Especiais: 5 Filmes Que Questionam a Realidade

“Realidade é aquilo que não desaparece quando deixamos de acreditar.”

A frase e imagem em destaque são do escritor Philip K. Dick (1928-1982). Um dos melhores escritores do século XX, que ficou conhecido por sempre suspeitar do mundo a sua volta. Philip escreveu vários livros e contos, alguns deles já foram adaptados para as telonas, como Minority Report – A Nova Lei (de Steven Spielberg), O Vingador do Futuro (dirigido por Paul Verhoven em 1990 e ganhou um remake em 2013) e Blade Runner – O Caçador de Androides (adaptação de Ridley Scott para o excelente livro Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?)



É inspirado em Philip, meu autor favorito, que trago a lista de filmes que questionam a realidade. 
Além do critério de questionar a realidade, também priorizei por filmes que não são tão populares nos dias de hoje, como são Clube da Luta, Donnie Darko ou A Origem.

Coherence (2013) Dir: James-Ward Byrkirt


Já que comecei falando sobre o meu escritor favorito, mostro mais um pouco do meu leque de preferências para apresentar o filme que mais gosto. 

Quem vê estes oito amigos, que mais parecem uma versão gótica de Friends, não imagina que o filme apresenta um dos melhores enredos já criados na história (sem exagero).

A história é a seguinte: Um grupo de amigos de longa data se reúnem para um jantar após o trabalho, num dia qualquer. A única diferença é que um cometa está passando bem perto da terra justo nesse dia. Enquanto este cometa vira assunto na mesa de jantar, a luz do bairro todinho acaba e eles começam a ouvir barulhos no jardim.

Se a conclusão é de que o filme mudou drasticamente de Friends gótico para um filme de terror classe B é aí que você se engana. O roteiro de James-Ward Byrkit se mostra muito surpreendente e conta uma história avassaladora em apenas 90 minutos. A grande questão do filme é: Você REALMENTE conhece os seus amigos?

Se quiser saber mais sobre o filme, leia a crítica sem spoilers aqui do blog.

Sorte Cega (1981) Dir: Krzysztof Kieslowski


Este filme é do renomado diretor Krzysztof Kieslowski, e foi lançado sete anos após a sua produção, por conta da censura em seu país. Przypadek (nome original, e muito mais bacana que Sorte Cega) conta a história de Witek, que decide largar tudo e compra uma passagem de trem para a capital do país. A história dá três diferentes destinos para o protagonista. Mostrando ao espectador como um detalhe sutil na vida de alguém pode transformar a pessoa completamente. 

O filme tem um forte apelo político, ao mesmo tempo que trata de temas como a aleatoriedade subjetiva do filósofo Epicuro, e é uma excelente opção de filme para quem está cansado das grandezas dos filmes de ficção científica de Hollywood. Sem nenhum efeito especial e técnicas mirabolantes de filmagem, o filme encarrega de prender a atenção com a sua história. Com planos perfeitamente cronometrados e alguns simbolismos em cena, vale a pena conferir esse e muitos outros filmes do diretor.

Sr. Ninguém (2009), Um Homem com Duas Vidas (1991) e O Novíssimo Testamento (2014) – Dir: Jaco van Dormael


Jaco van Dormael é um diretor de TV da Bélgica, mas as vezes ele dá um pulinho no mundo do cinema. Dentre os cinco filmes que ele dirigiu em seus 26 anos de carreira, três deles brinca com o fato do que é ou não é real. E merecem destaque nessa lista.

Sr. Ninguém, de 2009 (imagem de cima) é até conhecido por alguns, principalmente por ter Jared Leto no papel principal e ser completamente em inglês. Ele é quase que uma adaptação de Pryzpadek e tem exatamente a mesma premissa numa estação de trem e futuros possíveis, mas investe mais numa narrativa clássica hollywoodiana e em efeitos visuais bem sacados que combinam muito com o seu viés mais científico. O elenco ainda contém outros atores conhecidos pelo público, como Juno Temple, Sarah Polley e Diane Kruger. E também tem  uma crítica dele aqui no blog. Clica aqui pra conferir!

Já no belíssimo Um Homem Com Duas Vidas (imagem a esquerda) de 1991, Dormael faz um filme muito mais contido e fora dos padrões do mercado. Apesar de sua narrativa clássica, a obra de estreia do diretor não se propõe grandiosa como o filme citado anteriormente, e foca na interioridade de um homem chamado Thomas, que, devido um incêndio na maternidade do hospital em que nasceu, acabou sendo trocado com o seu vizinho Alfred, que estava na mesma maternidade. Só que têm dois problemas, Thomas sabe que foi trocado, e a família de Alfred é muito rica, enquanto a sua passa por dificuldades financeiras. A história complica cada vez mais a vida de Thomas, ao passo que Alfred cresce na sociedade causando um rancor grandioso no protagonista. 

Agora, pensemos: E se todos os problemas que passamos na vida, fosse culpa de um Deus sarcástico e irritado com a vida, que fizesse leis pra que a vida de todo mundo fosse o pior possível? E se a filha desse Deus, portanto, a irmã mais nova de Jesus, decidisse contrariar ao pai e viesse diretamente pra terra tentar ajudar os humanos?  

Essa é a premissa de O Novíssimo Testamento (imagem à direita), que traz uma divertida visão de Deus, de dar inveja a Douglas Adams, ao mesmo tempo em que questiona dogmas, religiosidade e fé. Diferente dos outros filmes do diretor, tem um tom muito mais debochado e descompromissado. Aquele filme bacana de assistir com a família e, ao mesmo tempo, dar uma cutucada.

Videodrome (1983) Dir: David Cronenberg


O diretor canadense David Cronenberg é muito conhecido pela irregularidade estranheza de seus filmes, e em Videodrome, o seu usual gore se mistura com um filme completamente esquizofrênico e uma narrativa que brinca com o limite do confuso e do incompreensível. O diretor leva o espectador até o limite da vida de Max Renn, o dono de um pequeno canal de TV a Cabo que começa a receber um sinal pirata na televisão de sua casa que altera a realidade a sua volta. 

O filme também aborta a questão de seita secreta, ao mesmo tempo que faz uma crítica muito forte a alienação que os canais de televisão causam. 

A Passagem (2005) Dir: Marc Foster


O filme mais hollywoodiano da lista, conta com um elenco recheado de estrelas, que é encabeçado por Naomi Watts, Ewan McGregor e  Ryan Gosling. A história mostra a vida de um psiquiatra (McGregor) que descobre que um dos seus pacientes está planejando se matar (Gosling). Ao mesmo tempo em que aumenta a atenção pelo seu paciente, ele começa a perceber que o rapaz é uma espécie de profeta que descobre tudo que irá acontecer  num futuro próximo. Essas pequenas revelações fazem o psiquiatra repensar vários aspectos de sua vida, que acaba envolvendo sua esposa (Watts) nessa loucura. 

Apesar de ser o filme que mais segue os padrões convencionais de histórias hollywoodianas, ele não foi muito bem de crítica na época exatamente pela quebra em alguns pontos da receita do sucesso, como não identificar exatamente quem é o protagonista do filme, e acabou esquecido para toda uma geração de espectadores. Mas se você é fã de plot twists bem construídos, vale a pena dar uma conferida nesse filme.

E vocês, leitores, gostaram do especial? Já assistiram quais filmes da lista? Tem alguma teoria sobre algum deles? Não deixa de comentar aí em baixo e de conferir a parte 2 aqui.

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