O Dia em que a Terra Parou – O Original: A Obra Utópica de Robert Wise

Por Paulo Telles, Editor do Blog 
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Robert Wise (1914-2005) era um cineasta promissor desde que ficou conhecido como o montador de Cidadão Kane, de Orson Welles, iniciando sua carreira na direção em 1944, mas foi em 1949, com Punhos de Campeão (The Set-Up), considerado o melhor filme sobre a máfia do boxe na história do cinema, e estrelado por Robert Ryan, que Wise conseguiu sua consagração inicial.


Como sabemos, em seu currículo há obras primorosas
de admiração pública, como A Noviça
Rebelde
(The Sound of Music), Amor sublime Amor (West Side Story),  O Enigma de Andrômeda (The Andromeda  Strain), e Jornada nas Estrelas, o filme (Star Trek – The Motion Picture). Portanto,
a obra em tópico aqui apresentada não é menos primorosa, pelo contrário, pois
de maneira inteligente e em forma de utopia, aborda a questão nuclear de
forma muito séria e competente
: O DIA EM
QUE A TERRA PAROU (The Day The Earth Stood Still).



Sem sombra de dúvidas, a década de 1950 foi a mais
fértil para a ficção científica. Monstros atômicos e invasões interplanetárias
refletiam nas telas a paranoia do governo norte-americano com sua fobia de
comunismo e sua corrida nuclear armamentista. Mas mesmo assim, em meio a todo este transloucado Marcartismo doente, Wise lança em 1951 esta que é considerada
a obra mais importante da Ficção Científica, estampando a defasagem entre as
aspirações pacifistas da opinião pública, os riscos do militarismo americano,
os riscos na era nuclear, a necessidade do desarmamento atômico, e a atmosfera
do medo que assolava então os EUA.



Um emissário do espaço chega à Terra num disco
voador e aterrissa em Washington. Klaatu (Michael Rennie, 1909-1971), o
alienígena recém chegado, vem com o objetivo de prevenir os habitantes de nosso
planeta a pararem de usar armas nucleares, pois isso pode afetar todo o
universo. Se os líderes políticos e militares insistirem nisso, as consequências
poderão ser as piores possíveis, culminando com a destruição total do nosso
planeta.



Auxiliado por Gort, um implacável robô policial programado
para desintegrar toda fonte de violência, Klatu tenta dar seu recado de forma
pacífica, mas é alvejado por um tiro e pela histeria coletiva. Levado para um
hospital, ele foge e mistura-se a classe média, sendo ajudado por uma viúva de
guerra, Helen Benson (Patricia Neal, 1926-2010) e um professor, o físico Jacob Barnhardt
(Sam Jaffe, 1891-1984).


A única forma que ele encontra de impressionar o
povo da Terra é através de um efeito choque, pois durante meia hora, ele
neutraliza a eletricidade no mundo todo. Depois disso, Klaatu é descoberto,
perseguido, e morto, mas o robô Gort consegue ressucita-lo a fim de que possa,
finalmente, anunciar a mensagem antibelicista (em verdade a mensagem que o
filme de Wise expressa) para os Povos da Terra.


Muito respeitado pelos críticos, O Dia em que a Terra Parou foi não
somente um marco na Ficção Científica, como também na Sétima Arte em geral.
Além disso, foi a primeira vez que um extraterrestre não era apresentado como
uma ameaça à vida na Terra, mas sim como um conselheiro pacifista. A fotografia
de Leo Tover (1902-1964) procura realçar os contrastes de luz e sombra, como
nos filmes do Expressionismo Alemão. Outro ponto alto são os diálogos, com
frases brilhantes de Klaatu:

Minha missão
não é resolver seus mesquinhos problemas de política internacional. Não falarei
com nenhuma nação ou grupo de nações. Não pretendo trazer minha contribuição
aos seus ciúmes ou suspeitas infantis”.



Ou, ainda, ao responder ao secretário- geral
americano, quando este lhe diz que todos os líderes do mundo não se sentariam a
mesma mesa:



A Burrice me
deixa impaciente. Meu povo aprendeu a viver sem ela”.



O
Dia em que a Terra Parou
é um clássico que vem a provar que
a ficção científica tem muito mais coisas a dizer e a mostrar do que batalhas galácticas
ou monstros devastadores.  O filme
retrata, sem subterfúgios, o conflito entre a ciência e o militarismo, e como
uma fábula política, é um dos exercícios mais fascinantes já realizados no
gênero, com o impactante comentário musical de Bernard Herrmann (1911-1975), o
compositor preferido do Mestre do Suspense Alfred Hitchcock.


As palavras finais de Klaatu, no seu ultimato dos
humanos, são bem mais significativas e devastadoras do que qualquer arma laser
de algum herói intergaláctico. Um clássico que há exatos 61 anos vem
demonstrando ao mundo sua durabilidade, o que torna ainda ser bem atual devido
a muitos confrontos políticos e sociais que ainda vivemos. A refilmagem, de
2008, dirigido por Scott Derrickson e estrelado, por Keanu Reeves, além de ter
sido um fracasso de bilheteria, foi imperdoável para os fãs do cinema antigo e
seus apreciadores. Ainda bem que Robert Wise não viveu para tomar conhecimento,
pois falecera três anos antes.

FICHA TÉCNICA

O Dia em que a
Terra Parou –
(The Day the Earth Stood Still)

Ano: 1951.
Direção: Robert Wise.


Elenco:

·         Michael Rennie ….
Klaatu/Carpenter

·         Patricia Neal …. Helen
Benson

·         Hugh Marlowe …. Tom
Stevens

·         Sam Jaffe …. Prof. Jacob
Barnhardt

·         Billy Gray …. Bobby
Benson

·         Frances Bavier …. Sra.
Barley

·         Lock Martin …. Gort

·         H.V. Kaltenborn …. H.V.

Kaltenborn

·         Elmer Davis …. Elmer
Davis

·         Drew Pearson …. Drew
Pearson

·         Gabriel Heatter ….
Gabriel Heatter

·         
·         Título no Brasil: O Dia em que a Terra
Parou

·         Título Original: The Day
the Earth Stood Still

·         País de Origem: EUA

·         Gênero: Ficção

·         Tempo de Duração: 92 minutos

·         Ano de Lançamento: 1951



·         Direção: Robert Wise

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