Crítica: Jumanji (2017, de Jake Kasdan)

Confesso que quando fiquei sabendo que teríamos um reboot de Jumanji, tive duas reações
instantâneas: alegria e preocupação. Alegria porque é um dos clássicos da
infância de uma geração. Um filme que tem um toque de suspense, e até certo
ponto, sombrio, mas, sem perder a identidade e foco em seu público, que era em
grande parte pré-adolescente ou adolescente. A preocupação vinha exatamente da
minha alegria: será que conseguiriam fazer ao menos uma honrada homenagem ao
primeiro filme? O primeiro trailer foi tão decepcionante que, confesso, pensei
em simplesmente não vê-lo.

O trailer serviu para balizar minhas expectativas, mas devo admitir que ele
é até um pouco injusto, já que o filme surpreende em certo ponto. Com um
roteiro leve, mas bastante sagaz e ágil, a história começa a ser contada em
1996 (logo após o término dos acontecimentos do primeiro filme – 1995). Ao
perceber que seu público não tem mais interesses por jogos de tabuleiro, mas
com a necessidade de que mais pessoas o joguem, o próprio jogo se transforma em
uma fita de videogame. Esta é talvez a maior sacada deste enxuto roteiro, já
que assim, inverte a ordem dos acontecimentos do primeiro filme. Explico: ao invés
de abrir o tabuleiro e jogar os dados, Jumanji
se sobrepôs ao universo daquelas pessoas, ou seja, elas passam a adentrar em
Jumanji. Isso ajuda no desenvolvimento do filme, já que justifica o fato dos
personagens terem habilidades e fraquezas que sequer imaginam fora daquela
realidade virtual.

O filme se divide em basicamente em duas partes. Na primeira delas somos
tocados pela nostalgia. Além de termos um jogo se tornando uma fita de
videogame para consoles antigos (já que os mais recentes são todos em CD ou
online), temos uma cena que lembra, e porque não acreditar que foi mesmo uma
homenagem, Clube dos Cinco. Quatro
jovens são mandados para detenção para pensar em seus atos de rebeldia. Claro
que a referência termina por aí, embora exista até uma explicação para o quinto
jovem não estar ali naquela cena.  É
então, quando os quatro jovens são tragados para dentro do jogo e somos
apresentados a parte da aventura. A programação de videogame antigo mantém o
clima de saudosismo, e é curioso notar como os mais velhos riem por verem como
as coisas evoluíram, assim soando engraçado pensar em como eram os jogos
antigamente e ao mesmo tempo os mais jovens riem por achar a situação um pouco
absurda.

A segunda parte do filme busca focar na aventura
e no trabalho dos personagens para sair daquele mundo. Claro que aqui as
referências ao passado caem e sentimos uma acelerada no roteiro que além de
deixar alguns furos, começa a irritar pela quantidade de referências que fazem
para situar o filme no ano de 2016. Desnecessário porque é bastante claro que o
filme se passa em anos atuais, e quebra o trabalho até então interessante que
vinha sendo feito para manter uma linha com o passado. As decepções,
infelizmente não param por aí. O vilão é extremamente apático e de uma
fragilidade sem tamanho. Em termos de o quanto este vilão é enfadonho, posso
classificá-lo lado a lado com o vilão de Liga
da Justiça
. Esta é uma das grandes tristezas, até porque aquele lado mais
sombrio do primeiro filme não faz parte dos planos deste longa, o que
infelizmente já imaginávamos quando o elenco foi escalado.


A composição do vilão vivido por Bobby Cannavale (excelente em Blue Jasmine) não ajuda muito, verdade
seja dita, mas temos ao menos que lembrar que o ator naturalmente consegue ter
cara de vilão. Do elenco principal do filme, destaque como sempre para Jack
Black (Sex Tape e Escola de Rock) que consegue arrancar a
maior parte das risadas; e para Kevin Hart (Todo Mundo em Pânico 3 e 4) que, por mais caricata que seja,
entretêm e diverte na medida certa. No mais as atuações são quase apáticas e a presença
de Nick Jonas (da série Scream Queens
e que dispensa maiores apresentações) no filme só se justifica mesmo pelo final
do filme, final este que se você olhar bem de longe lembra o que poderia ser de
Dark se Ulrich conseguisse fazer o
que pretendia. No fim, além de valer pela nostalgia, vale também para garantir
algumas boas risadas.



Título
Original:

Jumanji



Direção: Jake Kasdan



Elenco: Dwayne Johnson, Jack
Black, Kevin Hart, Karen Gillian, Nick Jonas, Bobby Cannavale, Alex Wolff,
Madison Iseman, Ser’Darius Blain, Morgan Turner, Rhys Darby, Tim Matheson,
Missi Pyle, Maribeth Monroe, Marc Evan Jackson.



Sinopse: Quatro jovens se reúnem
por diferentes motivos, e para passar o tempo, resolvem jogar um jogo de
videogame que se passa na selva. Ao escolher seus avatares e iniciarem o jogo,
os jovens são sugados para dentro do jogo, transformando-os em personagens
reais desta aventura.


Para os mais saudosistas como eu, recordar é viver:



E
você? Já conferiu o filme? Já havia assistido ao primeiro? Não deixe de contar
pra gente o que achou 😉

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