Crítica: Dezesseis Luas (2013) – A promessa de um novo “Crepúsculo”. Será?



Direção: Richard LaGravenese


Elenco: Alden Ehrenreich, Alice Englert, Emma Thompson, Viola Davis, Emmy Rossum, J.D. Evermore, Jeremy Irons, Kyle Gallner, Lance E. Nichols, Rachel Brosnahan, Thomas Mann, Tiffany Boone.


Sinopse: Ethan Wate (Alden Ehrenreich), é um estudante de colegial que fica enfeitiçado por Lena Duchannes (Alice Englert), aluna nova, de 16 anos, que acaba de chegar de outro estado – e com quem ele estranhamente tinha pesadelos há meses. Os dois se unem para enfrentar uma maldição sobrenatural que persegue a família dela há gerações: sempre que uma Duchannes completa 16 anos, ela deve escolher se será para a vida toda uma feiticeira do Bem ou do Mal.



Trailer:



A promessa de um novo Crepúsculo. Será? Nunca gostei de Crepúsculo. Há tantas, mas tantas falhas, que as poucas qualidades acabaram sucumbindo. Qualidades? Sim, há! Vi toda saga e ela sempre mostrou uma boa fotografia da cidadezinha, uma ótima trilha sonora e ajudou a evidenciar a carreira de algumas boas atrizes que se deram bem fora da saga. É o caso de Anna Kendrick e Bryce Dallas Howard. Por outro lado, a atuação central é péssima, o roteiro pior ainda, ação fraca (seria falta dela?) e “defeitos especiais” a todo tempo. O casal é sem sal, os diálogos são um equívoco completo, sem falar que todo o horror, o misticismo e a sedução dos vampiros foi mandado para o “quinto dos infernos”. Talvez o primeiro filme seja o mais perdoável e aceitável, somente por ser o primeiro e “experimentar”. O resto foi um equívoco que infelizmente virou evento cinematográfico, com direito a milhões arrecadados, fãs desvanecidos gritando e uma série de fofocas sensacionalistas na mídia envolvendo o casal principal. Ao ficar sabendo de “novos Crepúsculos”, chega a dar um arrepio na espinha. Dezesseis Luas é ou não é?

Dezesseis Luas é bem melhor que Crepúsculo, para surpresa de alguns e ódio mortal de outros. Claro que: obviamente a saga é direcionada para adolescentes, tem um romance sobrenatural, é baseada numa série de livros, se passa numa pequena cidade. O nome nacional não ajuda, numa tentativa de aproximar à Crepúsculo. O nome original é Beautiful Creatures (algo como Belas Criaturas). Como é de se esperar, nome original bem mais poético. Mas diferente de Crepúsculo, não foi bem nas bilheterias, e parece que o público “órfão” de Crepúsculo não gostou do filme. Fica nítido porque. O filme não esnoba ou agride o cérebro do público maduro.

Sendo bem direto, o elenco é competente. Não que eles entreguem atuações fantásticas. Mas o casal principal tem carisma de um jeito humilde. Não são “endeusados” a todo instante, nem são completamente frios, inexpressivos e sem sal. A mocinha que é Lena, uma prometida bruxa a ser invocada ou para o bem ou para o mal em seu 16° aniversário; se sai razoavelmente bem. Não que Alice Englert seja fantástica, mas entrega algumas boas feições faciais e é bonitinha (me perdoem mas Kristen Stewart pode não ser feia, mas não é feminina). Mas Alden Ehrenreich entrega em seu Ethan um papel interessante. O rapaz atua bem e mostra carisma diante as telas. Uma mistura de nerd e renegado, tudo que Ethan quer é sair da minúscula cidade. Quando o inevitável amor explode, é suficientemente crível. Eles não ficam naquele vai não vai. Na base de boas piadas (acredite), briguinhas típicas de jovens e alguns bons amassos; eles conseguem não apenas química entre si, mas com o público que assistir o filme com a mente aberta.

O elenco de apoio é bom. Mesmo que superficialmente, os veteranos Viola Davis, Jeremy Irons e Emma Thompson estão presentes. Sinto que Emma Thompson foi mal utilizada, afinal é uma atriz de porte. Mas nada que fira por completo. Entre os jovens coadjuvantes, Thomas Mann é um bom ator, mesmo que apareça pouco. Tenho visto ele em filmes adolescentes como Projeto X e acho que ele não atua mal. Aqui, inclusive; ele tem um papel importante na trama final. Mas o grande destaque dos coadjuvantes é mesmo Emmy Rossum, que entrega um projeto de bruxa má muito sexy, esnobe e manipuladora. Inclusive, a reviravolta que envolve  Thomas Mann é resultado da manipulação sensual dela. 

