Drácula de Bram Stocker (1992, de Francis Ford Coppola) – Vencedor de 3 Oscar

Viajei oceanos de tempo para encontrá-la.

É possível um filme de terror ser belo, poético, emocionante e romântico? Muitos talvez respondam não. Mas os melhores filmes de terror conseguem passar algum tipo de emoção além do pavor. Lógico que são raros os exemplos. Mas o primeiro que me vem à mente sempre é Drácula de Bram Stocker. Existem centenas (sem exageros) de adaptações da história do Conde Drácula e sua sede vampírica de sangue. Mas esta versão aqui, de 1992, é a melhor de todos os tempos. Para mim, este filme aqui não é apenas a melhor versão do Drácula, mas o melhor filme sobre vampiros já feito. É também um dos mais profundos filmes de terror. E acima de tudo, fica na minha seleta lista de melhores filmes de todos os tempos, realmente um de meus favoritos. Custou 40 milhões de dólares (muito para a época) e arrecadou altos 215 milhões, se tornando a 9° maior bilheteria daquele ano. Foi ao Oscar em 4 categorias, vencendo 3. A categoria em que perdeu foi de Melhor Direção de Arte. As 3 em que ganhou foram: Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Melhores Efeitos Sonoros. E os motivos para eu idolatrar este filme são vários. Preparados para se surpreender?



O roteiro foi escrito usando como base o romance gótico Drácula, do escritor Abraham Bram Stoker, lançado em 26 de Maio de 1897. Para a direção do filme foi escalado ninguém menos que o mestre Francis Ford Coppola, o cara que fez os clássicos Poderoso Chefão, entre outros. O prestigiado diretor abraçou a causa e resolveu embarcar em um filme de terror diferente da maioria, ele resolveu fazer algo classe A. Mesmo que com boas doses de tensão, sangue e mortes, o diretor consegue extrair e mostrar na tela uma melancolia e um sentido lírico e romântico para a trágica trajetória de Drácula. O sangrento e guerreiro conde Vlad Drácula faz carnificinas na batalha. Até que um falso boato de sua morte faz com que sua amada fique desesperada e se suicide. Revoltado e despedaçado, ele amaldiçoa a Deus e vende sua vida ao Diabo. Assim ele se torna imortal, sedento por sangue e por um amor perdido. As eras se passam até ele encontrar a reencarnação de seu amor, agora chamada Mina, que está noiva do jovem Jonathan. O conde arma tudo para ficar com a moça, mas o doutor e visionário Abraham Van Helsing estará em seu caminho. Há muito mais no filme e há muitas personagens. O tempo de duração de 2 horas e 10 minutos permite que toda estória seja desenrolada com perfeição.

Winona Rider é mina, e a mocinha que foi a queridinha de Hollywood na época atua muito bem. Keanu Reeves (também queridinho da época) não tem muita importância em atuação, mas não chega a estragar nada. O veterano Anthony Hopkins está perfeito como um Van Helsing inteligente, engraçado e um tanto louco. Mas a atuação que marca o filme é dele, Gary Oldman; como o próprio Drácula. Sua expressividade, sua força em cena, seu sofrimento, seus infernos internos; tudo é entregue pelo ator com uma força esmagadora. Uma das cenas iniciais em que ele amaldiçoa a Deus e sofre ao saber que sua amada morreu: nossa, esta cena é poderosa. Os gritos e as palavras lançadas por ele são fortes e arrepiantes. Aplausos para a atuação deste que foi um dos melhores representantes de Drácula. Quando ele tenta conquistar Mina, Gary Oldman entrega cenas mais delicadas e românticas. Seu charme e estilo são tentadores às moças da época. E o que dizer do olhar dele nas cenas finais? É ver para crer. Saudade dos tempos dos filmes de vampiros de verdade, que além de assustar, seduziam lindas mulheres.


O filme é visualmente arrebatador. Cada cena, quadro de câmera, cada ambiente, cada peça de mobília, papel de parede, cada vela: tudo perfeito. A criação da época de Londres em 1897 é arrebatadora. A fotografia, a iluminação, a representação da velha Londres: tudo, absolutamente tudo é perfeito. Os efeitos sonoros são impactantes: os gritos, gemidos, berros de criaturas, tudo isto mereceu o Oscar que levou. Ainda em Oscar, merecido o prêmio de melhor figurino, pois cada peça de roupa é mais deslumbrante que a outra. E a maquiagem é espetacular. Nada de computação (que ainda era primitiva na época). Tudo foi na raça e na coragem, com os atores se submetendo a horas de maquiagem para ficar com a aparência pronta para a câmera. O cuidado e o perfeccionismo da equipe do filme para tornar tudo mais real é incrível e invejável se comparar com muito filme moderno. E além de todo este visual surreal, a trilha sonora nos pega por completo em melodias aterradoras e incríveis. Tudo acaba contribuindo para um clima perfeito, onde você se vê dentro de um filme, crendo em tudo que é mostrado. Encantando ainda mais quem assiste ao filme, temos uma cena em que é mostrado o Cinematógrafo, o avô do cinema que conhecemos. Drácula e Mina assistem a um filme neste antigo modelo de cinema (sim em 1897 já existia filmes). Adoro esta parte histórica que algumas ficções trazem, enriquecendo ainda mais a obra.



