esse filme -, que o compare com a nossa realidade, não com outros efeitos e estilos de filmes, caso contrário, é bem provável que você ache esse filme ruim.

Não temos aqui um enorme elenco, mas os poucos passaram a mensagem com muita seriedade. Resumindo, todos cumpriram 100% com seu papel. Acredito que mais difícil que atuar para um filme de ficção, por exemplo, seja encenar a vida como ela é, sem que pareça que se esteja gravando um filme, e aqui isso teve grande exito. Ashley Benson (Pretty Little Liars) conseguiu com maestria passar todo o terror e desespero que é estar numa situação assim; a cara avermelhada e de choro, olhos inchados, passam o pânico para o telespectador. Matt McGorry (Orange Is The New Black, How To Get Away With Murder) fazendo papel de crush da nossa protagonista também tem sua boa atuação nos poucos minutos em que aparece, interpretando um cara normal, preocupado; conseguiu, check. Rebecca Naomi Jones (The Big Sick) interpretando a unica amiga que Emma possuía em Nova Iorque também se saí muito bem em sua atuação de… amiga. Agora, precisamos de um tempo para aplaudir Kaili Vernoff (Divorce: The Greatest Hits), atriz pouco conhecida que interpretou a mãe de Emma; a atriz nem apareceu e conseguiu passar ainda mais desespero só pela ilustre presença de sua voz, tanto que é impossível descrever de forma digna essa passagem de Kaili no filme. 



Com isso nos resta apenas a reflexão… mas, por favor, não tenha uma ideia errada de que a culpa é de quem resolve se expor na internet, a culpa não é e jamais será da vítima, é sempre do agressor e sempre daqueles que têm a função de proteger uma comunidade e não o fazem. 

Título Original: Ratter

Direção: Branden Kramer

Elenco: Ashley Benson, Alex Cranmer, Dylan Chalfy, Jeremy Fiorentino, John Anderson, Jon Bass, Kaili Vernoff, Karl Glusman, Matt McGorry, Rebecca Naomi Jones.

Sinopse: Emma, uma estudante de pós-graduação, vive sozinha em Nova York, mas recentemente está sendo vigiada por um perseguidor obcecado que invadiu todos os seus dispositivos pessoais: computador, celular e outros dispositivos conectados a sua webcam – para gravar seus momentos mais íntimos. Como Emma torna-se cada vez mais paranoica, seu mundo começa a desmoronar e as pessoas se afastam dela. O perseguidor vê então sua oportunidade de agir.

Trailer:



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