Crítica: Terapia de Risco (2013, de Steven Soderbergh)


Este é o penúltimo filme do amado diretor Steven Soderbergh, que já entregou sucessos e obras elogiadas como Traffic, trilogia dos 11, 12 e 13 Homens e Um Segredo, Magic Mike, Contágio, Che Partes 1 e 2, O Segredo de Berlim e o ótimo Sexo, Mentiras e Videotape. Sua última obra está sendo reverenciada atualmente no Festival de Cannes: Behind the Candelabra. Este Terapia de Risco não chega a fazer jus aos grandes filmes do diretor, mas trás um suspense diferente, expondo um lado que muitas vezes nos passa despercebidos (ou não).


Na trama, a ótima atriz Rooney Mara tem sérios problemas depressivos e se trata com Jude Law. Ela começa um novo tratamento com uma droga nova, o que acaba “ocasionando” uma tragédia envolvendo o marido dela, recém saído da cadeia; Channing Tatum. O psicólogo (Law) decide investigar, o que acaba levando ele até Catherine Zeta-Jones, a antiga psicóloga de Mara. A trama engana bastante de início, sem saber para que rumo tomará. Há uma forte carga dramática, mas acaba afundando em um suspense nada convencional. As reviravoltas envolverão lesbianismo, fingimento e questões éticas e profissionais. Questões em como a burocracia, os estudos e testes funcionam na indústria farmacêutica são colocadas em cheque.


As atuações são dignas, nada espetacular mas nada menos do que você espera do bom elenco. O roteiro por vezes fica com medo de arriscar. Deveria ter arriscado mais e aí teríamos uma das obras mais inflamatórias do ano. O diretor Steven Soderbergh entrega sua maneira fria de dirigir. Não que isso seja ruim. Ele sabe como ninguém fazer com que você  não ame a nenhuma das personagens, embora haja momentos que tenha um pouquinho de pena delas. A frieza fica nítida quando a vida de Jude Law começa a desmoronar. O olhar quase insensível de Rooney Mara mostra o tipo de cobrança que Soderbergh faz de sua equipe. Poucos momentos sentimos calor humano do elenco. O diretor já havia feito isto com Contágio e À Toda Prova, onde a tensão se cria justamente na falta de calor do elenco. Toda a situação é estranha e gelada em ambos filmes.



Entre a série de reviravoltas, eu não esperava por duas delas. Realmente achei que se trataria de um novo tipo de droga que desequilibra a pessoa. Mas acaba sendo algo muito mais psicológico e policial. Mesmo assim a “pulga atrás da orelha” é lançada. A verdade é que cada vez temos mais pessoas deprimidas e com problemas profundos. Os pensamentos suicidas e homicidas estão presentes no dia-a-dia. E por tabela, cada vez mais e mais drogas são feitas numa tentativa de controlar tais desejos e ansiedades. Mas fica a dúvida: serão em muitos casos estes desequilíbrios psicológicos desculpas e maneiras para se escapar da cadeia e do senso de culpa? Não seria muitas vezes o estado de espírito falta de caráter, em vez de doença? 


Mesmo que de maneira rápida, Steven Soderbergh entrega uma fita que lança reflexões e deverá ganhar atenção da ala médica e psiquiátrica. Um bom suspense, com um elenco respeitável. Pena que o diretor não entregou tudo que podia em seus últimos filmes. Mesmo assim continuam sendo acima da média. Steven Soderbergh é o tipo de diretor que ao se aposentar, fará falta no cinema mais cult e realista, ao mesmo tempo em que também fará falta no cinema fantasia e pipoca. Estou ansioso para ver seu último trabalho, que dizem ser maliciosamente bom. De qualquer maneira este querido diretor merece respeito e ser lembrado mesmo após sua desejada aposentadoria.


NOTA: 8




Direção: Steven Soderbergh


Elenco: Rooney Mara, Channing Tatum, Jude Law, Catherine Zeta-Jones, Mamie Gummer, Vinessa Shaw, David Costabile, Greg Paul, Laila Robins.


Sinopse: A história de Terapia de Risco se aprofunda na relação entre as alterações de humor e comportamento devido o uso de substâncias químicas. No longa, uma mulher (Mara) começa a se dopar com remédios tentando conter a ansiedade do retorno de seu marido, recém-saído da prisão (Tatum). Law e Zeta-Jones vivem psicólogos.


Trailer:











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