CHEGA DE REALITY SHOWS! CRÍTICA: JOGOS VORAZES



Assisti a Jogos Vorazes faz uma semana, mas sua mensagem ficou na minha mente quase todos esses dias. Talvez porque o assunto que o filme menciona seja uma das maiores feridas que eu gosto de cutucar. O enredo é o seguinte: “em algum momento do futuro, todos os anos nas ruínas de onde outrora fora a América do Norte, a nação de Panem força cada um de seus doze distritos a enviar um menino e uma menina para competir nos Jogos Vorazes. Parte entretenimento, parte tática de intimidação do governo, os Jogos Vorazes são um evento televisionado em que os “Tributos” devem lutar um contra o outro até que um sobrevivente permanece.Como represália por um levante contra a capital, a cada ano os distritos são forçados a enviar um menino e uma menina entre 12 e 18 anos para participar dos Jogos Vorazes. As regras são simples: os 24 tributos, como são chamados os jovens, são levados a uma gigantesca arena e devem lutar entre si até só restar um sobrevivente. O vitorioso, além da glória, leva grandes vantagens para o seu distrito.”

Interessante? Quer saber mais? Jogos Vorazes é baseado na trilogia que já virou best-seller no mundo inteiro. Algo que me deixou temeroso de início era o fato da propaganda de que seria a nova saga adolescente, seria o substituto de Harry Potter e Crepúsculo. Esta afirmação está certa e errada. Porque? Certa por que realmente já virou fenômeno mundial, mas errada por que o roteiro é bem mais maduro e intrigante.

O filme acompanha Katniss, uma garota que vai para os jogos afim de salvar a vida da irmã que a princípio seria levada. Lá ela treina, se destaca pela bravura e incorrupção mental. Como assim? Acontece que o início do filme mostra o quanto a vida no vilarejo dela é miserável, ela luta para sustentar a irmã e manter a sanidade da mãe. Mas quando ela chega na capital, onde ocorrerá o desenrolar dos jogos, é nítida a diferença. Ricos e esnobes, vestindo trajes ridículos e caricatos, o povo de Pane fica feliz em saber que dos 24 jovens, só um sairá vivo. Katniss vê o quanto tudo é moralmente deturpado, mas que mesmo assim nada muda o fato de que ela precisará lutar até a morte. Ela terá que unir forças com Peeta Mellark (Josh Hutcherson, o mesmo de ABC do Amor e Viajem ao Centro da Terra), o garoto do mesmo distrito que ela. Ali surge um possível romance.


E falando nela, é ela que carrega o filme, Jennifer Lawrence, a novata queridinha do momento (concorreu ao Oscar por Inverno da Alma e também é a jovem Mística em X-MEN Primeira Classe). Ela não é apenas bonita, como tem uma excelente atuação. Seu olhar humilde e dramático, suas lágrimas convincentes são raros de se ver em jovens atores. Mas não pense que ela é fraca! Mesmo dramática, Katniss é uma guerreira, que faz o que tem que fazer. Tem uma incrível habilidade com arco e flecha, deixando Robin Hood com vergonha!


Com duas horas e meia de duração o filme deveria dar sono. Mas isso não acontece. De início vemos a diferença entre os ricos de Pane e o povo sofrido dos 12 distritos. Depois começam os treinamentos, onde começamos a perceber quem serão os piores inimigos de Katniss e Peeta. Até que enfim chega o grande final, onde brutalmente acontece a batalha. Crianças e adolescentes matando crianças e adolescentes. Embora não mostre muito, o teor do filme é pesado. Mesmo sem detalhes ou muitas cenas de sangue, conseguimos entender o quanto aquilo tudo é horrível e angustiante. É ai que vou largar meu ácido.




Acontece que esse massacre é uma diversão. Milhares assistem pasmos a esse horror, lembrando muito as lutas de gladiadores na antiga Roma. O filme claramente mostra o quão baixo a diversão imposta pode chegar. É ai que entra a questão dos reality shows. Eu já nunca gostei deles, acho um tipo de programação baixo e sem sentido. No filme esse reality show sangrento é uma forma do governo manter muitos distraídos. Sempre lembrando que quando o povo é mantido distraído o governo pode fazer o que bem entende; roubar, matar, dominar, fazer lavagem cerebral. Logo todos estão sob um governo autoritário, um verdadeiro império, quase nazistas; onde o povo perde seus jovens e em troca ganham um show de sangue para distraí-los. Por isso aqui nessas linhas faço o protesto: nós, o povo, não sejamos cegados pelas ideias, pensamentos, pelas falsas diversões que governos, rede de televisão e até religiões nos impõem para talvez cegar-nos. Sejamos espertos e não permitamos que isso ocorra. O filme é uma ficção é verdade. Mas a realidade é que existe muita coisa errada acontecendo enquanto assistimos as obras de um estádio de futebol, a novela do horário nobre, aos fazendeiros ou brothers de determinados programas, e até as olimpíadas! Não que sejam coisas erradas, o problema é que a grande maioria se esquece que enquanto governos e empresas gastam bilhões com isso, muitos jovens, velhos e crianças morrem num massacre. Sim um massacre, não numa luta até a morte, mas em um hospital lotado, ou um assalto em plena luz do dia.


Sim amigo leitor, essa é a ideia que o filme nos mostra. Ousado, frio e realista. Por isso afirmo que muitos não gostarão. Ação não tem muita, nem romance. Drama e críticas são o ponto forte desse filme incrível (que poucos reconhecerão). Um dos melhores do ano. Espero que as continuações mantenham a linha. Já estão fazendo o segundo filme para o ano que vem, se chamará: Em Chamas. E como o filme é contra as tendências, a saga não será em 3D (que na maioria das vezes é só mais um jeito de arrecadar dinheiro). Ainda aviso aos corações sensíveis que muitas lágrimas vão rolar no final.



24 jovens, sendo que Katniss e Peeta formam um casal. Apenas um deve sobreviver! O que acontece? Quando terá fim o massacre de crianças e adolescentes? O povo ficará rebaixado perante um governo cruel? E na vida real… até quando continuaremos a ser a minoria? Os chamados reality shows nos acrescentam o quê de cultura ou utilidade? Pensem nisso e assistam esse grande filme. Mas corra, daqui a pouco os Jogos começam…


NOTA: 10





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