ESPECIAL OSCAR 2013 – Crítica: A HORA MAIS ESCURA (2012)

Antes eu havia dito que a crítica de Os Miseráveis tinha a sido a mais difícil que eu já tinha escrito, por ter me colocado entre o coração e a razão. Simpatizei com o filme, mas sabia que não podia ignorar as falhas, deixar de pontuá-las. Pois bem, eu acho que essa crítica de A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty) tomará esse lugar de dificuldade, porque dessa vez sou colocado entre julgar baseado nas minhas reservas pessoais ou avaliar a produção com toda uma visão à parte. Mas vamos com calma…

A Hora Mais Escura é uma “crônica” da caçada com duração de uma década ao líder terrorista da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, depois dos ataques aos EUA em setembro de 2001, e sua morte nas mãos da equipe S.E.A.L Time 6 em maio de 2011.
Voltando ao meu conflito interno quanto ao que dizer aqui, sei que pode parecer sem fundamento. Afinal um crítico não deveria naturalmente escrever sua opinião baseado nas suas reservas? Já li muitas críticas onde profissionais afundavam produções simplesmente baseados em suas próprias preferências. Por exemplo, críticos que queimavam bons filmes de horror simplesmente por não gostar do gênero. Entendem? 
Bom, mesmo correndo o risco de me tornar um deles não vejo outra opção a não ser fazer minhas recomendação sobre A Hora Mais Escura baseado em minhas reservas tão particulares. O filme já começa com o elemento, a sequência, que o tornou tão polêmico mundialmente antes mesmo de ser lançado: as torturas cometidas pelas autoridades americanas a fim de obter respostas sobre o paradeiro de Bin Laden. Me incomodou. Afinal, isso não é uma ficção de horror. É um retrato do que aconteceu na vida real (embora os responsáveis neguem até o fim). 
E também não sou apenas eu que acho que tudo mostrado durante suas 2h40m são fatos inteiramente verídicos. Sentimos o filme “fantasioso” demais, tentando inflar o descomunal “patriotismo americano” demais. A prova de que esse exercício incômodo de patriotismo funcionou é que o filme custou $40 milhões e arrecadou $95 milhões em solo americano. Recebeu indicação ao Oscar de roteiro original, edição e filme e eu não achei necessário. Levou o Oscar de edição de som (surpreendentemente empatado com Skyfall) e foi só porque esse ano a premiação teve esse instinto estranho de não deixar nenhuma produção ir embora sem ao menos um prêmio. 
A nova queridinha da América, Jessica Chainstain (Histórias Cruzadas, A Árvore da Vida) recebeu sua primeira indicação na categoria de melhor atriz por seu trabalho aqui e por mais que eu já tenha caído de amores por ela também, acho que sua performance nunca chega a empolgar ou tem um momento marcante. É tudo muito plano. E quando deixa de ser daí já é exagerado demais.
Pois é. Para mim a diretora Kathryn Bigelow que já levou um Oscar antes tratando do mesmo tema “guerra contra o Iraque” foi muito mais feliz como sua produção anterior, o laureado Guerra ao Terror. Pois esse, tratando do emocional dos soldados em guerra, os pedaços deles que são suas famílias sempre longe, tinha o que falta desesperadamente para A Hora Mais Escura: um coração.
E talvez só seja hora mesmo de virar essa página de “guerra americana contra o terrorismo”. Deixar para trás o que ficou para trás. Vislumbrar um futuro de paz. É por essas e por outras que o filme soa tão irrelevante. Porque já findou essa fase de caçada ao Oriente Médio… Muito felizmente.
NOTA: 6 (Critério de 0 a 10)

TRAILER:
 
Dan: “Quando você mente pra mim, eu te machuco”.
E a frase acima, tristemente, é a que melhor representa todo o espírito do filme.


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