Crítica: Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força (2015, de J.J. Abrams)

Foi uma longa espera. Primeiramente porque o último filme da saga chegava aos cinemas em 2005, 10 anos atrás. O segundo fator é que o primeiro trailer deste novo capítulo foi lançado em Dezembro de 2014, deixando fãs em alvoroço e em espera de 1 ano. Mas chegou a hora de conferir ao filme mais aguardado do ano aqui pelo blog e por mim. Este Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força vinha com uma difícil missão. Apresentar este universo extremamente próprio para as atuais gerações, ao mesmo tempo em que devia representar os antigos, especialmente a trilogia clássica, consertando inclusive algumas falhas e críticas à trilogia mais recente. Mesmo longe das mãos do seu pai criador George Lucas, o cineasta J.J. Abrams se tornou um grande “padrinho” por assim dizer.

Com os filmes Uma Nova Esperança (1977), O Império Contra-Ataca (1980) e o Retorno de Jedi, Lucas fez desta primeira trilogia os filmes mais vistos de seu tempo, a saga mais clássica de todas e pela primeira vez o diretor e criador de um filme (e não um estúdio) ficaria com os direitos e frutos de sua produção. O que era para ser apenas uma mistura de faroeste com filmes de samurais no espaço se tornou um fenômeno cult, pop e artístico. A partir daqui todo e qualquer filme de fantasia e com efeitos visuais foram influenciados por Star Wars. O próprio Lucas criou um império áudio-visual, ao abrir a Skywalker Sound (estúdio de efeitos sonoros) e a ILM (Industrial Light e Magic), estúdio de efeitos visuais inovadores, da qual diversos filmes hoje como Jurassic World, Velozes e Furiosos 7, Vingadores – Era de Ultron dentre outros tiveram seus efeitos especiais desenvolvidos pela ILM. Sem falar em jogos, brinquedos e uma infinita variedade de produtos.

Com o avanço da computação gráfica, nos anos 90 Lucas diz que a trilogia era na verdade a segunda parte da história, que foi contada primeiro por ser mais interessante e para manter alguns segredos. Assim a trilogia ganhou subtítulos e corresponderam aos episódios 4 a 6. Eis que em 1999 é lançado o primeiro episódio, chamado A Ameaça Fantasma, seguido de O Ataque dos Clones (2002) e A Vingança dos Sith (2005, no qual vi no cinema). Esta segunda trilogia foi criticada em alguns fatores, mas mesmo assim rendeu bilheteria e conta parte importante da história, mostrando como o jovem Anaquin Skyalker se torna o temido Darth Vader. Agora em 2015 o diretor mais nerd de todos, J.J. Abrams decide continuar a história. Abrams, que já presenteou o mundo com a misteriosa série Lost, o eletrizante Missão Impossível 3 (que salvou a saga em 2006), homenageou os filmes infantis dos anos 80 em Super 8, popularizou e agitou uma série clássica com dois filmes Star Trek (2009) e Além da Escuridão – Star Trek (2013), agora consegue um feito invejável: recolocar com louvor Star Wars no cinema.

Abrams e os roteiristas conseguem algo incrível: homenagear e respeitar os elementos da trilogia clássica, ao mesmo tempo em que os joga em novos caminhos. Na trama, Luke Skywalker está desaparecido. A Primeira Ordem é uma nova ditadura que segue os passos do Império de Darth Vader. Tanto eles quanto os rebeldes procuram Luke. Neste cenário nos são apresentados o piloto Poe Dameron, a jovem catadora Rey, o androide BB-8 e stormtrooper desertor Finn, que se juntarão aos velhos rostos de Han Solo, Chewbacca, Leia e companhia. Apesar de diversos personagens, todos são extremamente bem desenvolvidos e utilizados em 2 horas e 15 minutos de longa.

É elogiável que o diretor e os roteiristas nos mostram fatores totalmente novos, como por exemplo Finn ser um stormtrooper que muda de lado, já que nos filmes anteriores sempre eram soldados maus e pouco tinham de importância. Outra coisa que muda é que aqui a guerra é mais nítida, todos acertam os tiros e se ferem, deixando os fãs com o coração na boca em certos momentos. Há coragem em colocar presença de sangue em determinadas cenas. Ainda é um filme para toda família, mas há maturidade no enredo. A guerra mostra perdas de ambos os lados. Interessante também como a Primeira Ordem pode ser comparada com uma ditadura militar ou aos nazistas. Há os símbolos, o grito de guerra, o fervor quase fanático, o ar de superioridade. O vilão Kyle Ren ora para o capacete de Darth Vader, como uma espécie de religião. Estes são elementos sutis extremamente bem utilizados.

