Crítica: Jeruzalem (2016, de Yoav Paz e Doron Paz)


Que 2015 foi terrível (no mau sentido) para os filme de terror, todos já devem imaginar. Salvo os filmes “terrir” (terror com comédia) e 3 ou 4 pérolas que foram realmente boas (Corrente do Mal, A Colina Escarlate), no geral o ano passado foi sofrível para o gênero. Mas 2016 vem com a promessa de ser mais marcante para os fãs de um bom longa de terror. E já começou com o pé direito. Este Jeruzalem é um dos primeiros filmes de 2016 que assisto, e embora tenha alguns defeitos, merece receber certa atenção.
Atualmente há uma avalanche, uma inundação de filmes de terror com três temáticas: zumbis, atividades sobrenaturais e estilo found footage (por trás das câmeras). Já estamos enjoando de dezenas de filmes com esta temática. Porém Jeruzalem traz a mistura destes três elementos de maneira decente. O filme dirigido pela dupla israelense Yoav Paz e Doron Paz já começa acertando no lugar. A cidade de Jerusalém não é muito utilizada em filmes de terror, aparecendo somente em longas de ação sobre terrorismo ou épicos bíblicos. Agora ambientar a história na cidade atualmente, mostrando um pouco das pessoas e até da vida noturna hoje em dia; isso foi no mínimo interessante. As locações, paisagens, velhos prédios históricos e catedrais, são vários os elementos visuais reais que tornam o filme quase que um passeio turístico pelo oriente.


O elenco e toda produção de lá mesmo também dá um gostinho especial. As belas protagonistas Danielle Jadelyn e Yael Grobglas não chegam a ter uma grande atuação, mas conseguem se sair razoáveis, além de representar a exótica beleza das mulheres daquele lado do mundo. Foi bacana ver mulheres israelenses e não as típicas mocinhas americanas.

Inicialmente, o filme segue alguns clichês e tem o ritmo um pouquinho lento. Vemos as personagens na sua viagem, visitas turísticas, curtindo festas e um leve desenvolvimento de suas personagens. As tais cenas “por trás das câmeras” são aquelas tremidas que você já viu em [REC] e Atividade Paranormal, porém mais limpas e claras. Um fato interessante é que no lugar de uma câmera ou celular, as gravações são feitas através das lentes de um óculos Google Glass, permitindo acesso direto com internet e redes sociais, tudo a um piscar de olhos, literalmente. Apesar desta propaganda para a Google, não deixa de ser algo diferenciado.

Na metade do filme, o clima de tensão aumenta. A mitologia própria que o terror cria em cima do fim dos tempos, anjos caídos, zumbis e afins – todos dentro de um mesmo conceito – é bem interessante e argumentada. Quando a correria começa, a adrenalina sobe e temos cenas fortes e assustadoras, com ambientes escuros e que chegam perto da claustrofobia, lembrando o ótimo Assim na Terra Como no Inferno, lançado em 2014.

Alguns sustos sonoros e criaturas surgindo na frente da câmera são artifícios já muito usados, mas que dentro da proposta deste filme aqui funcionam bem. Há ainda um espaço breve para tensões políticas de lá. No fim das contas, Jeruzalem é o típico terror que oferece apenas diversão e tensão enquanto dura, não deixando uma mensagem específica. E tem o defeito de ter um fim incompleto, como quase todos filmes de terror da atualidade. Porém o lugar em que se passa e a cultura local já rendem características próprias. Tem seus momentos de tensão e a dupla de diretores Paz mandam bem. Com um pouquinho mais de ousadia teriam feito algo épico. Mas pelo menos diverte o suficiente para deixar o terror deste ano com um saldo positivo.

Direção: Yoav Paz e Doron Paz

Elenco: Yael Grobglas, Yon Tumarkin, Tom Graziani e Danielle Jadelyn.

Sinopse: duas jovens americanas de férias acompanham um bonito e misterioso estudante de antropologia em uma viagem a Jerusalém. A festa é interrompida quando o trio se encontra em meio ao apocalipse bíblico. Presos entre as antigas muralhas da cidade santa, os três viajantes devem sobreviver por tempo suficiente para encontrarem uma saída enquanto a fúria do inferno é liberada sobre eles.

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