Crítica: 120 Batimentos Por Minuto (2017, de Robin Campillo)


Em meio a tantos filmes dos EUA e Inglaterra, temos a presença dos bons – e as vezes ignorado pelo público – outros filmes estrangeiros (porque tem que se levar em conta que os dois primeiros também são estrangeiros). E dessa vez temos 120 Batimentos Por Minuto, um filme francês, que além de ser o representante do país na corrida pelo Oscar, vem sendo por muitos o favorito.

Baseado nas experiências do próprio diretor, o longa narra uma passagem da história do grupo ACT UP de Paris, que na época, intensificava seus esforços para que a sociedade reconhecesse a importância da prevenção e do tratamento em relação a Aids, que matava cada vez mais. O relacionamento sorodiscordante de Nathan (Arnaud Valois) e Sean (Nahuel Pérez Biscayart), guiará o espectador para as manifestações e reunião do grupo, e também para o universo diferente de cada um dos personagens coadjuvantes, tão cativantes quanto os protagonistas. 

E o filme já começa fantástico (gostaria de começar com outra palavra, mas essa é a mais justa para com o seu 1º ato), utilizando de recursos como flashback e flashfoward para imergir o espectador nas cenas e tensões ali destacadas, além de determinar um certo ritmo no filme. A maneira como isso é pensada no roteiro, e muito bem reproduzido por Robin Campillo (diretor e roteirista) em tela, é inteligente ao ponto de em poucos minutos o espectador já estar tanto interessado, como comprado a história ali proposta.

E assim o filme segue, lógico, há uma pegada ativista no filme, além de uma série de questionamentos, motivações e reflexões que nos fazem realmente pensar e ver que nem tudo vai além de escolher um lado na discussão, mas é mais que claro que o filme não teria algo muito interessante para mostrar se fosse só isso, então é escolhido emergir no relacionamento de dois personagens da trama, e aí mora o maior problema.

Apesar do 1º ato ser fantástico, – e logo adianto, os outros dois serem ótimos também – há uma quebra de ritmo chocante entre o 1º e 2º ato. O primeiro está focado no grupo ativista, com reuniões, movimentos, manifestações e etc, enquanto no fundo rola a linha de enredo do relacionamento. Já o segundo muda isso, acaba invertendo a ordem de foco, o que é ótimo já que é o objetivo do filme, escolhe um estilo próprio para como mostrar esse relacionamento, diferenciando os momentos em que o filme retrata o grupo ativista – o que também é muito bom. Porém falha em como suavizar isso, no primeiro temos ação, discussões, barulho. No segundo temos romance, conversa, silêncio.

O contraste entre os dois é muito claro, e ao decorrer do filme isso pode tanto como ser ignorado pelo público comum, como muito irritante e problemático. O espectador pode comprar o filme pelo seu ritmo rápido e contagiante do 1º ato, e detestar a lentidão e leveza do segundo. Como pode entender o porquê isso acontece, mas nem sempre essa compreensão existe.

Fora isso o filme é brilhante, retrata muito bem – e até de forma histórica – os problemas e questões tratadas naquela época sobre o assunto principal, desenvolve e aprofunda de maneira brilhante o relacionamento dos personagens, – e apesar do problema em ritmo – alinha os dois anteriores da melhor maneira possível.


Um trabalho incrível de Robin Campillo (tanto de roteiro, como em direção), atuações densas, trilha sonora tocante, fotografia linda e um argumento extremamente importante, fazem de 120 Batimentos Por Minuto um dos meus favoritos do ano, e sem dúvida, um grande filme. Recomendável a todos os públicos.


Título Original: 120 Battements Par Minute

Diretor: Robin Campillo

Elenco: Nahuel Perez Biscayart, Arnaud Valois, Adèle Haenel, Antonie Reinartz.

Sinopse: Baseado nas experiências do próprio diretor, o longa narra uma passagem da história do grupo ACT UP de Paris, que na época, intensificava seus esforços para que a sociedade reconhecesse a importância da prevenção e do tratamento em relação a Aids, que matava cada vez mais. O relacionamento sorodiscordante de Nathan (Arnaud Valois) e Sean (Nahuel Pérez Biscayart), guiará o espectador para as manifestações e reunião do grupo, e também para o universo diferente de cada um dos personagens coadjuvantes, tão cativantes quanto os protagonistas. 

Trailer:



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