Os efeitos especiais são fantásticos, dignos da saga e de levar o Oscar. A direção de arte é cuidadosa em cada detalhe. A fotografia também é um grande acerto, visualmente única em cada planeta ou nave em que os personagens se encontram. O trabalho de maquiagem e figurino é interessantíssimo, ressaltando vários seres e personagens únicos, além dos trajes de guerra da Primeira Ordem. J.J. Abrams também traz de volta o compositor e maestro John Williams (o maior do cinema) que traz sua contagiante trilha sonora de volta, marcando cada cena do filme, ajudando a emocionar em diversos momentos. As cenas de perseguições e ação são fantásticas. O ritmo do filme é alucinante, sempre caminhando para frente e pulsando a cada instante.

O elenco está bem. É ótimo ver Carrie Fisher, Mark Hamill e Harrison Ford em papéis tão importantes tanto para sua carreira como para o cinema mundial. Oscar Isaac tem se revelado um grande ator. O pouco conhecido John Boyega (do ótimo Ataque ao Prédio) é engraçado e corajoso ao mesmo tempo, impossível não se contagiar com o ritmo de Finn, que corre, aparenta cansaço mas empolgação o filme todo. Mas de certa forma o filme acaba sendo dela, a novata Daisy Ridley entrega uma Rey carismática, humilde, corajosa e com grande desenvoltura na ação. Tanto no quesito “quebrar na ação” quanto nos momentos dramáticos, a jovem surpreende com uma atuação monstruosa de tão boa. É a nova queridinha dos cinéfilos, críticos e possivelmente veremos muito ela. Em um filme de drama a garota consegue fácil indicações ao Oscar, tem tudo para ser uma atriz fantástica. É a grande revelação de 2015. Entre os personagens, é bom vermos Chewbacca, C3PO e R2D2 de volta. E o novo androide BB-8 é fantástico, fofo e o novo queridinho da saga. Todos amarão e comprarão brinquedos e pelúcias.

É energizante vermos um filme tão incrível na telona. Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força honra a saga toda, especialmente a trilogia antiga, que marcou gerações. Os velhos elementos estão lá bem representados, ao mesmo tempo em que são jogados em novas direções (algumas amargas). É legitimamente Star Wars, realmente está de volta! É um capitulo marcante de uma saga que revolucionou a maneira de se fazer cinema, se fazer dinheiro e influenciou gerações. É um dos pilares da sétima arte. Que filme! Que filme! Uma bela homenagem à trilogia inicial, parece que você volta para os anos 70 e 80, vendo um filme simples, sincero e cheio de senso de diversão e magia. Prepare seus lenços, sua criança interior e volte a sonhar e viajar pelo espaço com este, que é um dos mais espetaculares filmes dos últimos anos. Foi ótimo ver o filme com minha esposa, irmã e meus pais, especialmente minha mãe, que quando jovem foi uma desta geração que viveu Star Wars. É um filme extremamente emocionante, que só quem é fã de fato se emocionará. É um presente de um diretor nerd para uma legião de fãs nerds. J.J. Abrams nos brinda com um filme inesquecível, que possivelmente estará no Oscar, já é sucesso de crítica e bilheteria e deverá marcar a atual geração. E agora fica difícil escolher se o melhor blockbuster do ano foi Mad Max: Estrada da Fúria ou Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força, sem contar a nostalgia de Jurassic World. Em pleno 2015, as velhas sagas mostrando como se faz cinema. E aguardaremos ansiosos pelas continuações de Star Wars, que tem tudo para serem marcantes.



Direção: J.J. Abrams

Elenco: Daisy Ridley, Carrie Fisher, Mark Hamill, Harrison Ford, Adam Driver, Billie Lourd, Gwendoline Christie, Oscar Isaac, Peter Mayhew, Simon Pegg, John Boyega, Andy Serkis , Kenny Baker.

Sinopse: décadas após a queda de Darth Vader e do Império, surge uma nova ameaça: a Primeira Ordem, uma organização sombria que busca minar o poder da República e que tem Kylo Ren (Adam Driver), o General Hux (Domhnall Gleeson) e o Líder Supremo Snoke (Andy Serkis) como principais expoentes. Eles conseguem capturar Poe Dameron (Oscar Isaac), um dos principais pilotos da Resistência, que antes de ser preso envia através do pequeno robô BB-8 o mapa de onde vive o mitológico Luke Skywalker (Mark Hamill). Ao fugir pelo deserto, BB-8 encontra a jovem Rey (Daisy Ridley), que vive sozinha catando destroços de naves antigas. Paralelamente, Poe recebe a ajuda de Finn (John Boyega), um stormtrooper que decide abandonar o posto repentinamente. Juntos, eles escapam do domínio da Primeira Ordem.

Trailer:

Deixe uma resposta