Crítica: Amor Pleno (2013, de Terrence Malick) – Pedido de Daniel Serafim




Eis que chega a vez de fazer a crítica de Amor Pleno, que meu amigo (e atual colaborador) pediu já faz algumas semanas. Sim, estou bem atrasado, e em uma semana meio complicada, com gripe e tudo o mais. Então esta semana e a próxima estarei “pagando promessas” e fazendo postagens que amigos e fãs do blog pediram. Talvez o público em geral desconheça o trabalho de Terrence Malick, um diretor único e com um estilo próprio. Não pude conferir suas primeiras obras, mas em suas últimas já deu para perceber a mente e a desenvoltura dele na hora de contar sua estória. Em O Novo Mundo, Malick entrega a versão realista e um tanto religiosa de Pocahontas. Mas foi com A Árvore da Vida que o diretor chamou a atenção, sendo odiado ou amado. Particularmente sou apaixonado pela obra A Árvore da Vida, um filme reflexivo e ao mesmo tempo um desafio para a mente. Malick nos transporta para a filosofia e a base da religião, numa viagem psicodélica que abrange as eras terrestres, a origem da vida, do conceito de família e o que vem após. Depois desta prévia toda, o que esperar do novo filme de Malick?



Amor Pleno parte da mesma essência de A Árvore da Vida, tendo um tom filosófico e reflexivo. Se antes a vida em si era o alvo de toda reflexão, aqui é o amor. Esqueçam a sinopse oficial do filme, que só serve para ter um base. Esqueçam este título, que fará muitas mulheres irem aos cinemas esperando uma obra melancólica no estilo do escritor Nicholas Sparks. Aqui é tudo mais complexo do que um simples filme de romance. Temos Ben Affleck e sua amada Olga Kurylenko (extremamente linda e talentosa a esta altura) e acompanhamos o fim deste amor. Rachel McAdams surge rapidamente como o antigo amor de Affleck. E ainda temos o sempre excelente Javier Bardem como um padre atormentado, que está em busca do amor de uma forma mais espiritual, mais “plena”. Sim, pode-se dizer que o “pleno” do título se refere mais a um estado de espírito e consciência. 



O filme não chega a ser aquela viagem lúdica, lírica e abstrata que A Árvore da Vida foi, mas chega perto. A maioria das pessoas achará sem nexo e até mesmo sem sentido ambos os filmes. Mero engano, já que estes sim apresentam certo significado, mesmo que abstrato. Frases e monólogos profundos enchem a tela. As tristes e por vezes “felizes” personagens não representam exatamente pessoas, mas sim a personificação dos sentimentos. O que é o amor? Como ter o amor pleno? Que relação há com Deus, a vida e todo o resto? Não é um filme para qualquer um. É uma obra de arte, é como entrar na mente de Freud procurando a Deus e o significado da vida; ao som de música clássica e viagens no tempo-espaço. 


Malick continua ousado na direção. As tomadas e a utilização das câmeras são peculiares e únicas. O som, e por vezes a ausência dele, é algo espetacular. Olga Kurylenko é a alma do filme, e é por ela que criamos carisma. Aqui o diretor consegue explorar sensualidade. mas com classe. Esta sensualidade quase sempre é retratada por Olga Kurylenko; provando mais uma vez a importância dela na trama. Mas Javier Bardem sempre traz uma grande atuação, e aqui há um momento fenomenal e impactante. Não vou comentar para não estragar a cena. A fotografia é algo à parte, quase que com vida própria. Este é o maior atrativo do filme. As sequências de planos à distância, onde sempre tem um elemento visualmente belo ao fundo; tudo é de encher os olhos. As cenas do céu, na beira da praia, de um campo amarelado, de uma máquina funcionando ao brilho do sol. O filme respira vida e sentimentalismo. 



O filme é instintivamente Terrence Malick. Javier Bardem e sua busca por algo maior reflete o lado católico (e mais do que isso, o lado de fé em algo superior) do diretor. Mesmo que não tão profundo quanto ao anterior, Amor Pleno é um filme poderoso. Me arrisco a dizer que este é um dos melhores filmes de 2013 até agora (perdendo apenas para o excelente dinamarquês A Caça). Um filme para ser visto e apreciado por cinéfilos, amantes de filmes mais cult e fãs do diretor. E mais do que isto, Amor Pleno é o filme mais visualmente belo do ano até agora. Oscar? Apesar dele preencher os requisitos para concorrer, ele estreou muito cedo. Geralmente são os filmes que saem nos Estados Unidos entre Outubro e Dezembro que vão para a premiação. Mas mesmo assim gostaria de vê-lo lá. Porte ele tem. 


NOTA: 9




Direção: Terrence Malick


Elenco: Ben Affleck, Rachel McAdams, Javier Bardem, Olga Kurylenko, Charles Baker, Romina Mondello, Darryl Cox, Cassidee Vandalia, Jeff Anderson, Paris Always, Michael Bumpus.


Sinopse:  Em Amor Pleno, Affleck vive um mulherengo em crise que viaja até Paris e começa uma relação complicada com uma europeia (Kurlenko). Eles se casam e se mudam para Oklahoma, sua cidade natal, e o romance a deteriorar quando ele se reaproximar de um antigo amor (McAdams).


Trailer:



Fotos e cartazes:
































Bônus: Olga Kurylenko








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