Crítica: Quarteto Fantástico (2015, de Josh Trank) – Quando a polêmica é maior que o próprio filme.

Primeiramente, é bom estar de volta. Quem fala aqui é o Vigilante da Noite, criador e administrador do blog. Neste ano de 2015 ando postando pouco devido à falta de tempo e como falei em uma notificação meses atrás, fiquei ausente por um tempo, enquanto alguns ajudantes prosseguiram com o trabalho aqui no Minha Visão do Cinema. Mas estou de volta e devagar irei retomar nosso espaço cinéfilo. Semanalmente, ou pelo menos algumas vezes por mês irei postar e auxiliar novos autores, para que o blog não pare. E no meu retorno trago um filme bem difícil de falar, talvez um dos maiores divisores de água do cinema, o filme mais polêmico do ano de 2015. Falo desta nova versão do Quarteto Fantástico.

O quarteto está entre os heróis mais queridos e populares da Marvel. Caracterizada como a família de heróis Marvel, recebeu uma primeira adaptação nos anos 90, produzida por Roger Corman (produtor trash) o filme teve um orçamento e uma produção pífios, passando despercebido de todos nos Estados Unidos e nunca chegando em outros países do mundo, como Brasil. Alguns exemplares do VHS são raríssimos e podem ser encontradas versões ripadas do VHS na internet. Apesar de extremamente pobre, o filme conseguiu ser apreciado por amantes do cinema trash, embora pouco tenha a oferecer no quesito super herói. Mas foi na onda de filmes de super heróis atuais, quando Homem-Aranha e X-Men brilhavam, que surgiu em 2005 a versão com Chris Evans e Jessica Alba. Embora o filme fosse nos moldes modernos e bem produzido, nunca sai do básico, com direção simples demais e roteiro clichê e fraco, sendo apenas um filme de super herói divertidinho e mediano de se ver. Mas fez certo sucesso de bilheteria, que rendeu um segundo filme levemente superior em quesito ação e efeitos especiais, além de trazer um interessante Surfista Prateado. Mas também sofreu dos mesmos problemas do anterior, com direção e enredo fraco. Mesmo que o elenco destes filmes fosse conhecido, as atuações são fracas. Chris Evans, por exemplo, ainda era um ator muito ruim na época (hoje o moço está numa fase bem melhor no quesito atuações). Como está na moda reiniciar as sagas (vide O Espetacular Homem-Aranha), a Fox decidiu reiniciar o Quarteto Fantástico. E o resultado foi um dos mais confusos dos últimos anos.

O filme tem um início interessante, bem científico, mas simples e bacana. Conhecemos os jovens e suas aspirações inventivas, além de seus dramas familiares. As personagens são apresentadas sem pressa e corretamente. As explicações científicas são plausíveis (na medida do possível) e o elenco tem potencial se melhor explorado. Os problemas do filme começam quando o fator “fantástico” deveria entrar em cena. O filme se distancia muito tanto das HQ’s quanto ao que foi apresentado no filme de 2005. Mesmo que em um reinício seja necessário ser original, aqui o potencial não é tão bem explorado. Se o elenco é melhor que os dos filmes anteriores, mesmo que com chances de ser melhor atuado, diretor e roteiro não puxam boa atuação deles. Mesmo que as personagens sejam mais humanas e falhas, mais realistas; não há o que chamar de super neles. Mesmo que os efeitos especiais sejam mais humildes, controlados e na maior parte bem utilizados, há alguns momentos em que eles deixam a desejar, beirando o amadorismo digital.

Se em algum momento do meio do filme os super poderes são retratados com terror e pânico, lembrando filmes B de horror, por outro lado não há aquele brilho de heroísmo que este tipo de filme pede. Há muita sinceridade por trás deste Quarteto Fantástico, o tempo todo vemos potencial. Mas o mesmo nunca é entregue por completo. É um projeto meio inacabado, mal lapidado e acima de tudo mal jugado. Afundou em bilheteria, mas o impressionante são as duras críticas. Ganhou notas de 0 a 2 numa escala para 10. Numa escala de 100%, foi aprovado apenas em 8% em alguns meios de críticas de cinema. Ou seja: um dos maiores fracassos do ano. E se tratando de um filme Marvel da Fox que planejava iniciar toda uma nova saga, foi um dos maiores fracassos dos últimos 5 anos pelo menos.

Sendo justo, não é o pior filme do ano. De início funciona como uma interessante ficção científica. No meio quando eles ganham poderes há cenas que lembram suspense e terror, há uma seriedade mais obscura. O elenco não atua bem, mas o tempo todo nota-se que havia potencial disto acontecer se melhor explorado. Um ponto positivo que me surpreendeu foi a presença de sangue nas mortes, um dos únicos filmes do gênero a apostar em sangue mesmo em uma superprodução para a família. Mas ficou devendo muito para um filme com selo Marvel e de super herói. O vilão apesar de violento, é mal explorado e até mesmo sua aparência em computação não é boa. Entre vários erros e alguns acertos, é um dos filmes mais estranhos e difíceis de comentar em tempos.

De quem foi a culpa? Do diretor Josh Trank que tinha outra visão, talvez mais original e obscura para o filme (assim como seu filme anterior, Poder Sem Limites), mas que acabou vetado pela Fox? Será da própria Fox, por regravar cenas em cima da hora, mudar e ditar o que o diretor queria e refazer o filme para um padrão mais normal, em busca de lucros? Ou será que é má ideia reiniciar uma saga que ainda é recente? A verdade é que todo fracasso, as notícias de brigas nos bastidores e a enxurrada de críticas negativas que o filme recebeu (na maioria das vezes de páginas nerds sensacionalistas nas redes sociais) tornaram o filme uma polêmica cinematográfica gigante. Um daqueles casos onde a polêmica é maior que o próprio filme. Qual será o destino do Quarteto Fantástico? A Fox pode reformular tudo para uma possível continuação, inclusive adicionando esta história nos próximos X-Men, uma vez que a própria Fox já admitiu que esta é a ideia. O próprio estilo visual do filme lembra a saga mutante e ambas sagas estão nas mãos do mesmo estúdio. Porém a Marvel Studios, nas mãos da Disney quer ambas sagas de volta. Eles já conseguiram o Homem-Aranha da Sony para adicioná-lo nos seus Vingadores. Com o fracasso deste filme e os capítulos finais dos mutantes se aproximando, inclusive com o anúncio de Hugh Jackman avisando que se aposentará de Wolverine, aumentam as chances do Quarteto Fantástico e dos X-Men voltarem para sua “terra natal”. Só torcemos para que qual for o destino, que as próximas produções sejam mais super, mais fantásticas.

Direção: Josh Trank

Elenco: Kate Mara, Miles Teller, Toby Kebbell, Michael B. Jordan, Jamie Bell, Jodi Lyn Brockton, Tim Blake Nelson, Chet Hanks, Reg E. Cathey, Aaron V. Williamson, Don Yesso, Mary Rachel Dudley.

Sinopse: quatro jovens desajustados são teleportados para um universo alternativo e perigoso, que altera sua forma física de maneiras inesperadas. Com suas vidas transformadas, o time precisa aprender a aproveitar suas novas habilidades e trabalhar junto para salvar o planeta de um inimigo já conhecido por eles.


Trailer:


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