PARAÍSOS ARTIFICIAIS – CRÍTICA DE UM FILME VISUALMENTE BELO





Nunca fui fã do cinema nacional. Sempre achei fraco ou sempre mais do mesmo. Mas nos últimos anos alguns filmes brasileiros conseguiram fazer eu mudar de ideia. Eis que em 2012 surge Paraísos Artificiais, sendo o filme nacional mais comentado do ano. E realmente é bom!


Enredo: Em um enorme festival de arte e cultura alternativa com ares de Woodstock e trilha sonora de música eletrônica, as três personagens vivem experiências sensoriais intensas que trazem enormes consequências para o resto de suas vidas.
No papel mais ousado da carreira, Nathalia Dill encarna sua primeira protagonista no cinema – a delicada Érica, uma bem-sucedida DJ internacional. Os promissores atores Luca Bianchi – na pele do vivaz Nando – e Lívia de Bueno – que interpreta a destemida Lara – também protagonizam a trama.
Elenco: Nathalia Dill, Luca Bianchi, Lívia de Bueno, Bernardo Melo Barreto, César Cardadeiro, Divana Brandão, Cadu Fávero, Erom Cordeiro, Roney Vilela, Emilio Orciollo Neto, Mathias Gottfried.
Direção:  Marcos Prado


Trailer:




Com alguns pontos negativos, a trama quase se perde pelo romance e drama quase que em excesso, além do final ser menos triste do que poderia ser. Mas os pontos positivos são extremamente superiores, tornando deste filme um ótimo entretenimento. Mas o que seriam esses chamados paraísos artificiais?


São muitas as fugas dos problemas, a busca dos prazeres e à procura da felicidade. Muitos estão atrás dos seus paraísos internos. Principalmente os jovens. Nas últimas décadas foram eles que ficaram avançados e evoluídos em tudo. A juventude hoje busca sua felicidade em tudo que puder, enquanto que antigamente os padrões morais de uma sociedade não permitiam. O filme explora principalmente a música, a amizade, o sexo e drogas, muitas drogas. Os protagonistas não muito conhecidos dão um show de cena, tanto em drama quanto em cenas picantes.


Questões são levantadas para muitas discussões, isso graças aos mesmo produtores dos ótimos Tropa de Elite. Por que tantos jovens buscam nas drogas o paraíso? Seria simples distração? Como um velho hippie dá a entender, alguns estariam buscando a liberdade de pensamento, ou à busca do autoconhecimento? A busca por prazer traz que sensações? Muita filosofia, boa parte hippie, está presente nesse filme. O que rola nas festas rave? Há muita discussão sobre isso: o filme exagera ou não em retratar tudo como sexo e drogas? A maioria confirma isso, já que a atual juventude busca os prazeres ao limite, nem que seja em algumas ocasiões.






Mas não é só pensar que o filme faz. Visualmente é um dos mais belos filmes brasileiros já feito: a fotografia é impecável, a melhor que já vi. A trilha sonora é boa, o jogo de câmera é superior para padrões brasileiros, e o elenco exibe belos corpos.  Lindas paisagens com lindos atores acompanham uma trama concisa e bem roteirizada.

A atuação de Nathalia Dill é de primeira, ela convence como uma DJ iniciante em busca de novos prazeres. Luca Bianchi na primeira cena sai da cadeia e precisa se adaptar ao fato do irmão estar indo pelo mesmo caminho que levou ele para a cadeia. Tudo em algum momento se encontra ou relaciona com Nathalia Dill, seja no festival rave, seja em Amsterdã. Vários fatos vão se ligando aos poucos. Mas o restante do elenco também se sai bem. Aqui não há vilões, exceto as drogas e suas consequências. Outro trunfo da trama: a história é contada fora de ordem, te deixando ligado ao que vai acontecer. Você mentalmente vai montando os fatos e tirando conclusões. Em momentos tem fatos no passado, outros no presente. Até que a trama segue em frente mostrando as consequências dos atos. Aí há uma pequena falha em dar um “final feliz”. O filme vai tenso até quase o fim. Tudo bem foi um jeito de agradar à maioria. Mas não chega a estragar esse ótimo filme.






Cadeia, overdose, contrabando, traumas, arrependimentos e até gravidez. Todas consequências pela busca do prazer estão presente no filme. As cenas em que as amigas tomam um alucinógeno e tem um êxtase na montanha são incríveis. Risos, choros e nudez acontecem devido ao efeito da droga. Sim o filme nos traz tanto o lado belo da busca pela felicidade, como a tragédia de passar dos limites.


Esse é um filme que merece uma atenção de todos, principalmente os jovens. Todos estão em busca da sua felicidade, de descobrir novas sensações, de sentir calafrios na pele e arrepios ao ter prazer. Todos de alguma forma buscamos nossos paraísos artificiais. São artificiais porque uma hora a sensação passa, e aí virão as consequências. Visualmente belo, eficientemente intrigante; esse é um dos melhores filmes brasileiros que já vi. Que possamos usufruir não de maneira desenfreada, mas com respeito e dedicação à vida, formas saciáveis de amor e êxtase!


NOTA: 9




Deixe uma resposta