Uma coisa interessante é a grande quantidade de elementos e folclore dentro da obra. Não fica somente no sangue, crucifixos e alho. Há muito mais características, sendo bem fiel ao livro. Há o fato do Drácula se tornar o animal que quiser, inclusive um ser meio homem e meio lobo (Drácula é o mesmo lobisomem? Isso mesmo). Interessante vermos o estado de desequilíbrio mental que Renfield, o ajudante de Drácula tem; comendo insetos e querendo a imortalidade. Outra parte interessante é Lucy, amiga de Mina. É uma moça avançada para a época. Ela tem interesse por três homens distintos e fala abertamente sobre assuntos que mulheres não falavam. Ela e Mina até mesmo em certo momento olham um livro de Kama Sutra. Drácula a possui quando ele está em forma de lobo. Durante sua transformação, Lucy tem fortes desejos sexuais, rendendo alguns momentos engraçados. Falando em graça, o bom humor negro de Van Helsing é de matar. Além de fazer piadas com as situações, até mesmo tem certo olhar para cima de Mina. É algo quase imperceptível, mas está ali. Eu passaria horas detalhando referências e curiosidades do filme, até mesmo como o fato da personagem de Van Helsing ser inspirado no próprio Bram Stocker, o escritor do livro. Notaram que ambos se chamam Abraham?


E para aumentar ainda mais meu amor ao filme, ele tem a presença de minha atriz favorita. Creio que você que segue o blog e minhas postagens não faça ideia de quem seja, não é? Aqui ela é uma das 3 vampiras sexys que prendem Jonathan (Keanu Reeves) no castelo do conde. Estou falando da maravilhosa italiana Monica Bellucci, ainda em início de carreira. Sou apaixonado por ela e a considero a mulher mais linda da sétima arte. Preciso arrumar uma italiana para mim (risos). Enfim a participação dela só deixa a obra mais quente e impecável. Drácula de Bram Stocker traz um grande diretor, um elenco fabuloso, cenas de tirar o fôlego, uma trilha sonora fantástica. Cada detalhe é incrível e extremamente pensado e executado. O que mais poderia querer? Uma história de amor genuíno? Pois saiba que o filme também tem isso!



Este é um daqueles filmes que entra para a lista de “devo assistir antes de morrer”. Esqueça vampiros e adolescentes apaixonados de hoje em dia. Acima de todo horror e teor altamente psicodélico, Drácula é uma história de amor. Amor trágico e melancólico, digno de Romeu e Julieta. Se em Romeu e Julieta, a morte é o fim; em Drácula a morte é o começo. Este demoníaco e atormentado ser procura ao longo das eras seu genuíno amor. E lá pelo final, depois de várias mortes e tragédias, por um breve momento ele deixa de ser perverso e encontra a felicidade. Mas claro que haverá um desenrolar triste, mas mesmo assim belo e poético. Drácula de Bram Stocker é a história de um amor reencontrado depois de eras, sobrevivendo a todos infernos impostos pela vida e a morte. É uma produção extremamente gótica e obscura, há cenas em que tem monstros terríveis e sangue jorrando; mas tem opostos claros e belos. Há muito mais de sexo e romance do que violência. Nada explícito, tudo muito indireto e implícito, para você desvendar e captar aos poucos. Além de ter a minha preciosa Monica Bellucci, além de ser um poderoso filme de terror, além de ter uma inteligência ímpar e além de ser um filme grande e de qualidade em todos os sentidos; Drácula de Bram Stocker traz junto de toda esta carga algo bem simples. Algo vital e de poder inigualável: que por trás de toda moça, herói ou demônio, não importa, todos temos um amor levado embora para sempre.


O amor é mais forte que a morte.” 



NOTA: 10






Dê pausa na trilha sonora do blog lá em baixo e depois assista ao incrível trailer do filme, remasterizado:






Direção: Francis Ford Coppola

Elenco: Gary Oldman, Winona Ryder, Keanu Reeves, Anthony Hopkins, Richard E. Grant, Cary Elwes, Bill Campbell, Tom Waits, Sadie Frost e Monica Bellucci.


Sinopse: Adaptação fiel do clássico romance de Bram Stoker, o filme ganhou Oscar de fotografia, maquiagem e efeitos sonoros. Keanu Reeves é Jonathan Harker, um jovem advogado londrino que viaja a trabalho para o interior da Europa. Lá, é capturado pelo conde Vlad Drácula(Gary Oldman) que fica obcecado pela foto de Mina (Winona Ryder), a noiva do rapaz. Mina lembra uma antiga paixão de Vlad, morta de forma trágica no século XV. O conde parte para Londres atrás de Mina e por lá instaura um reinado de terror e sedução.






Bônus: Clip da bela canção Love Song For A Vampire, de Annie Lennox:





Porquê considero Monica Bellucci a mais bela e minha atriz favorita?



Monica Bellucci como vampira no filme Drácula de Bram Stocker.


Mais fotos e cartazes do filme:

   

  

   

    

  

As 3 vampiras do castelo de Drácula





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