Especial: Livros de Irvine Welsh que Viraram Filmes



T2 Trainspotting estreou aqui no Brasil. O filme é baseado no livro Porno do escritor Irvine Welsh. A história é a continuação de Trainspotting – Sem Limites, filme de 1996, dirigido por Danny Boyle e que fez muito sucesso no mundo todo.



Aproveitando o lançamento do filme, trago um especial pra lembrar e recomendar (ou não) todos os filmes que foram feitos, à partir de obras literárias de Irvine Welsh.




Irvine Welsh é um artista escocês que além da sua clara relevância para a literatura britânica, também já foi integrante de algumas bandas punk antes de escrever o seu primeiro romance, que foi exatamente, Trainspotting , livro que deu a ele um grande reconhecimento.  Welsh vive hoje na Irlanda com sua esposa e continua escrevendo alguns livros, além de se aventurar na escrita de roteiros, tanto para peças quanto para o cinema, isso sem contar algumas aparições especiais em filmes. 


Pra deixar mais emocionante, recomendo você a abrir essa playlist, para ouvir durante e depois do post:


Trainspotting – Sem Limites (1996) 
Livro homônimo que deu a Welsh reconhecimento internacional.
“O melhor livro já escrito por homem ou mulher… merece vender mais cópias que a bíblia.

“Escolha uma vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira – escolha uma família! Escolha a porra de uma TV grande! Escolha uma máquina de lavar, carros, discman, abridor de latas eletrônico. Escolha uma boa saúde, baixo colesterol, plano de saúde dentário. Escolha parcelas fixas para pagar. Escolha uma casa – escolha seus amigos! Escolha roupas, acessórios. Escolha um terno feito do melhor tecido. Escolha bater uma punheta num domingo de manhã pensando  nessa merda de vida. Escolha sentar no sofá pra ficar vendo programas de auditório. Comer um monte de porcaria e acabar apodrecendo. E no fim do caminho, escolha uma família e filhos que vão se envergonhar de você por causa desse sentimento egoísta de que você os pôs no mundo para substituí-lo. Escolha o seu futuro. Escolha a vida.


Por que eu iria querer algo assim? Eu escolhi ‘não escolher a vida’. Eu escolhi uma outra coisa. E os motivos? Não há motivos. Quem precisa de motivos quando se tem heroína?”
Você já deve ter ouvido essa citação que abre o Trainspotting – Sem Limites, não é?
O filme que foca na vida de Mark Renton, um dos protagonistas do livro, cujo qual foi inspirado o filme, tem Ewan McGregor no papel principal e foca no envolvimento de cinco personagens com a heroína (além de Mark, o filme nos conta a influência da droga na vida de Spud, Sick Boy, Begbie e Tommy).  


   

Trainspotting é completamente sensacional. Intenso do começo ao fim, em todos os bons sentidos.  Em poucas linhas fica difícil de elogiar com mérito todos os seus aspectos cinematográficos, então, ressalto os dois aspectos que me chamam mais a atenção:


1 – Edição: Masahiro Hirakubo (que editou o mini-doc indicado ao Oscar 2017 The White Helmets) faz uma edição primorosa, e ajuda o diretor a contar a história de uma forma única. Em inúmeras cenas, a forma como há a transição de uma cena para a outra é excelente, e certamente, quem assistiu acha inesquecível algum momento do filme. Aliás, você que está lendo este especial, até poderia deixar aí no comentário qual é aquela cena inesquecível do filme pra você, e aproveitar pra perceber a importância da edição nela.



2 – Direção: 
A
forma com que Danny Boyle ambienta a história e a fantasia com
aspectos épicos do livro é feita de forma primorosa. Ele consegue
arrancar de todos os atores o espírito do livro e tornar a película
ainda mais impressionante, para causar o apelo visual esperado. Os
atores coadjuvantes são intensos 110% do tempo. E o protagonista é
usado como uma âncora para tentar segurar a sanidade de todos, mas
ao mesmo tempo a sua própria história mostra sua dificuldade de se
manter são.


Trainspotting
– Sem Limites
marcou de forma significativa a atual geração de
cinéfilos e, certamente, marcou esse que vos escreve. Está, sem
sombra de dúvidas, na lista dos dez melhores filmes que eu já tive
a chance de assistir, e por conta disso, merece a melhor nota
possível.

Só 10, porque não tem como dar mais.
Trailer:

The Acid House (1998)



The Acid House veio no embalo de Trainspotting, de certa forma, querendo segurar no rabo do cometa, que foi a produção de 1996. 



