ESPECIAL OSCAR 2013 – Crítica: As Sessões




Direção: Ben Lewin



Elenco: John Hawkes, Helen Hunt, William H. Macy, Adam Arkin, Annika Marks, Blake Lindsley, James Martinez, Jarrod Bailey, Jennifer Kumiyama, Ming Lo, Moon Bloodgood, Robin Weigert.



Sinopse: As Sessões, inspirado nos escritos autobiográficos do jornalista e poeta Mark O’Brien, conta a história de um homem que viveu a maior parte de sua vida em um pulmão de ferro e está determinado – aos 38 anos – a perder sua virgindade. Com a ajuda de seu terapeuta e a orientação de seu padre, ele se propõe a tornar seu sonho uma realidade.



Oscar: concorreu em apenas uma categoria, de Melhor Atriz Coadjuvante, para Helen Hunt.



Trailer:


Este foi um dos injustiçados do Oscar de 2013. Concorreu em apenas uma categoria, de melhor atriz coadjuvante. Uma pena, já que merecia mais, bem mais. Este singelo filme dramático de 90 minutos de duração é uma joia rara. Como você leu na sinopse, traz um emocionando enredo envolvendo este homem que mexe apenas o rosto e vive em uma máquina chamada pulmão de ferro.



Falando primeiro do filme, a atuação de Helen Hunt mereceu a indicação de melhor atriz coadjuvante. Ela faz um papel sexy e de início, polêmico. Mas logo entendemos a importância dela para o filme. Mas confesso que o ator protagonista, John Hawkes, também merecia a indicação de melhor ator. Sua performance é linda e impressionante. Ele consegue passar uma imagem debilitada, de alguém que pode morrer a qualquer momento. Mas ao mesmo tempo, seu olhar esperançoso e seu jeito engraçado são de arrepiar. Elogio todos os atores coadjuvantes, como Moon Bloodgood que interpreta a corajosa ajudante do nosso herói. Mas quem rouba a cena é William H. Macy, que interpreta um padre engraçado e um tanto malicioso.



Trilha sonora simples, mas colocada no momento certo. O diretor Ben Lewin não traz nada de inovador, mas conta esta história emocionante de maneira humilde e corajosa. Até as cenas de sexo, o que ele faz é com respeito e segurança. Grande parte dos diálogos são recheados de humor negro. Ora, Mark está envelhecendo  e morrendo preso à uma máquina. Ainda é virgem aos 38 anos. A única coisa sensata à esta altura é ter um bom humor e aceitar tudo com naturalidade. E é isso que ele faz, debochando de si mesmo e mostrando que está bem resolvido com sua situação.

Mas ele também mostra garra. Mesmo com todas dificuldades, além da vergonha de não conhecer o calor de uma mulher; Mark demonstra uma força de vontade que dá “tapa na cara” de muita gente que é sã e sempre reclama de sua situação. Um exemplo de vida encorajador!


Esta emocionante história verídica é um filme simples, muito simples. É delicado, debochado em momentos que normalmente seriam tristes, além de trazer cenas sexy’s não tão voltadas ao sexo em si; mas à força de vontade. Levanta também algumas polêmicas. Por exemplo, Helen Hunt aqui é uma substituta sexual. Não faça confusão, ela não é prostituta! Substituta sexual é um tipo de terapia, onde a mulher tem somente um cliente por vez durante algum tempo, ajudando o cliente a se desinibir, controlar a tensão e até vencer algum medo. Confesso que ainda não tinha ouvido falar sobre isso. Como é de se esperar, desenvolve-se uma relação de intimidade entre Helen e Mark. Mas não é um filme de romance não. Até porque Helen é casada e tem um filho. 

Várias cenas são ótimas, como as que Mark conversa com suas mulheres: sua ex-ajudante, sua atual ajudante e sua substituta sexual. Apesar da nudez e tema forte, as cenas de Mark com Helen são bonitas, cheias de poesia e diálogos incríveis. E são diferentes, afinal quantos filmes você viu em que um homem com tal dificuldade física tenta superar seu maior medo e motivo de vergonha?


E mais uma vez destaco as cenas de conversas de Mark com o padre. Ele descreve cada detalhe da sessão sexual que teve; e o padre vai ficando curioso e opinando sobre o assunto. O padre se revela um incrível personagem, cheio de piadas e humanidade. Se torna o melhor amigo de Mark.

Não vou falar do final, mas você deve imaginar que é triste. Mas fica na nossa mente uma linda mensagem. Você acaba agradecendo sua condição física. Aliás, vale salientar que condições físicas e mentais são bem diferentes. Mesmo com toda dificuldade, Mark tem uma mente lúcida e realista, enxergando as coisas muito melhor que os outros. Enquanto isso, o mundo está cheio de pessoas caminhando, agindo e transando; mas sem pensar direito e sem fazer a menor diferença. Mark O’Brien fez a diferença na vida das pessoas que ele tocou e iluminou. Seus poemas marcaram a vida de amigos e mulheres para sempre.

As Sessões é daqueles filmes desconhecidos, mas os poucos que dão uma chance e assistem, acabam tirando uma lição valiosa. Entrou para a lista de meus favoritos. As limitações estão em sua mente, então supere suas expectativas. Seja por um olhar determinado, uma atitude humilde ou por belas palavras, seja capaz de tocar a vida de alguém, mesmo se não puder andar. 

NOTA: 9,5

O filme em uma frase: Uma emocionante lição de vida, superação e fé; inspirador e poético do início ao fim.





















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