Crítica: Notas Sobre um Escândalo (2006, de Richard Eyre)


Lançado em 2006, o longa Notas Sobre um Escândalo é dirigido por Richard Eyre e trata de vários temas, como: confiança, omissões e amizade. No entanto, entre eles está o mais complicado e real: relacionamentos íntimos entre alunos e professores. Com as atuações de Cate Blanchett, Judi Dench e Bill Nighy, não é atoa que só poderia sair algo de bom! Tanto que o próprio slogan diz: “O erro de uma pode ser a oportunidade da outra”; então toda esta questão de segredos revelados e as consequências de atos cometidos irá atrair boa parte do público.

A história é centrada em Barbara Covett, professora veterana que está prestes a se aposentar. Ela quase não é notada por seus brilhantes alunos que não sabem de nada sobre ela, cuja vida pessoal consiste principalmente em tomar conta de Portia, sua velha gata de estimação e passar a maior parte do tempo sozinha. A única maneira que ela encontrou para deixar a solidão de lado é escrever em seu diário. Quando Sheba Hart, uma mulher atraente, começa a trabalhar como professora de artes no colégio, Barbara a observa de longe e não perde a oportunidade de anotar todo e qualquer tipo de coisa sobre suas vestimentas e seu comportamento caridoso com os demais. Apesar do desprezo que tem pela moça, Barbara também começa a se aproximar dela e eis que surge uma amizade inesperada. Sheba então a convida para um jantar em sua casa pra conhecer o professor universitário e marido de Sheba, bem como seus dois filhos: uma linda, porém rebelde filha de 16 anos e um menino mais novo com síndrome de Down.

Ao invés de se abrir com aquelas pessoas, Barbara os vê como prova da rivalidade a ser testada na luta pela admiração de Sheba. Pouco depois, quando Barbara testemunha sua nova amiga tendo um caso extraconjugal com Steven Connolly, um menino de 15 anos de idade, ela percebe que o fato de ter descoberto tal segredo lhe dá poder sobre Sheba e que pode usá-lo a seu favor. Barbara promete não contar a ninguém, mas insiste que o caso precisa terminar imediatamente. Sheba diz que assim fará, porém se vê incapaz de cumprir sua promessa, uma vez que repetidamente não resiste à tentação do garoto. Ela parece insegura quanto à amizade de Barbara, até que outra revelação a deixa boquiaberta, pois descobre que a mulher idosa possivelmente tenha intenções muito piores do que poderia imaginar. O tenso relacionamento entre as duas está agora em pé de guerra e o grande mistério de Barbara só será revelado pouco depois da metade do filme. No entanto, isso serve apenas para te deixar mais curioso, não é?

É por essa e outras razões que aconselho você a assistir esse filme, pois o enredo é fantástico e os eventos decorrentes são surpreendentes. Quanto ao roteiro: ele foi bem conduzido; não enrola o espectador e vai direto ao ponto. Sendo assim, do primeiro ao terceiro ato somos mergulhados na trama de tal forma que não queremos parar de ver até o fim. O tempo dura cerca de 1 hora e meia (duração relativamente curta), mas nada que atrapalhe os mais rígidos. Você nem se dá conta disso e quando vê, o longa acaba. Entretanto, admito que esperava um pouco mais do final. Por outro lado, pelo menos não foi aquele clichê chato que te dá raiva e vontade de “jogar o controle na TV”…rs

Com relação ao elenco: temos a belíssima Cate Blanchett, de (Hanna) e (Blue Jasmine). Sua performance como Sheba está sublime e consegue passar toda a sensação de uma mãe que é obrigada a lidar com escolhas erradas e “plantar o que colheu”. Segundo o trailer, ela pensava o seguinte: que casamentos e filhos é uma coisa maravilhosa, mas não dão um significado a você. Já Judi Dench (007 – Cassino Royale) e (Philomena) dá um show de interpretação no papel de Barbara Covett! Ela transmite toda a repulsa e inveja que sente por todos ao seu redor. Não obstante, desde o início vemos como suas frases filosóficas interessante, entre elas: “as pessoas sempre me confiaram seus secretos, mas a quem devo confiar o meu?”. Só digo que ela e Cate estão espetaculares e atuaram de forma magistral em cima de suas personagens!

A química entre as duas impressiona e ambas souberam segurar bem o clima de tensão e apreensão carregado no longa, principalmente quando a verdade vem à tona. Outro detalhe que vale ressaltar é que a personalidade de Barbara também é bastante discutida, já que vez sempre falou mal dos outros “pelas costas” e precisa enfrentar seus demônios pessoais; defeitos cujas características a descartam de ser uma pessoa socialmente normal. Contamos ainda com a presença de Bill Nighy (Questão de Tempo), que encarna o pai de família, Richard Hart. Sua reação de fúria não poderia ser diferente, pois no momento exato que o laço de família é ameaçado, tudo desmorona com a terrível chegada da descoberta aos seus ouvidos. Além de Andrew Simpson, como Steven Connolly, adolescente que aparenta ser inocente, mas não se enganem: ele sabe direitinho como manipular uma pessoa e fingir ser o que não é. Sem mencionar a bela Juno Temple (Os Três Mosqueteiros) que possui uma boa atuação ao desempenhar o retrato de Polly Hart, uma filha cuja mente fica incapaz de digerir o que a situação desencadeou na vida dela e de todos a sua volta.

Por fim, confesso que ele superou as minhas expectativas, felizmente. É sem sombra de dúvidas um dos melhores dos gêneros drama/ suspense que já tive a chance de conferir. Recomendo que assistam aqueles que forem fãs de um filme intrigante e de qualidade. Vale a pena ver e rever esta obra de arte inteligente do cinema que Notas Sobre um Escândalo é!


Título Original: Notes on a Scandal

Direção: Richard Eyre

Elenco: Cate Blanchett, Judi Dench, Bill Nighy, Juno Temple, Adrian Scarborough, Andrew Simpson, Anne-Marie Duff, Barry McCarthy, Benedict Taylor, Catherine Drew, Debra Gillett, Derbhle Crotty, Diana Berriman, Emma Kennedy, Jill Baker, Joanna Scanlan, Jonathan Speer, Julia McKenzie, Leon Skinner, Max Lewis, Michael Maloney, Miranda Pleasence, Phil Davis, Shaun Parkes, Stephen Kennedy, Syreeta Kumar, Tameka Empson, Tom Georgeson, Wendy Notthingham.

Sinopse: Barbara Covett (Judi Dench) é uma professora solitária e dominadora, que controla com mão de ferro os alunos de uma decadente escola pública de Londres. Barbara vive apenas com seu gato, Portia, não tendo amigos nem parentes. Sua vida muda quando a escola em que trabalha contrata Sheba Hart (Cate Blanchett) como a nova professora de artes. Sheba parece ser a amiga com que Barbara sempre sonhou, atenciosa e leal. Porém quando Sheba passa a se envolver com Steven Connolly (Andrew Simpson), um de seus alunos mais jovens, esta amizade torna-se perigosa, pois Barbara ameaça revelar seu segredo para o marido dela, Richard (Bill Nighy), e para todos à sua volta.



Trailer:


Mais imagens do filme:

“Consigo ver porque os outros são seduzidos por ela.”

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