Com um roteiro inteiramente escrito por Irvine Welsh, o filme se desenha num estilo parecido com alguns filmes do cineasta Woody Allen, onde são contadas três histórias, com poucas ligações entre si, unidas por um elo comum, que no caso deste filme, é a interferência física de Deus, na vida de três escoceses que estão com suas vidas arruinadas. 



O filme conta com um roteiro extremamente inteligente, e apesar do baixo orçamento, traz imagens e efeitos interessantíssimos.





Duas das três histórias são protagonizadas por atores que fizeram parte do grupo de protagonistas de TrainspottingEwen Bremmer (que interpretou Spud) e Kevin McKidd (quase repetindo o papel de Tommy). 



Foi o longa de estreia do diretor Paul McGuigan que depois conseguiu alguma visibilidade no cenário internacional e dirigiu o excelente Xeque-Mate de 2006, protagonizado por Bruce Willys, e o não tão excelente, Victor Frankestein de 2015, que conta no elenco com James McAvoy e Daniel Radcliffe, além de ter dirigido algum epísodios da séria da BBC Sherlock  e de Luke Cage.


Apesar do roteiro inteligentíssimo, o filme escorrega nos exageros que o próprio Welsh leva a obra. Aproveitando que nenhuma grande produtora está no seu calcanhar, o autor leva seu roteiro aos tão acostumados incômodos de sua obra, mas traz cenas desnecessárias e constrangedoras de forma gratuita. Se antes comparei ao Woody Allen, devo refazer a análise e dizer que o filme é uma mistura entre o filme Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre sexo (Mas Tinha Medo de Perguntar) de Allen e Gaspar Noé.



Trailer:



Filth (2013)





Filth,
definitivamente é o segundo filme maduro
inspirado em alguma obra de Irvine Welsh. Com uma produção mais cuidadosa e custosa que Trainspotting – Sem Limites. A película custou, oficialmente 5 milhões de dólares, 1 milhão e meio a mais do que a obra estrelada por Ewan McGregor.



Em Filth temos Bruce, um policial que é interpretado pelo excelente ator James McAvoy, que é um policial em busca de uma promoção, e fica responsável por um caso que ele tem certeza que é um mero protocolo para a oficialização do seu novo cargo. O diretor Jon S. Baird, é pouco conhecido do grande público, mas mostra uma eficiência enorme neste filme, ao deixar um punhado de mensagens subliminares durante o filme todo, ao mesmo tempo que entra na mente do protagonista e coloca todos os seus medos a tona, com muita voracidade.





Além da brilhante atuação de James McAvoy, que ganhou dois prêmios pela sua atuação no filme (Brittish Independent Film Award e Empire Award), a obra conta também com ótimas atuações de Jamie Bell, Eddie Marsan e Imogen Poots, que não deixam em nenhum momento parecer que o protagonista sustenta o filme sozinho, apesar dele estar presente em quase todas as cenas.



O único pequeno deslize de Filth é a inconsistência do roteiro nos minutos finais da trama, que conta com uma revelação surpreendente. A história é boa e, certamente, deixa o espectador com uma pulga atrás da orelha querendo rever o filme, mas é considerável o fôlego que o filme perde em seus minutos finais em comparação ao resto.



Trailer:




O que posso notar, percebendo a característica de todos esses filmes, é que há um ‘complexo de Vira-Lata’ muito grande no autor. Algo que fazemos com frequência no Brasil, que é ressaltar e fazer piada com todos nossos defeitos. Irvine Welsh faz isso, com genialidade, em relação a Escócia. Seus livros e roteiros, servem pra mostrar que no dito primeiro mundo, existem pessoas tão ruins ou piores que aqui, que existe uma corrupção escancarada, que os policiais não sabem tratar sua população e etc. 

Apesar da carga de crítica a sociedade em seus filmes, não consigo sair de nenhum deles triste, uma grande parte pela genialidade do autor, e outra grande parte por perceber que nós brasileiros, não vivemos num país tão ruim quanto imaginamos. Que esses problemas que achamos particulares do Brasil, são também vistos em muitos outros lugares no mundo, só que geralmente eles gostam de esconder. Irvine Welsh não, ele mostra como é a sociedade escocesa, desmistificando um pouco como é viver no Reino Unido.


E vocês, leitores, conhecem as obras literárias e cinematográficas do autor? Está ansioso ou já assistiu o T2? Deixa o seu comentário aí em baixo, quero saber sua opinião!

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