Crítica: Some Kind Of Monster (2004, de Joe Berliner e Bruce Sinofsky)





Várias bandas de Rock já acabaram por causa do ego de seus membros. O Guns N’ Roses acabou por causa das brigas de Axl Rose e Slash, que recentemente fizeram as pazes e voltaram a tocar juntos, o The Beatles supostamente não acabou por causa das brigas entre os integrantes – principalmente John Lennon, Paul McCartney e George Harrison -, mas certamente elas tiveram uma parte importante no fim da banda, e temos milhões de outros exemplos. Some Kind Of Monster mostra como essas batalhas são intensas, e como o Metallica passou muito perto de ter o mesmo fim das bandas citadas anteriormente.


O documentário se passa durante a gravação do álbum St.Anger – o álbum do Metallica mais contestado por críticos e também por fãs da banda -, que é entre muitos problemas envolvendo os dois fundadores da banda, Lars Ulrich, o baterista, e James Hetfield, o vocalista e guitarrista base.


Os dois vivem brigando, seja por motivo relevantes ou motivos bobos, e o filme não toma lado nenhum, o que é excelente. Alguns espectadores podem tender a concordar com Lars ou com James, mas a narrativa não tem o menor intuito de ser parcial quanto a isso.




Muitos filmes nessa situação focariam a história nos dois integrantes que brigam o tempo todo, mas Some Kind Of Monster também foca muito em Kirk Hammett, e isso é uma das melhores coisas do longa. É muito bacana ver como, no meio dos dois mega-egocêntricos, Kirk parece ser quase desprovido disso. Há uma cena que ele fala sobre isso, e eu interpreto que os diretores também se impressionaram com essa faceta de Hammett e o fizeram falar sobre isso. Mais tarde, porém, vemos que o guitarrista não é totalmente sem ego, pois ele tenta a todo custo obrigar solos em todas as músicas. Pode também ser interpretado como uma convicção musical, mas me pareceu algo egocêntrico.


Realmente, as cenas onde Lars e James brigam são as mais fortes da produção. Em alguns momentos, eu achei que o documentário mostraria que a banda acabou, mas rapidamente reatou, levando em conta o teor e a frequência das discussões. Também é muito boa a cena em que James pede que os outros integrantes não mudem ou sequer escutem as gravações do dia sem ele, e isso começa uma discussão sobre a afirmação anterior de James que Lars comanda tudo na banda, e nessa hora Lars retruca que James manipula tudo, mesmo sem saber ou ter a intenção.



O filme poderia focar um pouco mais na polêmica que aconteceu com o Napster, episódio até hoje lembrado por vários fãs – ou ex-fãs – da banda. É muito pequeno o destaque que isso tem no filme, levando em conta a gigantesca repercussão que isso teve na época.


Há algumas cenas muito fortes emocionalmente no documentário, especialmente a que Dave Mustaine conta a Lars sobre tudo o que vêm acontecendo com ele desde que saiu – leia-se, foi expulso. – do Metallica. É visível a culpa que Lars carrega, mas mesmo assim ele não parece muito crente de que Dave sente essa dor tão forte ainda, pois tem uma banda de grande sucesso também, o Megadeth.


A cena final do filme é extremamente bem construída. Desde o momento em que começa a tocar The Ectasy of Gold – música que originalmente é da trilha sonora do clássico faroeste Três Homens em Conflito, de 1966, mas é usada desde sempre para abrir os shows do Metallica, pois o filme citado é o preferido de James Hetfield -, quando é mostrado todo o nervosismo dos integrantes antes da volta aos palcos, até a parte em que aparece um adolescente alucinado antes da entrada da banda no palco, mostrando o que é o principal objetivo do Metallica, mover multidões, inspirar gerações e divertir seus fãs.


O documentário é muito transparente e aparentemente não esconde absolutamente nada do público, que fica o tempo todo curioso e ansioso pela próxima cena. Mas eu acredito que alguém que não seja fã do Metallica dificilmente vai conseguir ficar tão engajado assim quanto eu fiquei no filme. Mas se você for fã da banda, corra para assistir.





Título Original: Some Kind Of Monster


Direção: Joe Berliner e Bruce Sinofsky


Sinopse: O documentário mostra os bastidores da gravação do álbum St. Anger, do Metallica, e as brigas, discussões e problemas que ocorriam durante este processo.


Elenco: James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett, Bob Rock, Robert Trujillo, Jason Newsted, Dave Mustaine, Cliff Burnstein




                                                                           Trailer:






Deixe seu comentário:

Deixe uma resposta