Crítica: Dead Man Down (2013, de Niels Arden Oplev) Um romance às avessas?




Conforme o tempo passa e sigo comentando sobre cinema, vai se revelando um pouco das minhas paixões. Aqui nesta crítica irei revelar mais algumas coisas. Sempre amei a trilogia sueca ‘Millennium’, que trouxe os seguintes filmes: ‘Os Homens que Não Amavam as Mulheres’, ‘A Menina que Brincava com Fogo’ e ”A Rainha do Castelo de Ar’. Uma saga original e incrível, onde o eloquente diretor nos blindou com uma trama que conseguia balancear suspense, ação, drama e romance nas medidas certas, sempre recheadas de polêmicas, mortes, política, sensualidade e muitas intrigas. Acontece que este filme ‘Dead Man Down’, intitulado no Brasil como ‘Sem Perdão’, é o primeiro trabalho hollywoodiano do diretor sueco Niels Arden Oplev. Minhas expectativas eram muito altas, devido amar a trilogia ‘Millennium’, respeitar o diretor Oplev e amar loucamente a atriz  Noomi Rapace. A moça é a heroína da trilogia  ‘Millennium’ e aqui mais uma vez firma parceria com o diretor. Gosto muito dos trabalhos dela, como em ‘Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras’ e ‘Prometheus’. Aqui no filme em questão, mais uma vez bato palmas para a moça.




Um dos problemas de um bom diretor europeu se arriscar por Hollywood é justamente perder a originalidade e vender aquele padrão de entretenimento enlatado. De certa forma se percebe isso, uma vez que este filme em questão não supera as obras suecas do diretor. Mesmo assim ele consegue manter uma certa qualidade que falta em muito filme de diretor já “batido”. Na trama, um homem em busca de vingança é chantageado por uma mulher que também quer vingança. A partir  daí entra um estranho romance e uma discussão sobre dilemas. Todo roteiro sobre vingança, crime e assassinos profissionais é bem repetitivo. A questão que determina o filme ser bom é o ângulo em que o diretor utiliza para narrar sua história e assim construir a base para o desenrolar dos fatos.





Mesmo que Colin Farrell seja um ator legal (nunca fui de julgar o cara), quem rouba a cena, emociona e nos apresenta uma perspectiva diferente da obra é minha amada Noomi Rapace. Sua personagem recebe uma roupagem especial e um cuidado delicado. A pobre moça quer vingança do desgraçado que deixou cicatrizes em seus rosto e saiu impune. Ela é uma boa pessoa, simples e desiludida. Vive com a mãe, uma boa senhora e vigia um morador do apartamento em frente: Farrel, no qual se descobre ser um assassino em busca de justiça. Nesta intrincada trama vingativa, acaba-se notando um romance bacana entre ambos. Romance este demorado, complexo e sem futuro. Estamos diante um cara com plano de dar sua vida para por em prática seu plano final. Estamos diante uma mulher marcada (literalmente e metaforicamente), desiludida com o amor e a vida. E ainda temos inimigos poderosos querendo dar cabo deles. Tudo começa a se encaminhar para um desfecho que não queremos ver.


Colin Farrell tem uma atuação simples, nada de novo se você já conhece ele. Mas quando ela está em cena até ele melhora. A atuação de Noomi é linda e sensível. Consegui congelar em cada cena que ela aparecia, na frente do espelho chorando, ou dando a entender que por ela se esquecia a vingança e fugia com ele. Mas o cara está obcecado com o plano. Ele é turrão e custa a enxergar a nova oportunidade, bem ali parada na frente de seus olhos. O jeito que ela se arruma esperando ele, o fato de fazer comida para ele, o olhar com esperança de ajeitar a vida. Confesso que consegui extrair isso da atuação ótima de Noomi Rapace. Claro, a obra é agridoce e muita coisa rola. Momentos fortes e violentos quebram o ritmo. Tenho a impressão de que o diretor quis fazer um romance às avessas. Algo que só pelo final se entrega, antes disso há toda uma trama típica de filmes policias e de máfia. 


Enquanto o filme dá este ar de ação, é clichê; o que poderá decepcionar a maioria que esperava mais. Mas aqui digo eu que amei o filme por todo este lado romântico azedo. E o final também acaba valendo a pena. É exagerado, é verdade; afinal temos um carro invadindo uma mansão. Mas é cheio de adrenalina, onde eu ficava torcendo para o casal se salvar. Também notei uma tendência de Oplev: um certo elogio aos clássicos de espionagem e ação. Até alguns cartazes promocionais do filme tem um aspecto retrô. A estreia do diretor em solo americano pode não ter sido espetacular. Pelo contrário, foi simples, e talvez por isso aprovei. Ele se calçou em mostrar o melhor de Noomi Rapace e trazer uma ideia “dark” de como um amor sincero e bonito pode surgir. Tem clichês, mas nem tanto como se imagina. Até o desfecho das personagens centrais são inesperados se levado em conta a condução da trama. Um filme bem simples, mas acima da média. Sempre sentirei pena da moça, com suas cicatrizes no rosto, botando seu vestidinho branco e indo atrás do “assassino” pelo qual se apaixona. No fim, eu que me apaixono por personagens tristes.


NOTA: 8





Direção: Niels Arden Oplev


Elenco: Colin Farrell, Noomi Rapace, Terrence Howard, Dominic Cooper, Isabelle Huppert, Armand Assante, F. Murray Abraham.


Sinopse: Victor (Colin Farrel) trabalha como o braço direito de um grande criminoso em Nova York. Um dia, ele encontra Beatrice (Noomi Rapace), vítima de um crime, que considera Victor o homem perfeito para ajudá-la em sua vingança. Para convencê-lo a cooperar, ela o chantageia com provas de um assassinato que Victor cometeu.




Cartazes retrô:






Trailer:





  

  

  

  

  

  




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