Crítica: Tudo por um Sonho (2013)




Filmes de surf já foram moda em uma época, onde toda semana à tarde passava algum título com esta temática. Filmes dramáticos baseados em fatos reais, sobre um atleta ou indivíduo que supera todas barreiras sociais, emocionais e físicas também. Tudo por um Sonho nos traz tudo isto, porém de maneira muito bem executada. Já é uma das boas surpresas do ano. A dupla de diretores Michael Apted e Curtis Hanson conseguem capturar o espírito do surf e transmitir no filme.

Diferente de muitas modalidades de esporte, o surf não deve ser encarado como um meio de competição, mas como um estilo de vida, uma maneira de se ligar com a natureza e se libertar; um tipo de religião. 


O jovem Jay busca esta ligação com o mar. Ao conhecer o veterano e limitado Frosty, a amizade e a ligação “mestre-aprendiz” nos capturam de maneira convincente. Fazia tempo que eu não via uma boa atuação de Gerard Butler. Sempre gostei dele, mas geralmente seus papéis são bobos (ou ação ou comédia romântica). Aqui ele entrega um atuação muito simples e honesta. O desconhecido Jonny Weston é o típico aprendiz apressado, mas com o decorrer da trama se torna mais do que isso. Diferente de muito filme deste tipo, aqui nós queremos saber mais da vida da personagem, e sentimos pena dos seus dramas. Boa parte do drama vem dos problemas de sua mãe, muito bem interpretada aqui pela veterana Elisabeth Shue. 

Todo o arco que envolve Frosty (Butler) também é importante. Seus problemas em casa são óbvios. Com um estilo de vida em que se prioriza o mar, ele falta com as responsabilidades em casa, com a esposa e família. Quando ele começa a treinar Jay para as temidas Mavericks surf break (maiores ondas do planeta), ambos os lados terão lições valiosas. Estas lições vem de maneiras tristes e trágicas, ou em um momento simples, onde um diálogo ensina algo sobre a vida. Ao tratar do drama com suavidade, não apelando para um melodrama exagerado, o filme dá outro acerto. A tristeza está ali, mas comportada. O roteiro, que se concentra em permanecer simples e sincero, acerta em cheio em nos apresentar esta história real.

No final, há um fato que deixará muitos tristes de saber (afinal aconteceu), mas fica uma linda mensagem. Não há nada mais libertador que a natureza e o prazer, a adrenalina e a emoção que ela pode nos dar. Além de qualquer demonstração de habilidade e competição boba; viver em sintonia e respeitando o mar é vital. E como o filme traça a metáfora – viver é como surfar: ou você luta e luta, morrendo cansado e afogado; ou aprende as lições necessárias para seguir e contornar as ondas que aparecerão, mesmo se for uma Mavericks surf break. E como não poderia deixar de comentar, o filme nos blinda com uma fotografia linda e imagens eletrizantes de gigantescas ondas. É realmente de encher os olhos.

NOTA: 8

Direção: Michael Apted e Curtis Hanson


Elenco: Gerard Butler, Elisabeth Shue, Leven Rambin, Abigail Spencer, Scott Eastwood, Taylor Handley, Jonny Weston, Jenica Bergere, Channon Roe.


Sinopse: Baseado na história de vida do surfista Jay Moriarity, que aos 15 anos vai atrás de uma das maiores ondas do planeta, a Mavericks surf break. Na jornada ele conhece a lenda local Frosty Hesson e os dois formam uma amizade única muito além do surf.


Trailer:


















































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