Crítica: Um Gato de Rua Chamado Bob (2016, de Roger Spottiswoode)


Gatos são animais controversos, né? Enquanto muita gente o vê como uma criaturinha trapaceira, desafeiçoada e até mesmo nojenta, outros o enxergam como um bichano nobre, companheiro e leal. Seja pelo lado bom ou pelo ruim, em Um Gato de Rua Chamado Bob, somos apresentados a um músico cuja vida virou completamente do avesso ao conhecer Bob, esse camarada ruivo da foto. Sem previsão de estreia no Brasil, o longa baseado no best-seller internacional é estrelado por Luke Treadaway, Ruda Gedmintas e Joanne Froggatt. Então venha conhecer mais sobre esta linda história real, que merece ser conferida por todos os públicos!


A história gira em torno de James Bowen, músico de rua que não está em seus melhores dias, pois é viciado em drogas e devido a isso, vive uma relação complicada com seus pais. Graças a representante de um programa de desintoxicação que frequenta, um alojamento lhe é providenciado, mas ele deve estar ciente de que um simples deslize acarretaria em uma parada cardíaca e na pior das hipóteses, a morte. Certo dia, quando encontra um gato laranja perambulando dentro da casa, James resolve cuidar do bicho, apesar de sua situação atual. O que era para ser uma simples coincidência se transforma em uma inesperada amizade, que se intensifica ao longo do tempo e acaba mudando a vida dele para sempre.

De certa forma eu nunca tinha ouvido falar da notícia verdadeira em questão, porém é interessante saber como a história é contada de maneira fiel e sutil. Independente se foi fácil ou não adaptar os fatos do livro para os cinemas, o longa tem um mérito a ser considerado e faz jus ao belo feito de Roger Spottiswoode. A trama bem bolada investiga desde a cena inicial o caráter simpático de James, que como personagem foi muito bem escrito e Luke Treadaway (Penny Dreadful) teve um grande desempenho ao realizá-lo. Ele carrega um trabalho difícil ao entregar um James viciado em recuperação, no entanto flui tranquilamente o tempo inteiro e nos leva à mentalidade desse personagem enquanto batalha para ficar limpo. Além disso, o complicado relacionamento com seu Pai, Nigel (Anthony Head) e a sua madrasta, Caroline (Beth Goddard), não precisou de flashbacks, pois fica claro o motivo dele ser tratado de tal forma pela sua família. Não obstante, o roteiro depende das suas interações a fim de prestigiar ao público a admiração certa por cada figurante.

A abordagem aqui funciona muito bem, pois permite que o enfoque seja mesmo a situação atual de James. Vemos como ele tenta ganhar dinheiro suficiente apenas pra se dar ao luxo de comer e a sua perspectiva nos dá uma visão sobre o tratamento vergonhoso que os sem-teto recebem em geral. Assim, qualquer um que conheça uma história semelhante levará em consideração os eventos exibidos no enredo. Por conseguinte, o filme ainda nos leva à reflexão da vida de alguém que está lutando para encontrar seu lugar no mundo, por meio da única coisa que sabe fazer: escrever canções e cantar. Quando James passa a andar acompanhado de Bob (tanto no colo quanto no cangote), tudo melhora subitamente e o público é cativado cada vez mais! Sejamos sinceros: como não ficar encantado com o olhar dessa belezura abaixo?

Diria até que a situação vivida por James poderia ser descrita como única – ou no mínimo rara – visto que lhe é dada a oportunidade de modificar a sua condição recente. Outra performance que merece destaque é a de Ruta Gedmintas (The Strain), como a vizinha excêntrica de James, Betty. Ela é uma mulher com total afinidade por animais e ao criar uma relação natural com James, demonstra o significado da palavra amigo, dando-lhe a ajuda necessária para que ele continue dando o melhor de si. Com certeza as cenas em que eles contracenam juntos são agradáveis e o laço que ambos compartilham é significativo.

Voltando um pouco ao primeiro ato, no exato momento em que a sua representante do programa de metadona, Val, interpretada por Joanne Froggatt (Filth) tem piedade dele e o dá um “empurrãozinho”, ela explicita que ainda haverá vontade de usar drogas, uma vez que James vive nas ruas, mas a tentação será muito menor e é requerido um esforço pessoal para concluir o tratamento. Aliás, o seu relacionamento com Val na fita é deveras importante, pois ela tem boa química com James e o oferece apoio sem aceitar nenhuma de suas desculpas; quase como que uma relação de irmãos. Ela claramente se preocupa com o homem, bem como a saúde dele, pra que não venha a falhar coloque tudo a perder.

Todavia, o relacionamento mais importante para com James é com o propagado gato Bob (que interpreta a si mesmo no filme). Existem poucas dificuldades em estabelecer uma conexão entre os dois personagens, já que um deles não fala, mas só o fato de haver um vínculo entre James e Bob, vale a pena conferir! As atitudes carinhosas de James para Bob e a reação calma do gato a quase tudo o que ele faz também nos surpreendem e aos mais sensíveis, emocionam. Ademais, através de interessantes ângulos que a câmera toma, o espectador vê as coisas do ponto de vista de Bob; algumas cenas onde o mundo exterior é mostrado como um lugar grande e caótico explicam justamente o porquê de Bob buscar a proteção e a presença de James. Há inclusive estudos documentados de que os animais podem estabelecer fortes ligações com seus donos e quem tem o seu pet em casa sabe como isso é possível.

Em suma, por incrível que pareça, a película possui poucos defeitos visíveis, já que o roteiro não é mastigado nem superficial. Ele explora sim o lado sentimental e às vezes até choca pelo seu realismo, mas não de um jeito forçado. Sendo assim, com personagens e relacionamentos bem desenvolvidos, Um Gato de Rua Chamado Bob termina como um filme que tem muito a nos ensinar e é uma ótima pedida para você, querido leitor, que pretende começar bem a semana. Quem foi que disse que o gato também não é o melhor amigo do homem? Recomendado!

James e Bob da vida real

Título Original: A Street Cat Named Bob

Direção: Roger Spottiswoode

Elenco: Joanne Froggatt, Luke Treadaway, Ruta Gedmintas, Anthony Head, Beth Goddard, Caroline Goodall, Darren Evans, Lorraine Ashbourne, Nina Wadia, Ruth Sheen, Bob.

Sinopse: baseado no livro best-seller internacional. A verdadeira sensação da boa história de como James Bowen, um artista de rua e recuperando do vício em drogas, teve sua vida transformada quando ele conheceu um gato ruivo perdido.

Trailer:



Bônus:
Bob sendo acariciado por Kate Middleton na Premiere do filme em Londres.

James Bowen e Bob na vida real.

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