Crítica: A Incrível Jéssica James – Ideologia Feminista versus Realidade


Está com saudades de filmes despretensiosaos que possuem temáticas sérias como pano de fundo?



Então você vai adorar a nova série da Netflix com toques de empoderamento feminino. Como trata-se de uma análise, senta que lá vem spoiler…

Jessica James (Jessica Williams) é uma professora de teatro comunitário, aspirante a roteirista frustrada, que se intitula super resolvida e feminista.


Não se pode deixar de mencionar que Jessica Williams está perfeita no papel, que parece que foi escrito sob medida para a atriz, ela consegue transitar do trágico para a comédia tranquilamente e com classe.



A história começa pelo recém término da protagonista com Damon (Lakeith Stanfield), e depois de vários encontros à cegas, no qual, em um destes, armado por sua amiga lésbica Tasha (Noël Wells), conhece Boone (Chris O’Dowd) e em meio à seu sinsericídio (onde ela acredita que deve falar tudo o que pensa, doa a quem doer), consegue se conectar de uma maneira torta à ele e iniciam um romance desconexo. 


Boone é um recém divorciado e não consegue esquecer sua ex-mulher, e neste contexto a conexão é inevitável, pois Jéssica também não consegue deixar seu ex em paz, pelo menos em sua mente, ela recria inúmeras situações em que seu ex é morto de formas trágicas, o que de certa maneira a reconforta. Jéssica é uma personagem muito complexa, como todos nós, e isso faz com que seja única dentro de seu espaço. 




O defeito da série é em alguns momentos, estereotipar o feminismo, que poderia ter sido abordado de uma maneira diferente, deixando a personagem dissimulada, pois várias vezes vemos ela “pregar” algo, mas suas atitudes demonstram o contrário. Por exemplo: ela diz que é segura, independente mas não consegue tirar o ex (que a própria terminou) da cabeça, inclusive dorme com um Vick Vaporub (cheiro do ex) em baixo do travesseiro; não acredita em felicidade em relacionamentos amorosos, mas está em busca de um romance.
Entra em conflito com uma criança para qual dá aula de teatro, mas esquece que a pequena é apenas uma criança e terá muito tempo para pensar em seu futuro.  


Não sei se o diretor e roteirista da trama James C. Strouse estava interessado em criar um elo de ideologia versus realidade, visto que não se consegue seguir plenamente um conceito sem que este esbarre com a realidade em que vivemos, ou se Jéssica não seguiu mesmo a ideologia, por ser uma personagem que a própria criou, alguém que vive apenas deste estereótipo, mas no fundo, por ser uma escritora, é sonhadora, romântica e frágil.



Pelo passado da personagem, sabemos que ela criou uma carapaça para se proteger de algumas situações que passou, daí pode ter surgido então seu envolvimento com o feminismo, mas não se aprofunda na história, aliás, falta história e isto pesa negativamente no filme.



Mas, pelo lado positivo, podemos ver uma paleta de cores incrível, nas cenas elaboradas por Sean McElwee, algo tão sublime que também remete à série cancelada da Netflix – Get Down.




Ficamos tristes em ter apenas um fragmento da vida de Jessica James que poderia ter sido imensamente explorada de uma forma inteligente, mas o trabalho da atriz Jessica Williams com certeza compensa as falhas e você dará risadas. É um ótimo filme para uma tarde de domingo.



Título original: The Incredible Jessica James

Direção: James C. Strouse

Elenco: Jessica Williams, Chris O’Dowd, Keith Stanfield, Noël Wells

Sinopse: Jessica James, uma aspirante a dramaturga de Nova York, está lutando para superar uma recente dissolução. Ela vê uma luz no final do túnel quando conhece o recém-divorciado Boone. Juntos, eles descobrem como fazer as coisas darem certos nos tempos difíceis enquanto percebem que eles gostam 
(muito) um do outro.

Trailler:



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