Critica: Kiki – Os segredos do desejo (de Paco Léon, 2017)


A refilmagem do filme australiano A Pequena Morte (Josh Lawson, 2014) é o terceiro longa-metragem do espanhol Paco Léon no qual dirige, roteiriza e atua. O nome é uma homenagem de uma música muito tocada durante as gravações: Let’s have a Kiki da banda americana Scissor Sisters. Kiki é uma gíria gay para conversar em particular e é muito usada entre negros e latino-americanos.
São cinco histórias acontecendo durante o verão escaldante em Madri, na Espanha. Cada uma fala sobre uma parafilia sexual. Natalia (Natalia de Molina) está a espera do pedido de casamento de Alex (Álex García) e ao sofrer um assalto, descobre que tem Harpaxofilia (prazer em ser vitima de assalto e sequestro). Ao contar para o namorado, este se dedica ao orgasmo da amada. Ao acordar de manhã, o cirurgião plástico Jose Luis (Luis Bermejo) tem uma ereção ao ver sua esposa Paloma (Mari Paz Sayago) dormindo, característica da Somnofilia. Assim surge a oportunidade de se recuperar do acidente que a deixou cadeirante. 

Há tempos, Candela (Candela Peña) e Antonio (Luis Callejo) tentam ser pais, mas ela não consegue ter um orgasmo com ele até o despertar da sua Dacrifilia. Assim, Candela passa os dias provocando choro no marido para se excitar. Sandra (Alexandra Jiménez) é uma surda solteira em busca de um homem para se apaixonar e possui Hifefilia pela seda, ou seja, excitação ao tocar em determinados tecidos. Por fim, temos o casal Paco (Paco León) e Ana (Ana Katz) buscando reacender a paixão das suas relações sexuais contando com a ajuda de Belén (Belén Cuesta).

Paco usa plano aberto e posição centralizada de personagens tornando Madri um personagem passivo através da diversidade cultural dos bairros e não apenas um pano de fundo, deixando os closes para os momentos de orgasmo dos personagens. A montagem permite as cenas de cada sequência estarem simultâneas entre si, salvo os momentos de encontro entre personagens. O roteiro possui a estrutura: problema amoroso, descoberta sexual, prática sexual, conflito e solução.
O excesso de iluminação em ambientes sofisticados contribui para o humor escrachado em contraste com a seriedade da atuação na sequência da Somnofilia e da Harpaxofilia. A pouca iluminação foi o modo do diretor de preservar os frequentadores do clube de sexo. O figurino delimita a localização do personagem na cidade. Sejam Os hippies de Lavapiés, os hipters de Malasana, os playboys de Serrano. Sem mencionar a trilha sonora eclética incluindo Enamorada de Pedrina y Rio, Os Noturno em Mi bemol menor, Op. 9, No. 2 de Chopin e a música-tema do filme.
Para quem quiser kiki, espere por uma comédia romântica sobre o sexo como manifestação do amor, nenhuma genitália exposta, crônicas madrilenhas e o Festival de Paloma em alta definição.

Título Original: Kiki – El amor se hacén

Direção: Paco Léon

Elenco: Paco León, Ana Katz, Belén Cuesta, Natalia de Molina, Álex García, Luis Bermejo, Mari Paz Sayago, Candela Peña, Alexandra Jiménez e Luis Callejo.

Sinopse: Num verão escaldante de Madri, cinco histórias de comédia dramática erótico-festiva acontecem, quando os personagens descobrem fontes de prazer estranhas e incomuns com nomes impronunciáveis: Dacrifilia, Hifefilia, Somnofilia, Harpaxofilia… tabus são quebrados, um a um, conforme nossos casais excitados se envolvem em uma emocionante libertação onde nenhum prazer é negado, seja qual for a sua forma.

Trailer

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