Crítica: Coherence (2013, de James Ward Byrkit)







O filme que marca a estreia do roteirista da animação Rango (2011) como diretor, conta a história de um grupo de amigos que decidem se reunir num dia em que, por coincidência, o cometa Miller passa a poucos quilômetros da Terra. O que poderia ser apenas um fato curioso dentre tantos outros assuntos no jantar, assume ser o ponto de partida para estranhos acontecimentos dentro e ao redor da casa.



A protagonista de Coherence é Emily Foxler (vivida pela atriz sueca Emily Baldoni), uma dançarina profissional frustrada por ter perdido um papel importante em sua carreira que está acompanhada de seu noivo Keven (Maury Sterling). O casal tem uma relação muito forte com os outros três casais da festa, que implica em alguns segredos que rondam os participantes do encontro.

Combinando uma direção extremamente simples e minimalista, com uma fotografia e edição aparentemente amadoras e com atores poucos conhecidos do grande público, a obra ambienta um filme com recursos técnicos e financeiros escassos. No começo o que incomoda o espectador é exatamente esta falta de recurso e o corte brusco na apresentação das situações nos primeiros minutos do filme. Com o tempo este incômodo é incluído na história enquanto os aspectos técnicos são aperfeiçoados. Com o passar dos minutos, conseguimos enxergar todo o planejamento de Byrkit e a escolha a dedo dos objetos do cenário e do diálogo entre os amigos da casa desde o começo da película. Mostrando então, um filme com um potencial enorme e a cada decisão dos personagens ou eventos estranhos que acontecem do lado de fora, são acompanhadas de muita tensão. É melhor ficar dentro de casa e esperar a noite passar num ambiente que aparenta que nada está seguro? Ou é melhor procurar ajuda na única casa do quarteirão que parece ter alguma movimentação?

Quando começa a ganhar formas de ficção científica, que acerta muito ao não contar com a megalomaníaca típica de Hollywood ao cuidar do tema, ao mesmo tempo em que a amizade dos participantes do jantar começam a se fragilizar com segredos do passado que vêm a tona por conta da situação extrema em que foram colocados, é apresentado ao público então a confirmação do que está passando com os personagens. Junto com a explicação didática da teoria da decoerência em relação ao Gato de Schröndiger (termos usados na física quântica para explicar uma teoria de realidades paralelas que dá o nome do filme) no qual o filme é baseado. Os personagens começam a perder a cabeça e tomar atitudes extremas durante a noite.

O filme que custou apenas 70.000,00 dólares, se mostra capaz de agradar tanto os fãs de filmes que mexem com a noção de espaço-tempo, como Crimes Temporais (2007), Primer (2004) e Sr. Ninguém (2009), quanto com filmes baseados na obra-prima O Anjo Exterminador de Luís Buñuel de 1962, suspenses que buscam mostrar o extremo de cada ser humano em situações de perigo e em apenas uma locação. Como O Convite (2015), O Homem da Terra (2007) e Os 8 odiados (2016) e foi muito elogiado pela crítica. Ganhando vários prêmios pelo mundo.

O filme cumpre exatamente o que se propõe, e após assistir uma vez, é inevitável a vontade de assistir ao filme novamente e com ainda mais atenção, já sabendo as conclusões que são dadas pelo cuidadoso roteiro de Byrkit (o ponto mais forte do filme). Coherence não é um filme feito para ser visto apenas uma vez. E todas as vezes que ele é assistido, certamente levanta outros pontos instigantes que deixa o espectador ainda mais boquiaberto.

Parece que a única falha de Coherence foi se vender como uma ficção científica comum de suspense/terror – em todo seu material promocional, inclusive no trailer – pois reduz muito a capacidade que o filme tem de intrigar e chocar quem tem um gosto mais refinado por filmes alternativos à grandes produções.

Título Original: Coherence

Direção: James Ward Byrkit

Elenco: Emily Baldoni, Maury Sterling, Nicholas Brendon e Lauren Maher.

SINOPSE: Durante um jantar, oito amigos começam a falar sobre a proximidade de um cometa, e sobre os rumores de que a passagem deste corpo celeste é capaz de trazer mudanças graves no comportamento das pessoas. Logo após a discussão, a luz acaba, e estranhos fenômenos começam a acontecer com os convidados, questionando a noção de realidade.

Trailer:



E então, leitores, vocês já conheciam o filme? Ficaram com vontade de assitir? Deixem suas observações nos comentários:

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