Crítica: Pais e Filhas (2015, de Gabriele Mucinno)




Dirigido por Gabriele Muccino, também diretor de ‘À procura da Felicidade’, o drama ‘Pais e Filhas’ aborda um
assunto deveras delicado: o peso que as memórias – e também traumas – vividas
durante a infância exercem na vida adulta, principalmente no que corresponde às
principais características da personalidade e do comportamento dessa pessoa.


Em um primeiro momento, somos apresentados ao o renomado escritor
Jake Davies (Russel Crowe) que perde, em um acidente de carro, sua esposa e mãe
da única filha do casal. Viúvo e sofrendo com a instabilidade mental
conseqüente à morte da mulher, Jake se vê obrigado a cuidar sozinho da filha, Katie
(Amanda Seyfried), então ainda pequena. A necessidade de ser internado em um
centro de reabilitação para que pudesse se recuperar das seqüelas da perda fez
com que Jake entregasse, temporariamente, a pequena Katie aos cuidados de seus
tios – que incansavelmente tentaram, sem sucesso, obter a guarda permanente da
criança. Para o pai, nem as seqüelas da perda e nem a dificuldade financeira foram
motivos para que desistisse de sua pequena, carinhosamente apelidada por ele de
Potato Chip”. Por um período, pai e filha formaram uma família feliz, ainda
que sofressem com a morte da mãe. 






Entretanto, quando adulta, Katie torna-se uma psicóloga e
assistente social com tantos problemas quanto àqueles ajudados por ela – sendo a
dificuldade de se relacionar com homens e manter um relacionamento concreto com
alguém o principal deles. Como uma espécie de tentativa para preencher um vazio
interior, Katie aventura-se constantemente em relacionamentos de uma só noite,
acabando até mesmo a falhar em manter-se fiel a uma só pessoa.






Dessa maneira, é possível afirmar que a personagem interpretada por
Seyfried encaixa-se perfeitamente no famoso termo “daddy issues”,
expressão da língua inglesa referente às pessoas – sobretudo do sexo feminino –
que possuem algum tipo de complexo paternal, seja esse causado por motivos
positivos ou negativos. Complexo esse que acaba por interferir direta e
indiretamente nas futuras relações a serem vividas por essas pessoas.  






Por fim, ‘Pais e Filhas’ intercala-se entre cenas do presente e do
passado, sincronizadas de maneira rítmica, coerente e com um propósito: por
meio dessa alternância entre dois diferentes tempos, os aparentes motivos para
o comportamento de Katie (daddy issues? Deixo para algum(a) psicólogo(a)
responder!) podem ser percebidos durante os flashbacks de sua infância e
do curto relacionamento com o pai. A proposta do filme assemelha-se
praticamente a uma sessão de terapia, onde buscamos no passado algum tipo de
explicação para o que enfrentamos hoje. Sendo assim, tivesse o drama seguido
uma maneira cronológica de narrativa, talvez não acertasse em cheio sua própria
proposta. Ponto para a direção! 


Nota: 8,5/10

Direção: Gabriele Muccino 

Elenco: Russel Crowe, Amanda Seyfried, Aaron Paul, Diane Kruger


Trailer: 





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