Crítica: Os Bons Companheiros (1990, de Martin Scorsese)


Após a divulgação do trailer de Silence, os cinéfilos do mundo inteiro viraram seus olhos para o novo filme de Martin Scorsese. Como o cineasta é um dos mais consagrados e, certamente um dos melhores de todos os tempos, resolvemos fazer um especial sobre seus filmes, então, nos próximos dias, você verá várias críticas dos filmes de Scorsese aqui no blog. Começando por sua obra-prima, e meu filme preferido de todos os tempos.


A direção, como todos sabem, é do gênio Martin Scorsese. Isso não deve influenciar minha crítica, mas ele é meu diretor preferido de todos os tempos. Aqui, todas as suas principais características estão presentes – e, algumas delas foram usadas pelo diretor pela primeira vez nesse filme -. Edição rápida, planos-sequência enormes (o plano em que Henry e Karen entram no bar é um dos melhores planos já filmados por um cineasta, e é um dos mais reconhecidos de sempre), violência escrachada na tela, atuações marcantes e uma variedade muito grande de recursos. O jeito com que o diretor conta a história é perfeito, não deixando em momento algum a narrativa se arrastar e ficar cansativa de algum jeito. Aqui também são usados alguns freeze-frames que voltam ao normal depois da narração ser concluída, outros planos-sequência dificílimos além do de Henry e Karen entrando no bar, e a narração é utilizada de maneira perfeita. Na minha opinião, é um dos melhores – se não o melhor – trabalho de direção que qualquer cineasta já entregou.

Além de tudo que já citei, o cineasta também consegue tirar atuações excelentes de seus atores. Ray Liotta – que muitos dizem que não convence nesse filme -, está muito bem (na minha opinião). Ele consegue passar as emoções do personagem com competência e, mesmo não estando no nível de seus companheiros de cena, entrega uma atuação consistente e ambígua.

Joe Pesci dá um show de interpretação. Magnífico como Tommy, ele se mostra como um capanga fiel, mas impulsivo ao extremo. Ele transmite o medo que passa a seus adversários – e mesmo aos colegas. A icônica cena do ” Funny how? ” é um mecanismo do roteiro de mostrar como é o personagem. Brincalhão, engraçado e amedrontador. Pesci entrega tudo isso com perfeição. De Niro, mesmo não estando em seu melhor papel, tem um papel importantíssimo no filme e, como de costume na época, está excepcional. Lorraine Bracco também está fantástica como Karen. Ela está excelente o filme inteiro, mas há uma cena de briga perto do final onde ela mostra todo seu potencial. Também chama atenção Paul Sorvino, que passa uma brutalidade eficiente.

O roteiro do filme é espetacular. Contrastando entre alguns momentos engraçados e outros com uma seriedade assustadora, ele acerta em todos os aspectos. Várias cenas do filme se espalharam pelo mundo, afetando conversas de qualquer cinéfilo. O desenvolvimento dos personagens é convincente, o ato final, que contém várias reviravoltas é bem escrito como poucos filmes que eu já vi. As relações dos personagens são provavelmente a melhor coisa do filme.

A edição é rápida e faz o filme ficar divertido, a direção de arte, figurino e maquiagem, que acompanham mais de 20 anos, evoluem perfeitamente junto com o período de tempo. A fotografia é eficiente, a edição/mixagem de som são perfeitas, e a trilha, contendo clássicos de rock e jazz, é memorável.

Direção, atuações, roteiro e aspectos técnicos perfeitos fazem de Os Bons Companheiros um clássico indispensável. Scorsese aqui fez sua obra-prima (com algumas controvérsias), e talvez, o melhor filme de máfia de todos os tempos. Definitavemente obrigatório!

Título Original: Goodfellas

Direção: Martin Scorsese

Elenco: Ray Liotta, Robert De Niro, Joe Pesci, Paul Sorvino, Lorraine Bracco, Fraknk Vincent, Illeana Douglas, Catherine Scorsese, Beau Starr, Vincent Gallo, Tobin Bell, Tony Sirico, Vicent Pastore, Victor Colicchio, Paul Herman, Isiah Whitlock Jr.

Sinopse Oficial: Henry Hill conta a sua história de garoto do Brooklyn, Nova York, que sempre sonhou ser gângster, começando sua “carreira” aos 11 anos e se tornando protegido de James “Jimmy” Conway, um mafioso em ascensão. Tratado como filho por mais de vinte anos, ele se envolve em golpes cada vez maiores e acaba se casando com Karen Hill, sua amante. Impossibilitado de ser totalmente “adotado” pela “família”, o jovem ambicioso conquista prestígio, se envolve com o tráfico de drogas, prática grandes roubos e ganha muito dinheiro.


TRAILER:





E você, o que acha de Os Bons Companheiros? Qual o seu filme preferido do cineasta Martin Scorsese? Comente aqui e obrigado por ter lido.

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