Crítica: American Horror Story: Cult – 7ª Temporada (2017, Angela Bassett, Barbara Brown e outros)


American Horror Story: Cult, talvez tenha sido a mais assustadora temporada até hoje. Vejo muita crítica esse ano e muita divergência de opiniões, mas em uma coisa todos concordam, o assunto tratado está longe de ser ficção e por mais que a produção tenha “errado” em passar algumas ideias, o terror é real.



É 8 ou 80.


Ou você gostou muito desse ano ou você odiou. E acho que a intenção foi bem essa mesmo. A história começa com a paranoia de Ally (Sarah Paulson) e todos os seus medos e fobias voltados para diversas coisas que atrapalhava sua vida e a de todos ao seu redor, até o dia que sua rotina muda com a chegada de novos vizinhos, nada convencionais, na casa onde acabara de ocorrer um assassinato.

Conforme os episódios vão passando, a duvida se instala: O que é real e o que não é? Não é tão claro o que está acontecendo até a metade da temporada, onde Kai (Evan Peters) começa a por seu plano em ação. Carismático, bonito, bom de lábia, consegue manipular tudo e todos ao seu redor para que ele consiga o que quer. No começo, todos os ditadores começam com boas intenções, a ideia geral era criar o caos – ser o caos – para em seguida, ser o salvador que todos precisam. Mas a cada passo que ele dava, sua perspectiva mudava conforme suas ideias e suas reais intenções. É claro que ele queria provocar o medo, criar uma reação generalizada de terror, mas não para ajudar, como ele pintava a torto e a direito nos episódios, mas para ajudar a si mesmo e alimentar seu ego, de que ele podia sim chegar lá! Lá que eu digo é na política. E sua cegueira é tamanha, que ele crê fielmente que está conseguindo tudo o que quer sem quaisquer consequências.







Apesar de todo o circo para criar o culto de Kai, as pessoas envolvidas eram muito específicas e a série tem todo um cuidado em trabalhar em cima disso; acredito que deixou os espectadores confusos de certa forma. Pessoas comuns, que são levadas a fazer coisas terríveis, seja por raiva, para tentar corrigir uma injustiça, ou pelo simples fato de serem manipuláveis; todos com falhas de caráter que Kai soube se aproveitar. A teia de personagens suspeitos é diversificada, temos uma esposa (Leslie Grossman) que ama o marido (Billie Eichner), mas ele não a ama por que é gay; Ivy (Alison Pill), que não sabe lidar com os problemas da esposa (Sarah Paulson); um policial (Colton Haynes) que não sabe o que fazer com a própria vida, e a irmã mais nova de Kai (Billie Lourd), que tem uma lealdade cega pelo irmão, mas em todos os casos, uma constante: a infelicidade. AHS: Cult, nada mais é o que a sociedade que vivemos estampada na TV. Não é a toa que eles tenham como plano de fundo a campanha eleitoral de Hillary Cliton e Donald Trump, porque, querendo ou não, todo mundo ficou receoso do futuro e, de certa forma, frustrado. A eleição foi só o estopim para um medo que existe e sempre existirá, esse medo na série foi usado como combustível para uma “causa maior”, mas que, no fundo, mostrou tudo o que precisávamos.


A manipulação das redes sociais na mídia, das próprias pessoas em querer acreditar piamente em algo que lhes traga conforto ou algum tipo de realização. Onde muitas precisam de um líder forte que as guie. O desrespeito em torno das mulheres; o feminismo que, ultimamente tanto se tem ouvido falar, é colocado de forma brusca e exagerada na trama, mas não deixa de tocar nessa ferida. O último episódio deixa muito claro essa questão, quando Kai diz para Ally e para quem quiser ouvir que ela representa uma ideia, uma vontade, um ideal de mundo onde as mulheres sejam como os homens, no sentido de serem respeitadas; que, segundo ele, isso é impossível, pelo simples fato de sermos mulheres e fracas. Esse é um ponto primordial da série, que como eu disse, apesar do exagero em algumas partes, quis falar de um assunto tão importante que ainda é tratado por muitos, como se não existisse. Ally, inclusive, é essa esperança em torno de um mundo mais igualitário, pelo menos na série, ela, que era uma mulher insegura e cheia de fobias, consegue lutar contra isso após ser traída, humilhada e esquecida, termina por cima. Tirando os absurdos e algumas “forçações de barra”, a temporada é muito bem feita, sangrenta, como não pode deixar de ser, pois estamos falando de American Horror Story e traz questões importantes para se pensar, talvez a mais séria até hoje. Se você não assistiu ainda, dê uma chance e vá de mente aberta.



Título Original: American Horror Story – Cult


Direção: Angela Bassett, Barbara Brown, Bradley Buecker, Gwyneth Horder Payton, Liza Johnson, Maggie Kiley
Elenco: Sarah Paulson, Evan Peters, Leslie Grossman, Billie Eichner, Alison Pill, Colton Haynes, Billie Lourd, Adina Porter, Cheyenne Jackson, Cooper Dodson


Sinopse: Ally (Sarah Paulson) é uma nova iorquina traumatizada pelos ataques de 11 de Setembro. Ao longo de sua vida, ela desenvolveu três fobias: Tripofobia, ansiedade por objetos ou formas que tenham pequenos buracos ou cavidades; Coulrofobia, medo irracional de palhaços; e Hemofobia, medo irracional de sangue. Foi com a ajuda de sua esposa Ivy (Alison Pill) que ela aprendeu a controlar seus medos, mas com a vitória de Donald Trump nas eleições, suas fobias começam a ficar sérias novamente. Envolvida numa trama de medo e paranoia, Ally percebe que pode estar sendo manipulada por um culto assassino que atua pela cidade mas ninguém parece acreditar nela.

Trailer: 
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