Crítica: Noite Sem Fim (2015, de Jaume Collet-Serra)

Existem diversas parcerias entre diretores e atores no cinema, sendo algumas delas mais famosas que outras mas, é inegável que a grande maioria rende bons frutos, como por exemplo a parceria entre o diretor Tim Burton como o ator Johnny Deep, a de Martin Scorsese com Leonardo DiCaprio e de Quentin Taratino com Samuel L. Jackson. Além delas, outra que está chamando a atenção em ‘Hollywood’ é a do diretor Jaume Collet-Serra com o ator Liam Neeson, que já trabalharam juntos em três ótimos filmes, o Desconhecido de 2011, Sem Escalas de 2014 e este Noite Sem Fim lançado em abril de 2015 nos cinemas brasileiros. Gosto muito do estilo desse diretor, que já havia chamando a minha a atenção com o bom A Casa de Cera de 2005 e com o excelente A Órfã de 2009. Quem já viu suas produções sabe que ele prefere focar mais no suspense e nos dramas dos personagens.

Na trama, conhecemos o matador profissional Jimmy Conlon (Liam Neeson), que era conhecido como ‘O Coveiro’. Amigo de longa data do chefão da máfica Shawn Maguire (Ed Harris). Jimmy é assombrado pelos pecados cometidos no passado e recorre ao álcool para tentar esquecer tais problemas. Mas quando o seu filho Mike (Joel Kinnaman), torna-se um alvo, ele terá que optar entre a família do crime, que ele escolheu ou sua verdadeira família, que ele abandonou há muito tempo. Com Maike em fuga, a única penitência para os erros que jimmy cometeu no passado é evitar que seu filho tenha o mesmo destino que ele. Agora, sem ter a quem recorrer, Jimmy tem apenas uma noite para decidir exatamente a quem pertence sua lealdade e ver se finalmente fará a coisa certa.

A presença do talentoso e carismático Liam Neeson já vale a conferida do filme, que apesar de ter uma trama bem batida, acerta por focar mais no desenvolvimento dos personagens e de seus dramas porém, o longa não se restringe somente aos dramas, trazendo também cenas de ação bem frenéticas.

Primeiramente, deve-se elogiar o grandioso elenco, que em sua grande maioria conseguem de forma satisfatória apresentar ótimas atuações, o destaque todo, é claro!! vai para Liam Neeson, que já virou um ícone de filmes de ação. Ed Harris (Expresso do Amanhã), também se destaca, apresentando um vilão confuso, que ao mesmo tempo que quer vingança, sente por ter que matar o próprio amigo. Joel Kinnaman (do remake de Robocop) não tem uma grande atuação, mas consegue convencer como filho ressentido e manda muito bem nas cenas de ação. Mas, o pior erro foi de colocar o cantor Common (O Procurado) como um assassino profissional, o cara não consegue convencer em nenhum momento, além de seu personagem não ter nenhum pingo de carisma. O ótimo Vincent D’Onofrio (o ‘Wilson Fisk’ da série Demolidor) também atua bem, mas é desperdiçado com um personagem que apesar de ter grande importância não tem muito destaque na trama.

Os dramas e as relações dos personagens é muito bem conduzida pelo diretor, conseguindo agradar e gerar uma simpatia do público com os mesmos. É muito interessante de acompanhar a relação dos personagens ‘Jimmy’ e ‘Shawn’, os dois começam como amigos e terminam como inimigos, mas, nem por isso deixaram de ter afeição pelo outro, destaco a conversa que os dois tem em um restaurante que é carregada de tristeza e ressentimento. Outro ponto a ser ressaltado é a química entre os atores que é excelente. A interação entre ‘Jimmy’ e o seu filho ‘Mike’ também é bem desenvolvida, ‘Kinnaman’ e ‘Neeson’ formam uma boa dupla e também possuem uma química legal.

As cenas de ação estão bem feitas e cheias de adrenalina, entretanto elas são mais contidas e próximas da realidade, nada de muito grandioso ou megalomaníaco. Destaco a cena de um prédio pegando fogo, que é bem tensa.

A fotografia é diferenciada das outras produções, com um tom mais escuro (principalmente pelo fato da história acontecer quase todo em uma noite) e com a iluminação de cores bem vibrante, dando um ar mais antigo ao longa. A cena na casa do lago também possui uma fotografia interessante, sem coloração e com direito a neblina, que deixa o filme mais melancólico. Outro recurso utilizado pelo diretor e que dá uma qualidade a mais é a transição de uma cena a outra, que é feito de um jeito legal, com um jogo de câmera bem interessante. Confesso que não gostei do final, não pelo fato de ele ter terminado de uma forma triste, mas porque os roteiristas escolheram o caminho mais fácil para concluir.

Enfim, Noite Sem Fim apesar de ter uma história batida é um bom filme de ação dramático, preferindo focar principalmente nas relações dos personagens mas, que também traz boas cenas de ação, além de bons personagens e excelentes atuações. Com certeza o filme merece ser visto. Que venham mais produções dessa parceria.


Título Original:
Run All Night

Direção: Jaume Collet-Serra

Elenco: Liam Neeson, Ed Harris, Joel Kinnaman, Boyd Holbrook, Bruce McGill, Genesis Rodriguez, Vincent D’Onofrio, Lois Smith, Common, Beau Knapp, Patricia Kalember

TRAILER:

Deixe uma resposta