Os cenários são bacanas, assim como o figurino que é bonito, deslumbrante e bem colocado. A fotografia da cidade e a iluminação tanto do sol como dos ambientes internos é boa. Em alguns poucos momentos a direção de arte manda bem, apresentando uma estranha escada branca em espiral, ou uma cena de uma mesa girando loucamente. Aliás, esta cena da mesa transmite um caos total, de maneira engraçada. Durante todo filme há um ar meio engraçado. São muitas as piadas e referências à cultura pop. Sim, há inteligência em Dezesseis Luas, mas isso vem depois.

Claro que o filme não é um mar de rosas. O roteiro falha bastante na sua metade final. Com 2 horas de duração, a 1 hora final é lenta, há climas desnecessários e o final é parado.
Há a tal cena em que  Thomas Mann atira em alguém. Mas logo em seguida os acontecimentos são um pouco sem graça. O combate final não empolga, e digo: efeitos especiais fracos. Não sei de onde o filme custou 60 milhões de dólares. Realmente os efeitos parecem inacabados. A trilha sonora também não emplaca, o que é difícil de acontecer em filmes adolescentes. Mas vendo de outra óptica, pelo menos não tenta ser grandioso, com cenas desnecessárias de ação e criaturas se matando. Dezesseis Luas pisa no freio e faz o seu lado com modéstia. Talvez por isso os fãs da outra saga não tenham gostado.


Fiquei devendo  o lado inteligente do filme né? Há referências ao cinema, como alguns clássicos assistidos. Há um momento em que está passando no cinema “Premonição 6” e logo após a seguinte frase é dita: ‘Satanás também odeia sequências?’, uma clara crítica ao excesso de continuações, algo que diretamente afeta Crepúsculo. Gosto de filmes que falam de filmes, e na primeira hora deste Dezesseis Luas, isto acontece. A cidade é bastante arraigada à religião. Vários livros são proibidos. O jovem Ethan e seu amigo (Thomas Mann) são um tanto rebeldes, pois tem estilo próprio, não suportam as “santinhas” do colégio, lêem escondido certos livros e sonham em fazer faculdade bem longe dali. A cidade trata do tema bruxaria como a inquisição e muita coisa (como livros e obra de arte) são considerados do Diabo. Este lado é rapidamente mencionado, mas vale pontos. Sem falar nos diálogos divertidíssimos entre o casal. São inúmeros, até de duplo sentido. Eles falam palavrões e são mais humanos. Realmente, são personagens mais fáceis de se criar carisma.

Deverá ter continuação? Devido à fraca bilheteria, não. Mas confesso que após a diferente cena final, gostaria de ver uma continuação, desde que siga o estilo deste primeiro filme e não peque pelos excessos. Para um filme que eu não botava a menor fé e estava pronto para detonar, Dezesseis Luas foi uma surpresa agradável. Não é um grande filme. Longe disso, e o barato que ele nem tenta ser grande. Mesmo que voltado para jovens, não é um ultraje. Pelo contrário, tem seus momentos e faz sua homenagem à cultura pop. Veja sem compromisso, esperando algo ruim, e se surpreenderá por uma trama simples e boba, mas que de alguma forma se sai medianamente bem. E confesso, foi na seguinte cena de chuva que dei uma chance à Dezesseis Luas:

Ethan: – Está parecendo o Titanic aqui. Eu nunca entendi porque o Leo morreu no final. Por que eles não revezaram? “Você flutua na tábua 10 minutos; eu flutuo 10 minutos.” Ela ficava dizendo: “nunca deixarei você ir”, mas deixou!

Lena: – Se eu entrar no carro, terá mais conversas fascinantes assim? Por que prefiro me afogar.

Ethan abre a porta do carro e diz: – Não, tem compras aí atrás.

Lena: – Não acredito que me contou o final de Titanic. 

Ethan: – Nunca assistiu?

Lena: – Não. 

Ethan: – Você não é daqui mesmo.

NOTA: 6

  

   

   

  

  



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